Bolsa fecha o pregão e a semana em baixa, em movimento de ajustes pós Super Quarta

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São Paulo – A Bolsa brasileira fechou em queda e com baixo volume negociado, operando entre altas e baixas. Após a divulgação dos direcionamentos de política monetária pelos bancos centrais globais, especialmente os do Federal Reserve (Fed), dos Estados Unidos, que sinalizou mais uma alta dos juros, os investidores ficam atentos a todos os dados macroeconômicos e notícias para ajustar suas carteiras de investimentos. Petrobras e Vale fecharam em alta.

O principal índice da B3 caiu de 0,11%, aos 116.008,64 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro fechou no sentido oposto, em alta de 0,10%, aos 117.010 pontos. O giro financeiro do mercado foi de aproximadamente R$ 14,1 bilhões. Na semana, o índice caiu 2,85%. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

As ações de Vale e petrobras fecharam em alta ao redor de 0,7%.

As maiores quedas foram de Casas Bahia (ex-Via), de 8,10%, que nesta semana mudou o ticker para BHIA3, seguida por Magazine Luiza (-4,68%), Vamos (-3,96%), Gol (-3,88%), Braskem (-3,28%). As maiores altas foram da BRF (+3,20%), Carrefour Brasil (-2,80%), RD (+2,12%), IRB Brasil (+1,96%) e CSN Mineração (+1,29%).

No meio da tarde, a Bolsa operava em baixa, chegando aos 116 mil pontos, após a divulgação das metas de resultado do governo brasileiro. O movimento acompanhava as baixas dos índices norte-americanos.

A notícia de que a Rússia suspenderia a exportação de derivados do petróleo ontem (21) também influenciou as análises atentas ao risco de inflação global, o que influencia no aumento dos juros pelos bancos centrais.

Nesta manhã, integrantes do Fed deram declarações de que a inflação ainda está alta e sinalizaram a necessidade de aumentar ainda mais as taxas de juros para controlar a inflação, enquanto casas de análise apostam em um novo aumento de juros pelo banco central norte-americano.

Mais cedo, os traders também acompanharam a leitura preliminar dos índices de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) sobre a atividade do setor industrial e de serviços dos Estados Unidos de setembro, publicada pelo IHS Markit. O primeiro subiu para 48,9 pontos em setembro, de 47,9 em agosto, e o do setor de serviços caiu para 50,2 pontos em setembro, de 50,5 em agosto, de acordo com dados preliminares do S&P Global. A previsão para indústria era 48,0 pontos e para a área de serviços é de 50,6 pontos.

Marco Prado, CIO da BullSide Capital, atribuiu o movimento da Bolsa nesta sexta-feira à ressaca por conta da grande volatilidade da quinta-feira após a calibragem de juros dos bancos centrais. O viés pessimista atingiu os mercados globalmente, por preocupação com a inflação nos Estados Unidos. “Na próxima semana, o mercado aguarda a divulgação da ata do Banco Central brasileiro, na terça-feira, para tentar adivinhar quais serão os próximos passos da Selic no país”, estima.

Em semana marcada pelo comunicado mais ‘hawkish’ do Fed e do discurso do presidente do órgão, Jerome Powell, prometendo mais juros, Copom sem surpresas, mantendo a Selic ainda em bastante elevada, os investidores ficam atentos aos riscos inflacionários, com a Rússia anunciando a redução da oferta de derivados do petróleo ontem (21) e expectativa de elevação da atividade na China que pode demandar mais combustível, comenta Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side Investimentos. “A Bolsa também está com volume baixo, bem lateral, com os investidores digerindo todas essas notícias e aguardando algum fato novo sobre Rússia, China. E, diante desse, o investidor não quer ‘ficar comprado’ com esse cenário internacional conturbado.”

Vinícius Steniski, analista do TC, avalia que o mercado ainda está fazendo um ajuste mais fino das projeções futuras, o que gera volatilidade. “Os juros estão caindo menos e tem relação com as bolsas lá fora. O mercado segue bem volátil, ainda digerindo, fazendo contas em relação a possibilidade de mais uma alta da taxa de juros, o Brent voltou a subir e isso pressiona a inflação. É momento de ajustar as contas, o que gera volatilidade. O dólar também operava em queda e agora está no zero a zero.”

Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, avalia que o último comunicado do Copom esvaziou boa parte das apostas dos agentes que acreditavam que poderia vir um corte de juros mais agressivo ainda esse ano na Selic. “E o Copom reiterou o “plano de vôo” de cortes de -0,50% e isso, na minha visão, vem sendo refletido negativamente nas ações mais sensíveis a mudanças na politica de juros.”

Boa parte da alta do Ibovespa hoje justificada pela alta das commodities. “Tanto petróleo quanto as commodities metálicas operam em alta, com destaque para o minério de ferro que subiu nessa madrugada, refletindo dados de que os estoques de minério de ferro na China atingiram as mínimas dos últimos três anos. E isso deve ter animado os agentes que devem mirar uma retomada na demanda por minério de ferro na China para repor os estoques”, analisa Fernandes.

“Dos ativos que compõem o Ibovespa, destaque para as ações do Atacadão-Carrefour (CRFB3), que opera em alta refletindo a reiteração de recomendação de compra pelo Citi. As ações da Raia Drogasil (RADL3) sobem pelo mesmo motivo. O banco Santander elevou o preço-alvo da ação e isso está sendo refletido positivamente nas cotações da empresa hoje. As ações da IRB (IRBR3) também operam em alta refletindo os bons números operacionais de julho, que foram divulgados hoje, apresentando um número de sinistralidade bem menor que 1 ano antes”, acrescenta.

Na sua avaliação, o destaque de alta da semana fica para a ação da Suzano (SUZB3), após reajuste no preço da celulose de US$ 50/tonelada, e isso puxou os papéis da empresa ao longo da semana, sendo o destaque de alta para essa semana no Ibovespa. “Nos destaques de queda, observamos as ações da Casas Bahia (BHIA3, antiga VIIA3) ainda operando em queda e abaixo do preço da oferta pública recente, em que as ações foram precificadas a R$ 0,80/ação, e hoje negociam a R$ 0,68/ação, e é também o destaque de baixa da semana. As ações da Magazine Luiza (MGLU3) e Vamos (VAMO3) também operam em queda, por serem bem sensíveis a mudanças nas taxas de juros.”

O dólar comercial fechou em queda de 0,05%, cotado a R$ 4,9319. A moeda refletiu, especialmente a partir de ontem, o temor global de que os Estados Unidos voltem a subir os juros ainda neste ano. Na semana, a moeda teve valorização de 1,25%.

Segundo a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “o clima é de aversão global ao risco, já que as taxas de juros devem permanecer altas por mais tempo. Isso acaba influenciado as moedas emergentes”.

Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, a perspectiva para a política monetária confere volatilidade para os mercados.

“O real é prejudicado pelo corte da Selic (taxa básica de juros), que o deixa mais exposto às variações do apetite global ao risco”, analisa Rostagno, que ainda projeta que a moeda estadunidense flutue entre R$ 4,85 e R$ 5,00 até o final do ano, e que o cenário global não deve melhorar no raio de 12 meses.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda, depois da divulgação de PMI dos Estados Unidos, Reino Unido e zona do euro mais favoráveis, que puxaram as Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) para baixo. Os DI acompanharam durante o pregão desta sexta.

Por volta das 16h55 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,255% de 12,265 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,530% de 10,565%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,240%, de 10,295%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,510 % de 10,550% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 4,9153 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, à medida que o mercado de ações digeriu na semana a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,31%, 33.963,84 pontos
Nasdaq 100: -0,09%, 13.212 pontos
S&P 500: -0,22%, 4.320,06 pontos

Confira a variação dos índices na semana:

Dow Jones: -1,89%
Nasdaq 100: -3,62%
S&P 500: -2,93%

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA.