Bolsa interrompe sequência de queda e fecha em alta com alívio do IPCA-15

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São Paulo – A Bolsa interrompeu a sequência de queda e fechou em alta puxada pelo Indice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial do País, que apontou desaceleração em maio ante o mês de abril e animou os investidores com a possibilidade de um corte na taxa básica de juros (Selic) em breve.

O IPCA-15 de maio subiu 0,51% enquanto o mercado previa alta de 0,64%. Em abril, o indicador ficou em 0,57%.

O cenário de inflação menor refletiu positivamente nos DIs – taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros- e as ações da economia doméstica, que são sensíveis a juros, subiram. As ações da MRV (MRV3) fecharam em alta de 10,32% e Via (VIIA3) subiram 7,76%. Azul (AZUL4) aumentou 6,19%.

Na contramão, as commodities fecharam em queda. As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 0,73% e 0,75% e da Vale (VALE3) cedeu 0,30%.

No meio da tarde, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, admitiu que o IPCA-15 de maio e seus núcleos vieram melhores que o esperado.

O principal índice da B3 subiu 1,15%, aos pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho avançou 0,75%, aos pontos. O giro financeiro foi de R$ 22,1 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistos.

Vinícius Steniski, analista de ações do TC, disse que a Bolsa sobe com o dado de inflação melhor que o esperado. “Foi principalmente o setor de serviços que houve deflação, o que acaba pressionado o Banco Central a antecipar a queda dos juros; nos próximos dados de inflação podemos ver mais surpresas porque ainda não refletiu a redução dos preços dos combustíveis, teremos um cenário de menor inflação e com juros menores. Com a queda dos juros, o custo de capital acaba caindo e as ações da Bolsa se valorizam, é o que se vê hoje na Bolsa”.

Steniski ressaltou que os setores em queda no Ibovespa são de petróleo e gás e mineração e siderurgia.

“Com a queda do preço do barril do petróleo influencia as ações do setor, e o minério de ferro em baixa na China impacta os papéis na Bolsa”.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que o bom humor na Bolsa é influenciado pela prévia da inflação e com expectativa de corte de juros no segundo semestre.

“O núcleo do IPCA-15 veio abaixo e as passagens áreas foram o principal fator que ajudou a derrubar a inflação, caiu bastante, quase 0,12 ponto percentual (pp), se não fosse esse efeito, a inflação teria sido 0,63% em linha com a expectativa; o grupo de alimentos e bebidas ainda veio alto, normal subir em maio, mas ficou acima do esperado; o IPCA-15 corrobora talvez para um início de corte da Selic no segundo semestre; a queda de serviço influenciou nas ações de varejo”.

O head de renda variável da Diagrama Investimentos também comentou que PIB americano veio forte-subiu 1,3% em taxa anualizada no 1T23 e o mercado fica de olho as negociações sobre o teto da dívida dos Estados Unidos.

“O acordo deve sair no fim de semana, os Estados Unidos sabem que não podem dar o calote, se isso acontecer é abrir a porteira para a China se tornar a maior economia do mundo”.

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que o resultado da prévia da inflação puxa a Bolsa.

“O IPCA-15 veio muito fraco e isso é mais uma razão para [o Banco Central] começar a cortar os juros logo, ainda não na próxima reunião, mas pode já trazer mudança no comunicado”.

Um analista de um grande banco disse que com o resultado positivo do IPCA-15 “e o arcabouço fiscal, o mercado já começa a sinalizar queda da Selic; a expectativa é que a redução já venha em agosto e termine o ano com a Selic em 12%”.

O dólar fechou em alta de 1,63%, cotado a R$ 5,0350. A moeda refletiu o tenso ambiente global com os impasse das negociações do teto da dívida dos Estados Unidos.

Segundo o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, “está muito estressado lá fora. É uma semana que todos mundo está com medo do endividamento dos Estados Unidos. O humor é horrível”.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “o câmbio acompanha o movimento global, e a moeda está respondendo à preocupação com o impasse da negociação do teto da dívida”.

De acordo com a Ajax Asset, “lá fora, juros dos Treasury Bonds (título do Tesouro dos Estados Unidos) mais curtas voltam a avançar, o que favorece o dólar, reflexo da incerteza crescente com o aumento do teto de endividamento do Tesouro Americano”

“Ontem, a Fitch colocou o rating AAA do país em observação negativa, em meio ao impasse sobre a extensão do teto da dívida dos Estados Unidos. Ainda assim, a Fitch esperar um acordo antes do prazo estimado – que seria em 1º de junho. No entanto, a agência vê crescentes riscos de que o país seja obrigado a deixar de fazer pagamentos de alguns compromissos. As treasuries têm avançado nesse meio tempo”, explica a Ajax. .

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda ainda maior depois que o mercado digeriu a fala do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que fez uma breve atualização sobre as negociações sobre o orçamento e o teto da dívida, dizendo que houve progressos. Por aqui, a divulgação de números positivos do IPCA-15, prévia da inflação, e falas do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, completam o ambiente otimista.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,185% de 13,265 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,500 % de 11,630%, o DI para janeiro de 2026 ia a 11,115 %, de 11,115%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,030 % de 11,140 % na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 5,0350 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, com o Nasdaq subindo perto de 2% puxado pela força das ações de chips, enquanto Wall Street acompanha de perto o avanço das negociações sobre o teto da dívida norte-americana.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,11%, 32.764,65 pontos
Nasdaq 100: +1,71%, 12.698,1 pontos
S&P 500: +0,87%, 4.151,28 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA.