Bolsa sobe por ações de consumo e dólar cai com leilão

495
Foto: Pexels

São Paulo – O Ibovespa fechou com expressiva alta de 1,13%,a os 113.455,92 pontos, e chegou a tocar nos 114 mil pontos, no melhor momento do pregão, em um dia de movimento de recuperação das últimas perdas, com destaque para as empresas de consumo. Alguns analistas comentaram que a aposta em uma melhora da inflação também empolgou o mercado, além de busca por pechinchas. Hoje é dia de vencimento de opções sobre o índice.
A ata do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) divulgada, mais cedo, não surpreendeu os investidores. O documento reforçou que o banco central dos Estados Unidos pode começar a redução de compras de ativos -em US$ 120 bilhões mensais- em meados de novembro e terminar o processo em 2022.
Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, afirmou que não tem notícias extraordinárias no cenário econômico e político para justificar a alta na Bolsa. “O movimento de hoje é mais de recuperação se olharmos o histórico do mercado que apanhou muito nos últimos meses com perspectiva de taxa de juros e incerteza com as contas públicas, o risco fiscal, levando à redução do fluxo do investidor estrangeiro”.
Camila reforçou que “temos espaço para recuperação, principalmente das empresas varejistas que sofreram bastante. As ações das Americanas (AMER3) subiram 3,07% e Magalu (MGLU 3) aumentaram 0,83%.
Em relação à ata do Fed, a economista-chefe da Veedha afirmou que “o documento não trouxe novidades. A possível indicação da retirada de estímulos pode acontecer no mês de novembro”.
Luiz Henrique Wickert, analista sênior da plataforma de investimentos sim;paul afirmou não enxergar um motivo específico para alta forte. “Parece uma caça às pechinchas principalmente às empresas ligadas ao mercado doméstico”. Wickert também comentou que a parte longa da curva de juros caindo bastante “favorece as nossas empresas de consumo”. Entre as maiores altas, varejo construção são setores que tinham ficado para trás nas quedas recentes e estão se recuperando.
José Simão Júnior, head da mesa de renda variável da Legend Investimentos, comentou que apesar do contexto de demanda de energia, no curtíssimo prazo, pressionando a inflação e iminente retirada dos estímulos, “a nossa Bolsa está sendo negociada a múltiplos muito baratos. Não será surpresa que até o final do ano o índice fique um pouco mais para cima, ele está muito depreciado. Sempre ficamos tentando encontrar motivos mais específicos para a alta”.
O head da mesa de renda variável da Legend Investimentos ressaltou que “o CPI [índice de preços ao consumidor] nos Estados Unidos – subiu 0,4% em setembro ante agosto e o núcleo aumentou 0,2%- alimenta que vai ter retirada de estímulos agora em novembro. Vamos seguir com volatilidade no curto prazo por conta do ‘tapering’. Simão acredita que não está descartada a possibilidade de esses dias o mercado apresentar nervosismo.
Mais cedo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse, em uma entrevista à rádio CNN, que defende a discussão sobre a privatização da Petrobras.  A fala não foi muito bem recebida pelo mercado financeiro. Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) chegaram a operar em sentido misto e fecharam em alta de 1,78% e 1,05%, respectivamente. Lira disse que pretende votar a proposta que altera a base de cálculo do preço dos combustíveis e os investidores esperam pela votação.
O presidente da Câmara também afirmou que enxerga que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios deve ter uma aprovação “tranquila” na Câmara dos Deputados. “Penso que assunto está bem adiantado o entendimento, estamos esperando prazos regimentais, vistas foram pedidas, na próxima semana todos os prazos estarão vencidos. Trará a plenário vitória tranquila desta PEC”, disse à rádio CNN.
Em relação à fala do Lira sobre a Petrobras e sobre mudança do ICMS, Simão não acredita que seja factível essas discussões, “os discursos são mais para mostrar à população que está tentando fazer algo do que medidas concretas”. Além da PEC dos Precatórios, “temos muita lição de casa para fazer, disse Simão. O barril do petróleo pode continuar avançando e no curtíssimo prazo, vai continuar pressionado “é um problema mundial”.
O dólar comercial fechou em R$ 5,5090, com queda de 0,50%. Esta desvalorização se deve ao leilão extraordinário de swap cambial, realizado pelo Banco Central (BC) nesta tarde. A operação, que teve giro de US$ 1 bilhão, arrefeceu o ímpeto da moeda norte-americana.
Segundo o head de renda variável da Valor Investimentos, Pedro Lang, “o movimento é bem agressivo, faz tempo que o Banco Central não age assim”. Lang considera, ainda, que o BC está mais preocupado com a parte fiscal: “Tenho a impressão de que o Banco Central não se incomoda com o câmbio a R$ 5,50”.
Lang, contudo, vê nisso algo positivo: “Isso não é ruim, mostra que o BC tem força; Movimentos assim podem trazer mais confiança ao mercado, que já estava desacreditando na força do Banco Central”, avalia.
Para o analista da Top Gain, Leonardo Santana, “o mercado está aguardando a ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) para novas projeções econômicas, saber os rumos e alguma indicação de quando irá iniciar o tapering (remoção de estímulos)”. O analista acredita que os dados do CPI valorizaram o dólar ante o real e o acordo selado para o aumento do teto da dívida dos Estados Unidos, na última semana, ainda impactam o câmbio.
Já no cenário doméstico, Santana avalia que os leilões extraordinários de swap cambial realizados pelo Banco Central não surtem mais efeito: “O dólar não perde força. Podemos ver intervenções mais pesadas do Banco Central”, prevê o analista.
De acordo com boletim matinal da Correparti, “os futuros americanos trabalham em leve alta, próximo da estabilidade no aguardo dos dados da inflação ao consumidor, além da última ata de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e comentários dirigentes da instituição”.
Este movimento continua pressionando o câmbio: “Lá fora o dólar perde de seus pares e das moedas emergentes e ligadas as commodities. Aqui deveremos ter uma abertura em queda, acompanhando o desempenho visto no exterior”, avalia a Correparti.
As taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) fecharam em queda após divulgação de ata Federal Open Market Committee (Fomc), indicando início de processo de retirada de estímulos nos EUA.
O DI para janeiro de 2022 fechou com taxa de 7,306%, de 7,272% no ajuste de segunda-feira; o DI para janeiro de 2023 projetou taxa de 9,050%, de 9,055%; o DI para janeiro de 2025 foi a 10,010%, de 10,070% antes e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,430%, de 10,430% na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações norte-americano fecharam o dia em alta, com os investidores digerindo balanços do terceiro trimestre e avaliando o momento em que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) irá iniciar a retirada de sua política acomodatícia. A exceção foi o Dow Jones, que terminou a sessão estável.
Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: estável em 34.377,81 pontos
Nasdaq Composto: +0,30%, 14.508,80 pontos
S&P 500: +0,30%, 4.363,80 pontos