Bolsa sobe com ações ligadas a commodities e bancos; dólar avança com cautela externa

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Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira

São Paulo – O Ibovespa subiu pelo quarto pregão consecutivo, com alta de 0,23%, aos 103.180,59 pontos, sustentado por ações ligadas a commodities e bancos. No entanto, o índice reduziu ganhos ao longo do pregão diante de maior cautela no cenário externo e de ajustes em ações de varejistas e construtoras, com alguns papéis, como os da JBS e da B3, também aprofundando perdas.

Pela manhã, o índice chegou à máxima de 104.259,77 pontos, subindo mais de 1%. Já a mínima foi de 102.792,78 pontos perto do fim do pregão, chegando a operar no campo negativo. O volume total negociado foi de R$ 19,6 bilhões.

No exterior, as bolsas norte-americanas também perderam força ao longo do dia e investidores têm se mostrado céticos apesar de expectativas de estímulos econômicos por parte da China e da possibilidade de bancos centrais mundiais cortarem juros nas próximas semanas.

Alguns analistas também acreditam que investidores têm feito trocas de setores em suas carteiras, voltando a preferir ações de commodities e bancos em detrimento dos setores de varejos e construção. “Alguns setores estão bem pesados, me parece troca de setor”, disse o analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila.

Para o gerente da mesa de operações da H.Commcor, Ari Santos, a alta recente do Ibovespa se deve principalmente a uma recuperação setor bancário. Dentro do segmento, os destaques foram as altas do Itaú Unibanco (ITUB4 2,44%) e do Santander (SANB11 1,56%). Na semana passada, o presidente do Banco Central Roberto Campos Neta, disse que o banco avalia planos que devem reduzir fortemente os depósitos compulsórios, o que serviu como gatilho para a recuperação.

Já as maiores altas do Ibovespa ficaram com as ações ligadas a commodities, como da Usiminas (USIM5 8,08%), Suzano (SUZB3 6,47%), da Gerdau (GGBR4 5,47%) e Marfrig (MRFG4 3,85). A Marfrig informou que duas de suas unidades estão entre as 25 liberadas pela China para exportações.

Na contramão, as maiores quedas do índice ficaram comas ações da Cyrela (CYRE3 -6,41%), do Magazine Luiza (MGLU3 -5,00%) e da B2W (BTOW3 -5,64%), que devolveram ganhos depois de subirem no mês passado na expectativa de liberação de saques de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Ainda entre os destaques negativos, ficaram ações da JBS (JBSS3 -3,52%), que, ao contrário de seus pares, não foi contemplada com novas plantas habilitadas para exportar para a China, e da B3 (B3SA3 -4,97%).

Amanhã, investidores devem acompanhar dados da China, como o índice preços ao consumidor de agosto, em busca de possíveis novos sinais de desaceleração da economia do país e também ainda à espera de novos estímulos. Ao longo da semana, o destaque é reunião do Banco Central Europeu (BCE) na quinta-feira, que pode dar sinais sobre como podem agir outros bancos centrais.

O dólar comercial fechou em alta de 0,44% no mercado à vista, cotado a R$ 4,0990 para venda, em sessão marcada pelo retorno da moeda ao nível de R$ 4,10, após o alívio da semana passada influenciado pelo exterior. Fluxo, correção e dados da China abaixo do esperado influenciaram o movimento da moeda que ganhou terreno ao longo do dia no mercado doméstico e frente às divisas de países emergentes.

O analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho, destaca que com a ida da moeda ao nível de R$ 4,05, nas mínimas do dia no início da sessão, houve um “nível interessante” de compra, o que levou a moeda a subir, além de acompanhar o cenário externo.

“Compondo esse rol de preocupações temos a guerra comercial entre Estados Unidos e China, a saída do Reino Unido da União Europeia [o Brexit], além das constantes incertezas em relação à economia global”, diz. Ele acrescenta o viés “corretivo” da sessão após fortes quedas da moeda local e de países emergentes na semana passada.

Amanhã, na agenda de indicadores, o destaque fica para os índices de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) e de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) de agosto na China. Porém, o trader de câmbio da Travelex Bank, Pedro Molizani, destaca que nesta semana, os investidores seguirão atentos à decisão da política monetária do Banco Central Europeu (BCE).

“Além do BCE, o mercado espera que outros grandes bancos centrais relaxem ainda mais suas políticas monetárias, uma vez que os indicadores da zona do euro e dos Estados Unidos vêm decepcionando”, avalia.