Bolsa sobe e fecha na máxima do dia, com perspectiva de fim do ciclo de alta de juros nos EUA

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São Paulo – O mês de dezembro começou positivo. A Bolsa fechou em alta, na máxima do dia-128.184,91pontos-, refletindo as declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, em que disse que apesar da inflação ainda permanecer acima da meta de 2%, está no caminho certo e isso animou o mercado. Os investidores já precificam um corte de nas taxas no primeiro semestre de 2024. Na semana, o Ibovespa fechou em alta pela quinta semana seguida de 2,12%.

Em relação às ações, Braskem (BRKM5) liderou as perdas com 5,85% ainda refletindo a notícia da véspera em que a Justiça intimou a empresa em uma ação movida pelo estado de Alagoas devido aos danos causados no solo de Maceió, com risco de colapso na mina da companhia.

Os papéis da Petrorio (PRIO3) e da Suzano (SUZB3) também foram destaque de queda. No caso da Petrorio, perdeu 2,96% porque a ação está sendo impactada pela queda do petróleo. Já Suzano (SUZB3), com uma maior exposição internacional, recuou 3,75 %por conta do dólar, que opera em baixa na sessão de hoje. Na ponta positiva, o destaque ficou para Cielo (CIEL3) subiu 7,96%. Vale avançou 1,85%.

O principal índice da B3 subiu 0,67%, aos 128.184,91 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento dezembro aumentou 0,56%, aos 128.525 pontos. O giro financeiro foi de R$ 26,6 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.

Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, as falas de Powell sinalizam que a política monetária está no lugar certo e “sela o fim do ciclo de alta de juros, com o cenário de riscos mais balanceados e com os efeitos defasados das altas de juros, a indicação é que a discussão de cortes de juros à frente é mais provável do que uma outra alta. O mercado já antecipa está essa questão”.

André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, disse que o Ibovespa chegou a ensaiar uma realização de lucros na primeira parte do pregão, mas após falas do Powell passou a subir.

“Mesmo com o discurso de que o Fed poderá elevar os juros, se necessário, e que o mercado de trabalho segue apertado, o fato de mencionar que a economia norte-americana se caminha para um equilíbrio ajudou os investidores a trabalharem com a perspectiva de um fim do ciclo de alta de juros nos EUA, uma possibilidade de corte de juros por lá mais rápido do que o mercado esperava, e com as treasuries também recuando, os ativos de risco voltaram a ganhar força”.

Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, as falas de Powell animaram o mercado.

“A Bolsa reverteu a baixa e sobe com o S&P após a autoridade monetária reforçar o fim do ciclo de aumento de juros e provável início da queda”.

Mas cedo, Lourenço tinha comentado o mercado estava no aguardado de novos gatilhos, após um novembro positivo.

“O Brasil segue os EUA e o mercado está no tom de espera; novembro foi um mês bem positivo e o mercado quer tendenciar algum trigger para continuar subindo ou, se realmente novembro foi o top do ano, daqui pra frente fazer uma correção mais forte, que não teve no mês passado. Dezembro ainda vai ser um pouco menos forte que novembro, estamos à beira dos 130 mil pts e o mercado corre para testar 135 mil, está ansioso para fazer máximas históricas”.

Lourenço disse que no âmbito doméstico o fato de o Brasil ter entrado para a Opep pode ter pesado, mas “ainda é cedo para trabalhar com essa possibilidade. Se a Petrobras começar a ter uma tendência mais corretiva, podemos entender que o mercado não gostou muito”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,71%, cotado a R$ 4,880. A moeda refletiu, a partir do período da tard, as falas do presidente do Fed, Jerome Powell, que deram a entender que os juros norte-americanos não voltarão a subir. Na semana, a moeda teve desvalorização de 0,36%

“As frases sinalizam que a política monetária está no lugar certo (selando o fim do ciclo de alta de juros) e que com o cenário de riscos mais balanceados e com os efeitos defasados das altas de juros, a sinalização é que a discussão de cortes de juros à frente é mais provável do que uma outra alta”, avalia o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi.

Segundo o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, o resultado do PMI do setor industrial foi mais um ingrediente para o mercado acreditar que o Fed não apenas terminou o ciclo contracionista como também deve iniciar os cortes nos juros ainda no primeiro semestre de 2024. O PMI de setor industrial caiu a 49,4 pontos em novembro ante projeções de 49,6.

Mesmo cauteloso, pontua Komura, o discurso de Powell animou os mercados, que agora tentam decifrar quando irão começar os cortes nas taxas básicas de juros norte-americanas.

Para a economista do Banco Ourinvest Cristiane Quartaroli, o cenário de término do ciclo contracionista nos Estados Unidos e o fiscal doméstico mais estável são pontos que tendem a favorecer o real.

O envio da moeda estrangeira para o exterior, com o final do ano se aproximando, faz com que moeda tenha dificuldade em quebrar o suporte dos R$ 4,90.

De acordo com a Ajax Asset, “lá fora, resultados dos PMI da indústria da China e da zona do euro impactam positivamente os preços dos ativos de risco. Por aqui, momento favorável para os ativos de risco no exterior continua em dezembro. Ativos locais devem ser favorecidos”.

Na zona do euro, o PMI da manufatura de novembro avançou para 44,2 pontos (projeção de 43,8 pontos), enquanto o PMI Caixin de manufatura subiu para 50,7 pontos em novembro ante consenso de 49,6 pontos.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda o último pregão da semana. As taxas viraram com o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell já que os Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) passaram a cair.

Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 11,872% de 11,886% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,275% de 10,320%, o DI para janeiro de 2026 ia a 9,900%, de 10,980%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,015% de 10,059% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda cotado a R$ 4,8757 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sesão em alta, renovando o rali de novembro, com o S&P atingindo suas máximas este ano apesar dos comentários do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,60%, 36.165,29 pontos
Nasdaq 100: +0,22%, 14.257,2 pontos
S&P 500: +0,43%, 4.587,31 pontos

Confira abaixo a variação dos índices na semana:

Dow Jones: +2,42%
Nasdaq 100: +0,40%
S&P 500: +0,77%

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA

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