Bolsa fecha semana em alta com definição fiscal, busca de recuperação técnica e liquidez reduzida

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São Paulo – A Bolsa fechou em alta pelo quinto dia consecutivo, após uma semana de definições em Brasília e com liquidez reduzindo com a proximidade das festas de fim de ano. No exterior, dados de consumo abaixo do esperado deixaram os mercados menos pessimistas e com mais apetite para os investimentos de risco após fortes quedas na véspera.

Nesta sexta-feira, as ações da Petrobras e do setor financeiro impulsionaram o Ibovespa, seguindo o avanço do petróleo e indicadores macro dentro das expectativas do mercado. O movimento de alta também foi influenciado por uma busca de recuperação técnica em ações que caíram muito recentemente.

O principal índice da B3 subiu 1,99%, aos 109.697,57 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro cresceu 1,80%, aos 111.400 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18 bilhões. Na semana, o Ibovespa subiu 4,73%. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Entre os ativos de maior peso, a Vale (VALE3) fechou com ganho de 0,66% e os papéis do setor financeiro também subiram. Os destaques foram a B3 (B3SA3) e o BTG Pactual (BPAC11), com altas de 8,62% e 6,92%.

As maiores altas do dia foram B3 e 3R Petroleum, Positivo (POSI; +8,10%), Qualicorp (QUAL3 +7,83%) e Banco Pan (BPAN4; +7,53%).

A alta do petróleo e a conclusão da venda do Campo Papa Terra pela Petrobras à 3R fez a ação RRRP3 subir 8,33%, enquanto PETR3 e PETR4 fecharam em altas de 5,11% e 4,71% e Prio (PRIO3) avançou 0,65%.

As maiores quedas foram dos papéis de IRB Brasil (IRBR3, -4,21%), Gerdau (GGBR4; -3,88%), Gerdau Metalúrgia (GOAU4; -3,65%), Suzano (SUZB3; -2,70%) e CSN (CSNA3; -2,24%).

As ações do IRB Brasil reagiram à aprovação do grupamento de suas ações na proporção 30 para 1. A companhia ainda informou de que os acionistas terão até o dia 24 de janeiro para ajustar suas posições para múltiplos de 30, sendo o grupamento efetivamente realizado no dia 25 de janeiro.

A Guide considera o anúncio negativo. “A ações do IRB estão operando abaixo da marca de R$1 há quase 2 meses na B3, tendo que se valorizar ou ser agrupadas para atender as exigências da B3 referentes ao preço mínimo das ações negociadas. Sendo assim, o agrupamento significaria a escolha da segunda opção como a mais viável para a empresa, porém diminuiria a liquidez do papel para o investidor.”

Na quinta-feira, o índice brasileiro fechou a última sessão na contramão do exterior, em leve alta de 0,11%, em meio a anúncios dos Ministros do presidente Lula e menos incerteza em relação a situação fiscal do país. No mercado externo, dados fortes de PIB e confiança do consumidor americano preocuparam investidores, que viram o movimento como um indicativo de ciclo de aperto monetário mais longo.

No cenário local, A PEC da Transição aprovada diminuiu a incerteza em relação ao risco fiscal do Brasil. Ainda mais, a Câmara dos Deputados demonstrando sua força e negociando o gasto extra teto e sua vigência foram fatores que auxiliaram o fechamento da curva futura de juros, o que deu fôlego aos ativos de risco brasileiros.

Para Rodrigo Cohen, analista e co-fundador da Escola de Investimentos, as definições em relação à PEC e nomes de ministros também diminuíram as incertezas no mercado e beneficiaram as ações de varejistas e construtoras.

“Hoje as bolsas retomam alta após um dia, que na minha opinião, foi de quedas exageradas. Hoje também teve o PCE, inflação que o FED usa para tomar decisões. O gasto com consumo veio abaixo do esperado e foi um ponto muito positivo desses dados. Com isso, o mercado lá fora passou a ter direção altista.”

Ontem, o PIB dos EUA oacima do esperado derrubou bolsas lá fora. Como os dados mostram atividade aquecida, afastam a possibilidade de recessão, o que também distancia qualquer possibilidade de o FED baixar juros. Com isso, bolsas americanas caíram muito ontem.

“A notícia de que a Rússia pode reduzir a produção de petróleo eleva a commodity e ações da Petrobras também são impulsionadas para cima. Ações de aviação sobem também em virtude do dólar caindo, que possibilita custos menores e margem mais alta”, comenta o analista.

O dólar comercial fechou em queda de 0,36%, cotado a R$ 5,1660. A moeda foi impactada diretamente pela melhora do ambiente fiscal doméstico, após a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição e do orçamento de 2023. Na semana, o dólar teve desvalorização de 2,42%.

Segundo o economista da BlueLine Flávio Serrano, “em geral, os mercados têm tido uma resposta positiva. Limpa as incertezas no ambiente fiscal, e os ativos de risco – como o real têm performado bem nos últimos dias”.

Para o head de mesa da Valor Investimentos, Piter Carvalho, “o clima é bom nesta semana. O real teve um bom desempenho este ano, com o investidor estrangeiro de olho no Brasil. Os juros altos também atraem o dinheiro estrangeiro, é só tomar cuidado com o fiscal”.

As taxas curtas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda. Além do cenário fiscal mais consolidado para 2023, o resultado do IPCA-15, que subiu 0,52% em dezembro ante novembro, foi bem recebido pelo mercado.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,654 de 13,656% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,520%, de 13,630%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,820%, de 13,000% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,840% de 12,910% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 5,1690 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, após oscilarem ao longo do dia, numa semana que encerra mista após os temores renovados de recessão, com alguns balanços corporativos começando a sinalizar uma desaceleração da economia.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, após oscilarem ao longo do dia, numa semana que encerra mista após os temores renovados de recessão, com alguns balanços corporativos começando a sinalizar uma desaceleração da economia.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,53%, 33.203,93 pontos
Nasdaq 100: +0,21%, 10.498,0 pontos
S&P 500: +0,58%, 3.844,82 pontos

Com Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência CMA.