Bolsa fecha no positivo em linha com exterior e apoio de Petrobras e Itaú; dólar cai

176

São Paulo – A Bolsa fechou em alta no primeiro pregão cheio da semana em linha com o exterior e com a valorização da Petrobras (PETR 3 e PETR4), Itaú (ITUB4), ações de peso no Indice, e commodities metálicas, à exceção da Vale (VALE3) que caiu. Os papéis de consumo também tiveram um bom desempenho com o recuo dos juros futuros.

Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 2,83% e 3,19%, respectivamente, com a alta do petróleo no mercado internacional. Usiminas (USMI5) foi destaque de alta de 5,55% com a elevação do preço-alvo pelo Citi, mas foi mantida recomendação neutra. O que também favorece o papel é uma maior demanda por aço no Brasil.

A Petrorio (PRIO3) avançou 4,74%, seguindo o petróleo lá fora. Itaú (ITUB4) fechou em alta de 0,84%. Vale (VALE3) caiu 0,31%.

Mais cedo Estados Unidos, foram divulgados indicadores econômicos. As vendas no varejo de janeiro recuaram 0,8% e o mercado projetava queda de 0,3%. A produção industrial caiu 0,1% em janeiro e a estimativa era de alta de 0,2%.

O principal índice da B3 subiu 0,61%, aos 127.804 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril avançou 0,46%, aos 129.835 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22,9 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que a Bolsa caminha para fechar no positivo acompanhando Wall Street e com a ajuda das commodities.

“Depois de um ajuste ontem por conta do CPI americano, hoje o mercado está no oposto seguindo NY. O varejo [vendas no varejo de janeiro] saiu mais fraco, animou o mercado e fez com que as treasuries recuassem, melhorando nosso mercado. As commodities têm contribuído bastante para a alta do Indice, Na contramão está a Vale (VALE3) com a noticia de que a BHP [mineradora] teria aumentado o provisionamento para ressarcir danos em Mariana em US$ 3 bilhões, o mercado está acreditando que a Vale siga a BHP, o que teria impactado o papel da empresa”.

Moliterno também comentou sobre os bancos e Petrobras.

“Os bancos melhoraram a performance com os relatórios de casas estrangeiras como Bank of America reforçando compra para o setor. O JP Morgan disse que o mercado brasileiro está descontado, tem boa oportunidade, mas vai depender das treasuries, Petrobras em alta muito em cima do encontro do Prates [Jean Paul Prates, presidente da Petrobras] com ministro dos Emirados Árabes Unidos para tratar da possível venda da Braskem”.

André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, disse que o Ibovespa é puxado pelas commodities.

“A Petrobras, com peso no Indice, e PetroRio ajudam no bom desempenho da Bolsa. Apesar da Vale cair, as outras commodities metálicas também contribuem para o movimento positivo. Outro ponto foram os indicadores americanos, que vieram mais fracos que o esperado e acabaram trazendo alívio nas treasuries, provocando um clima de “risk-on” nos mercados emergentes, sugerindo que um corte de juros nos EUA deve estar próximo”.

Em relação às ações da Eneva (ENEV3), uma das maiores quedas do Ibovespa [-1,94%], Fernandes disse que mesmo com uma notícia favorável para a empresa, pesou para o mercado o negativo.

“Apesar de ser um fator positivo a declaração de comercialidade de uma descoberta de 3 bacias para exploração no Amazonas, o relatório de certificação de reservas que a empresa soltou apresentou queda em 2023 nessas reservas em relação a 2022 e isso penalizou os papéis”.

Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, disse que o pregão de hoje pode ter um dia mais positivo e o mercado repercute dados econômicos.

“Após o susto com o CPI [inflação ao consumidor dos Estados Unidos, as falas de ontem da Yellen [Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA] em que disse que é um erro o investidor se basear um apenas um dado [se referindo ao CPI], e o dirigente do Fed, Austan Goolsbee, disse que mesmo que a inflação suba o caminho é para a convergência da meta de 2%. Essas declarações ajudaram lá fora e as treasuries caíram, pode ser que o início do corte de juros lá fora seja em maio. Hoje, apesar dos dados do varejo e atividade terem vindo com contração forte tem tudo para ser um dia positivo”.

Em relação às ações, Larissa disse que os destaques ficam para varejo, setor elétrico e utilities.

“Com a curva de juros arrefecendo favorece as varejistas e nas utilities destaco a Sabesp com as novas regras de privatização. O governo de São Paulo busca acionistas de referência, é diferente do modelo da Eletrobras. Os interessados são Equatorial, Cosan e Votorantim [não tem ação na bolsa]”.

A Equatorial (EQTL3) subiu 1,87% e Cosan (CSAN3) avançou 1,91%. Sabesp (SBSP3) registrou ganho de 2,15%. O governo do Estado de São Paulo deu início a consulta pública para o processo de privatização

O dólar comercial fechou em queda de 0,07%, cotado a R$ 4,9681. A moeda refletiu, ao longo da sessão, certa cautela global à espera dos próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Para o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, o cenário macroeconômico está mais favorável para a tomada de riscos, e que o fortalecimento do dólar tende a ser pontual, momentâneo.

“A gente vê que o mercado de trabalho continua aquecido (jobless claim). Por mais que o mercado esteja com uma postura compradora, precisamos de cautela”. avalia Komura, referindo-se ao número de novos pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos que caiu a 212 mil na semana encerrada no último dia 10 – as projeções eram de 220 mil pedidos. Na semana anterior, o número foi de 220 mil.

“A inflação parece que está caminhando para a meta, mas é necessário monitorar o mercado de trabalho para ver se a convergência vai acontecer em um ritmo bom e adequado, segundo a visão do Fed”, explica Komura.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda. As taxas passaram a cair depois da divulgação de uma batelada de dados sobre a economia norte-americana, durante a primeira metade do pregão.

O DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,005% de 10,040% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,795% de 9,805%, o DI para janeiro de 2027 ia a 9,970%, de 10,020%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,240% de 10,250% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, com as baixas vendas no varejo de janeiro alimentando esperanças de cortes nas taxas de juros por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices futuros de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,91%, 38.773,12 pontos
Nasdaq 100: +0,30%, 15.906,2 pontos
S&P 500: +0,58%, 5.029,73 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Erika Kamikava / Agência CMA