Bolsa ignora exterior e fecha em queda empurrada por Petrobras e bancos; dólar cai

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São Paulo -A Bolsa fechou em queda puxado pela Petrobras (PETR3 e PETR4), em dia de balanço da estatal, e pelos bancões, na contramão de Nova York. O mercado fica na expectativa do relatório de emprego nos Estados Unidos (payroll, sigla em inglês), que será divulgado amanhã (8).

No campo corporativo, o destaque ficou para a alta de 1,34% das ações da CSN Mineração (CMIN3), refletindo o resultado no 4T23-cresceu 13,2% no 4T23, para R$ 1,3 bilhão- e agradou o mercado. Já CSN (CSNA3) caiu 4,80%, também impactada pelo balanço.

A Petrobras (ON, -0,57% e PN, -1,10%). Itaú (PN, -1,05%) e Banco do Brasil (ON, -0,95%). A Vale (VALE3) chegou a operar em alta boa parte do pregão, mas fechou em queda de 0,34%.

Maios cedo, o Goldman Sachs deu recomendação de compra para as ações da Petrobras em dia de balanço.

O principal índice da B3 caiu 0,42%, aos 128.339,76 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril recuou 0,45%, aos 129.685 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,3 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.

Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed, disse que a Bolsa opera em queda puxada por bancos e Petrobras e na contramão de Nova York.

“Desde a fala do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, na semana passada em que as ações preferenciais caíram mais de 5%, o ativo vem andando de lado. Os investidores estão cautelosos com o balanço da estatal, que será divulgado hoje após o fechamento”.

Em relação à ação da Yduqs, segundo Petrokas, o mercado “enxerga boas perspectivas para o setor de educação para 2024 e antecipa um possível resultado favorável para o 4T23 (dia 14). Quando a empresa reportou os resultados do 1T23, com o lucro quase dobrando, as ações praticamente dobraram de preço em pouco mais de um mês”. As ações ficaram entre as maiores altas do índice, subiram 3,88%.

Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a Bolsa descolou do exterior com peso de bancos e Petrobras

“As empresas ligadas ao minério sobem, mas Petrobras e bancões caem. Vale destacar que as ações do setor financeiro fizeram teste das máximas nos últimos pregões e estão corrigindo preços que são bem altos em um cenário bem otimista por conta do exterior com o Powell dizendo já ter chegado no pico das taxas ainda sem segurança de fazer a queda, mas não vamos ver mais altas; os dados de seguro-desemprego semanal vieram em linha [217 mil]”.

Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas, disse que as falas de Powell hoje no Senado não devem trazer novidades.

“Ontem ele já disse que ainda quer olhar os dados econômicos [para decidir cortar juros] e o mercado trabalha com início do ciclo em junho, mas a grande expectativa é para o payroll amanhã e na semana que vem a discussão do Fed sobre juros com a divulgação ao consumidor (CPI, sigla em inglês)”.

Em relação ao Brasil, Ashikawa disse que o mercado já começa a se movimentar para o encontro de março do Copom [dias 19 e 20], “se a autoridade monetária vai tirar o plural [ o corte de 0,50 pp para próximas reuniões]; a atenção fica para o comunicado”.

Segundo um analista de um grande banco, a Bolsa cai com o mercado “na expectativa do resultado da Petrobras, mas principalmente para o anúncio de pagamento de dividendos, após as falas do Prates [Jean Paul Prates, presidente da companhia] que era preciso ter cautela com os dividendos extraordinários; a liquidez também está baixa”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,21%, cotado a R$ 4,9334. A sessão foi marcada por baixa volatilidade, com o mercado voltando suas atenções para o payroll, um dos principais termômetros do emprego nos Estados Unidos, que será divulgado amanhã.

Para o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, “o mercado está de lado. A expectativa é com o payroll. Se ele vier mais fraco, podemos bater o martelo que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) irá começar os cortes dos juros em junho”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham próximos à estabilidade, com viés de alta. As taxas apresentaram volatilidade em dia de falas de diversos diretores do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sobre cautela com corte dos juros.

O DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 9,880%, de 9,880% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,705% de 9,705%, o DI para janeiro de 2027 ia a 9,915%, de 9,900%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,175% de 10,150% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar comercial operava em queda, cotado a R$ 4,9333 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, com o S&P 500 renovando mais uma vez sua máxima histórica, enquanto Wall Street segue otimista após o segundo dia de depoimento do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,34%, 38.791,35 pontos
Nasdaq 100: +1,51%, 16.273,4 pontos
S&P 500: +1,03%, 5.157,36 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA