Bolsa fecha no positivo seguindo Nova York após ata do Fed, dólar avança

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta, mas ainda abaixo dos 100 mil pontos, acompanhando as bolsas em Nova York após a divulgação da ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, sigla em inglês), que apesar de não mencionar a recessão, sinalizou para a próxima reunião, nos dias 26 e 27, que os juros devem subir ser entre 0,50 ponto porcentual (pp) e 0,75 pp.

As commodities metálicas também contribuíram para o Ibovespa ficar no campo positivo, à exceção das petroleiras. Os destaques de alta ficaram as varejistas, como Americanas S.A (AMER3) e VIA (VIIA3).

O principal índice da B3 subiu 0,43%, aos 98.718,62 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 0,51%, aos 99.975 pontos. O giro financeiro era de R$ 21,6 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Heitor Martins, especialista em renda variável na Nexgen Capital, comentou que a ata do banco central norte-americano foi positiva para a Bolsa, que seguiu a melhora lá fora “uma vez que o Fed reforçou que está de olho na inflação, vê um crescimento econômico nos EUA menos acelerado, mas o mais importante é que está disposto a controlar os preços se a inflação persistir e isso deixou o mercado mais confortável”.

Martins completou que vários setores do Ibovespa subiram e o único que permanece em queda é ligado ao petróleo.

Fábio Guarda, sócio e gestor da Galapagos Capital, comentou que a Bolsa está devolvendo um pouco dos exageros dos últimos dias e a ata do Fomc “trouxe um certo apetite ao risco e alívio para a Bolsa com a ajuda da melhora das commodities e remove a incerteza [sobre o documento]”.

De acordo com um relatório do Banco Original, a ata veio com um tom mais duro porque “[os membros] reconheceram a possibilidade de que uma postura ainda mais restritiva pode ser apropriada e os riscos de uma inflação mais “entrincheirada”, mas não citarão em nenhum momento o termo recessão”.

Para Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, disse que como a ata do Fed reflete o passado, não reproduz o temor da recessão. “O cenário mudou e [a ata] sai com olhar retrovisor eles [os membros] se mostraram muito preocupados com os riscos de alta de inflação, tanto que estão considerando elevar os juros em 0,50 ou 0,75 pontos [na próxima reunião]”.

O dólar fechou em alta de 0,64%, cotado a R$ 5,4220. O driver do dia foi a divulgação da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que veio em linha com as expectativas do mercado, e exatamente por isso aliviou um pouco a pressão sobre o câmbio, apesar da aversão global ao risco. Os problemas fiscais ficaram pontualmente em segundo plano.

Segundo o sócio da Top Gain, Leonardo Santana, “a ata não trouxe nenhuma novidade, com tudo dentro do esperado. Isso melhorou o humor lá fora, e pode dar um alívio tanto na bolsa quanto no dólar”.

“É normal que ocorra esta pequena correção no real, mas o risco fiscal não deixa que a moeda opere abaixo do suporte de R$ 5,40”, analisa Santana.

Para o sócio da Ethimos Investimentos, Lucas Brigato, “tudo caminha para um semestre de recessão pela frente, e é um reflexo da injeção de liquidez (dinheiro) durante a pandemia. Isso criou um choque de demanda e gerou um aumento da inflação”.

Brigato entende que além do aumento dos juros nos Estados Unidos, as incertezas fiscais e políticas prejudicam o real: “Existe uma saída de dólar do Brasil, indo principalmente para ativos de baixo risco, como os treasuries americanos”, analisa.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em leve alta, após ata do FED (o banco central norte-americano) indicar alta da taxa de juros entre 50 ou 75 bps na próxima reunião.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,760% de 13,720% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,550%, de 13,515%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,890%, de 12,860% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,830% de 12,815%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em alta na sessão, após idas e vindas ao longo do dia, porém as ações ganharam força após a ata do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) reforçar o tom agressivo que o banco vem demonstrando para combater a inflação.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,23%, 31.037,68 pontos
Nasdaq Composto: +0,35%, 11.361,9 pontos
S&P 500: +0,35%, 3.845,08 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA