Bolsa sobe e dólar recua em dia de bom humor externo

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São Paulo – O Ibovespa até flertou brevemente com os 119 mil pontos na sessão de hoje e passou a maior parte do dia em alta consistente, mas uma realização de lucros iniciada no meio da tarde levou o principal índice do mercado brasileiro de ações a apagar a maior parte dos ganhos até fechar em alta de 0,46%, aos 118.400,57 pontos, diante de um volume de R$ 28,3 bilhões.

A bolsa brasileira abriu em alta e esteve diante de uma boa oportunidade para buscar novos recordes históricos em meio a uma recuperação do apetite por risco alimentada pelo otimismo em torno de uma solução negociada para o Brexit, mas a realização diante do recente rali falou mais alto.

“Há um pouco de realização de curto prazo, mas o noticiário como um todo é positivo”, ressaltou Pedro Galdi, analista da Mirase Asset, salientando que o Ibovespa vem acumulando fortes ganhos de novembro para cá.

Do meio da tarde em diante, o Ibovespa apagou a maior parte dos ganhos em meio a um movimento de realização de lucros desencadeado pelo recente rali do índice, afirmaram analistas consultados pela Agência CMA.

“O Ibovespa alcançou um nível bastante elevado, mas encontrou resistência nos 119 mil pontos hoje”, observou Paulo Roberto Marques, operador de renda variável do Banco Daycoval. O índice chegou a perder brevemente o patamar de 118 mil pontos antes de reassentar-se nele.

“Além do rali recente ter desencadeado essa realização, é preciso observar também que os volumes negociados estão bem abaixo do que vinham até poucos dias devido à proximidade com o fim do ano”, prosseguiu Marques.

Na avaliação do operador, existe espaço para o Ibovespa seguir subindo neste fim de ano. Segundo ele, porém, isto dependeria de o índice fechar hoje dentro do nível de 118 mil pontos e de amanhã encontrar espaço para subir.

O dólar comercial fechou em queda de 0,52% no mercado à vista, cotado a R$ 5,0800 para venda, em sessão de apetite ao risco no exterior com investidores digerindo a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) vista como suave (“dovish”) e com a expectativa renovada após sinais de avanços nas negociações para a aprovação de um novo pacote de estímulo fiscal nos Estados Unidos.

Para o diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, o desempenho da moeda esteve “em linha” com o mercado externo, onde perdeu terreno para moedas pares e de países emergentes em dia de procura por risco em meio às expectativas por um novo pacote de estímulo fiscal à economia norte-americana. “Reagiu também a um fluxo cambial de ingressos de recursos para a bolsa brasileira”, acrescenta.

Hoje, o líder da maioria no Senado dos Estados Unidos, o republicano Mitch McConnell, declarou que um acordo está próximo, renovando apelos de que o Congresso precisa aprovar a ajuda rapidamente. Já a presidente da Câmara dos Deputados, a democrata Nancy Pelosi, indicou que houve avanços nas negociações pela manhã.

O analista da Toro Investimentos, Daniel Herrera, observa que, apesar do movimento baixista na sessão e da proximidade do fim do ano, a percepção é de que há “uma resistência” para romper o patamar de R$ 5,00, após a moeda ter batido a mínima de R$ 5,01 no início da semana.

“A trajetória é de queda faz algumas semanas, mas o dólar não consegue ir abaixo disso. Observamos então essa resistência nesse nível importante, mesmo com um cenário externo benigno”, diz o analista, ponderando que não vê o cenário fiscal doméstico como motivo que “segura” uma queda mais intensa da moeda, voltando aos níveis abaixo de R$ 5,00.

Amanhã, com a agenda de indicadores mais fraca e encerramento da última semana cheia do ano, Herrera reforça que o movimento da moeda estrangeira tende a ser lateral. “Sem eventos e sem novas notícias, principalmente vindas do exterior, [o dólar] tende a seguir um movimento mais lateral. Acho muito difícil ele engatar uma alta muito expressiva”, comenta.

As taxas dos contratos futuros de juros perderam força de queda na sessão de hoje e encerraram bem perto da estabilidade, num movimento de proteção dos investidores e já se posicionando para sexta-feira, dia de cautela. O dólar comercial também perdeu força de queda, trazendo os contratos para o mesmo caminho.

Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 2,97%, de 2,980% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,40%, de 4,350%; o DI para janeiro de 2025 estava em 5,93%, de 5,93%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 6,74%, de 6,76%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram o dia em alta, com o S&P 500 e o Nasdaq renovando máximas no fechamento, em meio a apostas de que os líderes do Congresso serão capazes de fechar um acordo de estímulos que apoie a economia durante o agravamento da pandemia do novo coronavírus nos Estados Unidos.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,49%, 30.303,37 pontos

Nasdaq Composto: +0,84%, 12.746,75 pontos

S&P 500: +0,57%, 3.722,48 pontos