Bolsa sobe com bancos recomendando compra de ações; dólar fecha em queda

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Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira

São Paulo – Após duas sessões de queda, o Ibovespa acelerou ganhos no fim da tarde e encerrou em alta de 1,54%, aos 107.496,73 pontos, refletindo uma série de recomendações positivas para o mercado de ações brasileiro por bancos como UBS, BTG Pactual, JPMorgan e Credit Suisse. Além disso, as ações da Petrobras e da Ultrapar aceleraram ganhos, e sustentaram a valorização do índice, ao lado de ações de siderúrgicas, que já operavam em alta. O volume total negociado foi de R$ 19,4 bilhões.

“A razão da alta são os bancos recomendando a compra de Bolsa. Todo mundo resolveu recomendar as ações brasileiras, com visões muito otimistas”, disse o diretor de operações da Mirae Asset, Pablo Spyer.

O JP Morgan, por exemplo, vê o Brasil como um dos melhores mercados para se investir em ações na América Latina em 2020, com recomendação de “overweight”(desempenho acima do esperado dentro dos ativos analisados) e estima que o Ibovespa possa chegar a 126 mil pontos no ano que vem. Já o BTG Pactual prevê que o índice chegue a 131 mil ponto no seu cenário-base, considerando um crescimento mais forte do PIB e juros reais mais baixos em meio ao andamento de reformas.

Um analista de uma corretora nacional também afirma que o índice foi ganhando fôlego com as recomendações ao longo do dia. “O pessoal está começando a botar preço para 2020, com expectativas de melhora da economia doméstica”, disse.

Entre as ações, as da Ultrapar (UGPA3 6,19%) dispararam e chegaram a subir mais de 7% nesta tarde, com os papéis da Petrobras (PETR4 3,71%) também ganhando força. Além dos preços mais fortes do petróleo hoje, que subiram cerca de 2%, o analista da Mirae, Pedro Galdi, afirma que “vários papéis estão tendo correções técnicas” hoje, sendo que recentemente a Ultrapar entregou bons resultados financeiros.

Além da Ultrapar, ficaram entre as maiores altas do Ibovespa os papéis de siderúrgicas, como Gerdau (GGBR4 7,52%), Gerdau Metalúrgica (GOAU4 7,16%) e da Usiminas (USIM5 6,68%), que refletem relatório do BTG Pactual, que reiterou a recomendação de compra para as ações da Gerdau depois que os dados do mercado brasileiro de aço começaram a mostrar uma recuperação na demanda de aços longos.

Na contramão, as maiores perdas foram da Marfrig (MRFG3 -3,90%), da JBS (JBSS3 -3,175) e da Braskem (BRKM5 -1,71%), que refletiu a notícia de que o ex-presidente da companhia, José Carlos Grubisich, foi preso nos Estados Unidos acusado de corrupção.

Amanhã, na agenda, investidores devem observar o IPCA-15, além do discurso do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, o às 13h30 no Congresso dos Bancos Europeus.

O dólar comercial fechou em queda de 0,23% no mercado à vista, cotado a R$ 4,1940 para venda, em dia de forte de volatilidade da moeda ainda sentindo os efeitos de baixa liquidez no mercado doméstico, além das incertezas em torno das tratativas da guerra comercial entre Estados Unidos e China em meio rumores de que os países podem fechar acordo apenas no ano que vem.

“O dólar operou bastante volátil, em parte, compensando o dia de inoperância da bolsa brasileira em função do feriado ontem”, comenta o analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho. Ele acrescenta que na reta final dos negócios, a cotação passou a acompanhar o movimento de moedas de países emergentes ganhando terreno sobre a moeda norte-americana.

“O fato é que as correntes incertezas que atuam sobre o futuro do comércio entre Estados Unidos e China impõem cautela nos mercados globais e o investidor se refugia nos ativos mais seguros. Aqui, o investidor segue focando o posicionamento do Banco Central em função da última onda de ataques à moeda norte-americana”, avalia.

A moeda passou por forte volatilidade ao longo da sessão chegando à máxima intraday do ano de R$ 4,2230 para venda. A forte escalada da moeda estrangeira se dá pela série de fatores que se desencadeou após a aprovação da reforma da Previdência no Senado, destacam os analistas da H.Commcor.

“A Previdência indicava ser o gatilho de maior relevância para o dólar reverter a tendência altista, a realidade se mostrou bastante diferente, com leituras variando entre a precificação prévia até a incapacidade desse otimismo. Assim, passa a ser consensual a leitura de que o ‘divisor de águas’ para o País voltar a atrair capital estrangeiro seriam sinais concretos de tração da atividade”, avaliam os analistas da H.Commcor.

Amanhã, com a agenda de indicadores mais fraca, investidores locais deverão seguir atentos aos desdobramentos das tratativas entre norte-americanos e chineses, além de observar a postura do Banco Central para conter o avanço da moeda.

“A leitura é de que o BC não vai intervir. Enquanto isso, o mercado está comprado em dólar com a aposta é de mais depreciação do real. As atuais operações não estão atrativas, não estão tendo demandas”, avalia a economista da Capital Markets, Camila Abdelmalack.