Bolsa sobe pela primeira vez no ano em dia de alívio com descarte de intervenção na Petrobras

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São Paulo – Após duas sessões de forte estresse, a Bolsa fechou em alta com os investidores respirando um pouco mais aliviados com as falas do futuro presidente da Petrobras, o senador Jean Paul Prates (PT-RN), em que afirmou que não vai intervir no mercado para controlar os preços dos combustíveis. As ações da estatal chegaram a disparar mais de 5%.PETR3 fechou a 1,66% e PETR4 a 3,17%.

A declaração foi dada aos jornalistas na posse do vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e confirmada pela assessoria de imprensa de Prates à agência CMA.

Outro fator que ajudou o Ibovespa foi a fala do ministro da Casa Civil, Rui Costa, desautorizando uma revisão na reforma da Previdência. Na véspera, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, comentou que analisaria mudanças previdenciárias e pegou mal no mercado.

Os investidores acompanharam a divulgaram da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), em que os membros da instituição adotaram um tom mais hawkish que a comunicação anterior. A Bolsa chegou a desacelerar um pouco a alta, mas voltou a subir mais de 1%. Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, disse que o Fed afirmou que os juros não devem cair tão cedo porque a inflação ainda está acima da meta da inflação de 2% e, por enquanto, não deve ter afrouxamento das taxas. “O ponto positivo é que a cada reunião devem decidir o quanto vão subir os juros”.

O principal índice da B3 subiu 1,12%, aos 105.334,46 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou de 1,73%, aos 106.830 pontos. O giro financeiro de R$ 25,6 bilhões. Em Nova York, as bolsas operavam em alta.

Arlindo Souza, analista de ações da casa de análises do TC, disse que a Bolsa se valorizou puxada pelos papéis da Petrobras com a fala de Jean Paul Prates “enfocando que não deve fazer interferência na política de preços da estatal e isso arrumou os ruídos que saíram nos últimos dias em relação ao novo governo; já se fala em corrigir a MP que tiraria algumas atribuições da ANA e falas do novo ministro da Casa Civil retirando o que falou o político [ministro Carlos Lupi] do governo em relação Previdência”.

Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side Investimentos, disse que a Bolsa está lateralizada “sustentada pela alta no exterior e digerindo o novo governo; Haddad estava tentando conversar com o mercado, mas a ala conservadora do PT não deixou e queremos ver se o ministro vai ter autonomia e trabalhar mais pró-mercado; vamos acompanhar a entrevista dele logo mais e observar o seu plano de voo, que deve ser apresentado”.

Mastromonico afirmou que o Brasil está de olho na “reabertura chinesa”, e em relação aos Estados Unidos “está difícil ler o Fed em meio a uma recessão técnica e um mercado de trabalho aquecido”.

Ubirajara da Silva, gestor da Galapagos Capital, disse que, ao Ibovespa futuro abre em alta depois de dois pregões em baixa e na sessão de hoje o mercado deve acompanhar as declarações dos ministros.

“Vamos ver se eles param de bater e passam a assoprar; soltando medidas mais amigáveis para ver se o mercado reage e consegue performar melhor. Em relação à Petrobras, temos a carta de renúncia do Paes de Andrade e indicação do Prates como CEO da companhia, mas já estava no preço do mercado; a reabertura na China continua pressionado e devemos acompanhar e o petróleo vem sofrendo bastante”.

O dólar comercial fechou estável, cotado a R$ 5,4520. A moeda, que oscilou durante toda a sessão, foi impactada após as falas do futuro presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi, que sinalizaram para uma postura federal menos intervencionista, o que agradou o mercado.

Prates, no começo da tarde desta quarta, descartou intervenção no preço dos combustíveis. Já Lupi disse que eventuais mudanças na reforma da Previdência, aprovada em 2019, serão pontuais, após ter falado, ontem, em fazer uma “antirreforma”.

O head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, entende que tanto a fala de Lupi quanto a de Prates tiveram impacto positivo no câmbio e na Bolsa.

“A maioria das falas são negativas, e não sabemos até agora o que realmente será feito. Existe um ambiente de incertezas fiscais. No geral, o que se espera é que a trajetória dívida/PIB ao menos fique estável, neutra”, avaliou Weigt.

Weigt observa que desde o anúncio da equipe econômica, em dezembro, o real desvalorizou 7% ante cesta de moedas emergentes correlatas à brasileira.

De acordo com o boletim da Ajax Asset, “por aqui, segue o momento desfavorável para os ativos domésticos decorrentes das incertezas econômicas causadas pelas declarações do novo governo”.

Em sessão volátil, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) msitas, em ajuste, apesar de leve estresse no início da tarde com fala do vice-presidente Geraldo Alckmin em cerimônia de posse como ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,785% de 13,700% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 13,300%, de 13,180%, o DI para janeiro de 2026 ia a 13,275%, de 13,130%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 13,310% de 13,165% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava de lado, cotado a R$ 5,4550 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo positivo após grandes oscilações ao longo do dia. Os índices firmaram ganhos mesmo após a ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mostrar que o banco central deseja certificar os mercados de sua postura hawkish e que não irá cortar juros no curto prazo.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,40%, 33.269,77 pontos
Nasdaq 100: +0,69%, 10.459 pontos
S&P 500: +0,75%, 3.852,97 pontos

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA.