Bradesco BBI rebaixa ação PN da Petrobras para neutro e corta preço-alvo para R$ 26, de R$ 53

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Foto: Divulgação / Petrobras

São Paulo – O Bradesco BBI rebaixou a recomendação da ação preferencial da Petrobras (PETR4) de compra para neutro e o preço-alvo das ações preferenciais de R$ 53 para R$ 26, citando que as notícias envolvendo a companhia estão ficando cada vez mais negativas, com risco real de mudanças em sua política de preços e de dividendo, além de uma possível intervenção do governo eleito na Lei das Estatais.

O BBI também reduziu o preço-alvo dos american depositary receipts (ADRs, recibos de ação de empresas estrangeiras negociados na Bolsa de Valores de Nova York) da companhia de US$ 20 para US$ 10.

O novo preço-alvo assume um retorno com dividendos de 15% para o ano que vem, com a percentagem de pagamento caindo de 60% para 50%, em linha com o desejo do novo governo de aumentar investimentos em refino e transição energética.

Na visão do BBI, a alteração da Lei das Estatais para permitir indicações políticas em detrimento a indicações mais técnicas para o comando da empresa seria negativo para a sua governança.

Os analistas dizem que as ações da Petrobras estão sendo negociadas a 2x o ebitda e 2,5x o preço-lucro, um desconto de 35% e 60% sobre pares globais, uma avaliação barata em relação aos seus pares globais, caso a empresa mantenha as políticas atuais.

Neste sentido, o Bradesco BBI prefere exposição no setor em Prio e 3R Petroleum, ambas com recomendação de compra, devido à perspectiva de ganhos com os preços elevados do petróleo e ausência de exposição política.

BANK OF AMERICA

O Bank of America (BofA) espera fortes preços do petróleo em 2023, embora praticamente estáveis em relação a 2022 e melhores expectativas de volume, mas avalia que as perspectiva para o investimento na Petrobras continuam cercadas de incertezas, principalmente em relação à política de preços, alocação de capital e política de dividendos da companhia.

“Dado o esperado ambiente favorável de preços de petróleo e as oportunidades de crescimento de volume, permaneceríamos focados no petróleo”, escreveram os analistas do BofA, em relatório, citando como principal escolha a Tenaris, fornecedora de tubos, aplicações industriais e serviços para a indústria de petróleo com sede em Luxemburgo.

Os analistas esperam que as petrolíferas da região continuem mostrando um desempenho positivo nos próximos meses apesar do desempenho muito forte apresentado nos últimos meses e no acumulado do ano devido aos preços mais altos.

A visão positiva decorre de possíveis melhorias nos principais indicadores econômicos, citando a reabertura chinesa e um possível pico nas taxas globais deve ser compensado por uma perspectiva incerta da política energética (especialmente no Brasil e na Colômbia) e maiores custos e capex.

CIA ANUNCIA INICIATIVAS DE PREVENÇÃO E COMBATE À CORRUPÇÃO

A Petrobras informou nesta terça-feira que está intensificando a cooperação com órgãos como Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Transparência Internacional e Fórum Econômico Mundial para melhorar o ambiente de negócios nas organizações e no mundo.

Nas últimas duas semanas, o diretor de Governança e Conformidade da companhia, Salvador Dahan, participou de eventos com essas organizações em Washington, nos EUA, e Genebra, na Suíça, tratando de temas como utilização de dados para a prevenção e o combate à corrupção, e transparência na identificação dos controladores finais das empresas (ultimate beneficial owner- UBO), segundo a Petrobras, “um tema que vem causando grande debate pois ajuda no combate à lavagem de dinheiro e a sonegação de impostos, mas esbarra em questões de data privacy (privacidade de dados).”

Em nota, a companhia ressalta que, no contexto atual, as organizações serão instigadas a demonstrar seu impacto positivo, sua contribuição para a sociedade e suas atitudes para promover ativamente um ambiente de negócios ético e competitivo em cenários cada vez mais desafiadores.

“A Petrobras tem assumido um protagonismo internacional nas discussões sobre integridade e transparência, o que demostra um reconhecimento da sociedade internacional ao trabalho executado no sistema de governança e conformidade da companhia”, destaca Salvador Dahan.

Dentro de casa, a Petrobras disse estar ampliando o uso da tecnologia no combate à corrupção, citando a revisão de sua matriz de controles, que saiu de 7% para mais de 30% dos seus controles automatizados nos últimos dois anos, bem superior à média da indústria no segmento de energia, que é de apenas 12%.

Segundo a Petrobras, a utilização de tecnologia em larga escala contribuiu para que a companhia realizasse, somente em 2022, mais de 1,6 mil análises de empresas com quem faz negócio (Due Diligence de Integridade).