Bolsa sobe com expectativa para inflação nos EUA e à espera de pacote fiscal; dólar cai

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São Paulo – A Bolsa fechou em alta seguindo o otimismo externo com os investidores na expectativa para a divulgação da inflação ao consumidor (CPI, sigla em inglês) nos Estados Unidos amanhã (12) e na esteira da reabertura da China. Por aqui, os agentes financeiros também esperam para o anúncio do pacote fiscal que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve apresentar entre amanhã e sexta-feira (13).

Perto do final dos negócios, a Bolsa disparou a alta em dia em que a liquidez voltou a melhorar e a entrada de capital estrangeiro segue forte.

O setor de frigoríficos tem um movimento misto depois que o banco de investimentos JP Morgan revisou os preços e rebaixou JBS (JBSS3) e elevou Minerva (BEEF3). As ações da Minerva ficaram entre as maiores altas do índice, subiram 7,73%, e da JBS recuaram 1,05%. As petroleiras subiram forte com a lata do petróleo e recomendação do JP Morgan para ação da 3RPetroleum(RRRP3)-subiu 13,63%.

O principal índice da B3 subiu 1,53%, aos 112.517,08 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro tinha ganho de 1,84%, aos 113.980 pontos. O giro financeiro era de R$ 26,7 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam alta.

Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, disse que vários fatores ajudaram o movimento positivo da Bolsa. “O petróleo vem subindo nas duas últimas sessões, com destaque para a 3R Petroleum, que tem peso no índice, por conta do relatório da JP Morgan dando indicação de compra para a ação; somado a isso perspectiva melhor para o CPI refletindo aqui, reabertura da China e liquidez melhor”.

No cenário político, Hashimoto afirmou que o mercado começa “a virar um pouco a página e ficar com as atenções para os anúncios das novas políticas econômicas do governo”.

Rodrigo Moliterno, head renda variável da Veedha Investimentos, disse que a Bolsa segue a tendência positiva das bolsas internacionais “na esteira da reabertura chinesa e melhora dos índices macroeconômicos dos Estados Unidos e Europa e amanhã existe expectativa do CPI demostrar recuo”.

O head de renda variável da Veedha Investimentos afirmou que com os juros futuros se comportando melhor “mostra uma expectativa mais favorável para nossa economia e o mercado aguarda medidas econômicas do Ministério da Fazenda a fim de tentar prover recomposição orçamentária do caixa do governo; o mercado segue observando a entrada de fluxo estrangeiro; 2022 foi um dos anos com maior ingresso de capital externo na casa dos R$ 100 bilhões”.

Felipe Cima, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que o mercado fica com expectativa para a divulgação do CPI [inflação] nos Estados Unidos amanhã, “que pode dar uma direção maior para o mercado; o núcleo da inflação tem dado uma tendência de queda e a expectativa do mercado é que desacelere”.

Cima comentou que, por aqui, o mercado fica na expectativa do anúncio do pacote fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em relação à possibilidade de novos ataques de radicais, o operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que “principais instituições estão alinhadas e não vejo como tendência o que acontece na Eletrobras [suspeita de boicote na linha de transmissão].

O dólar comercial fechou em queda de 0,40%, cotado a R$ 5,1810. A moeda refletiu a animação do mercado com a reabertura chinesa e a expectativa com a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), amanhã, nos Estados Unidos.

Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “existe um tom positivo com a expectativa da China continuar a reabrir sua economia, e com a possibilidade de deflação na margem da inflação nos Estados Unidos. Existe a esperança, com isso, que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) possa moderar o tom”.

Para o economista-chefe do Infinity Asset, Jason Vieira, “o dia é de expectativas em relação ao CPI, com um cenário de número negativo. Isso pode representar o início do final do ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos”.

De acordo com o boletim da Ajax Asset, “lá fora, ativos de risco se valorizam de forma moderada, enquanto os juros dos Treasury Bonds (títulos do Tesouro dos Estados Unidos) recuam em dia de agenda mais fraca. Por aqui, os ativos devem acompanhar melhora externa. O mercado aguarda os anúncios das medidas fiscais da equipe econômica”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda com certo alívio e dissipação de temores institucionais depois da invasão em Brasília no domingo. O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,535% de 13,595% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,565%, de 12,695%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,360%, de 12,510%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,330% de 12,505% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 5,1870 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, enquanto Wall Street espera pela divulgação dos principais dados de preços ao consumidor, que devem mostrar uma redução adicional da inflação.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,80%, 33.973,01 pontos
Nasdaq Composto: +1,76%, 10.931,7 pontos
S&P 500: +1,28%, 3.969,61 pontos

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Julio Viana / Agência CMA.