Bolsa fecha estável com mercado cauteloso em meio ao cenário doméstico; dólar sobe

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Indicadores da Bolsa de Valores

São Paulo – A Bolsa fechou estável em mais um pregão morno com os investidores cautelosos em meio a uma ata do Comitê de Política Monetária (Copom) mais dura e uma prévia da inflação acima do esperado.

Somado a isso, as ações de peso no índice como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 e PETR4) tiveram quedas expressivas e o setor financeiro subiu.

A Vale (VALE3) caiu 1,26%. Petrobras (PETR3 e PETR4) recuava 1,09% e 0,92%.

Mais cedo, foi divulgado o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), prévia da inflação, que subiu 0,36% em março ante projeção do Termômetro CMA (+0,30%). O indicador desacelerou frente a fevereiro (+0,78%). No acumulado em 12 meses até março, a prévia da inflação teve alta de 4,14% e a expectativa era de (+4,12%).

O principal índice da B3 caiu 0,05%, aos 126.863,02 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril registrou alta de 0,05%, aos 127.645 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,4 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no negativo.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que Ibovespa segue preso em um intervalo curto.

“Entre a máxima e mínima das duas sessões da semana, a diferença está em menos de 650 pontos. O índice foi pressionado pela queda da Vale, puxada pelo minério de ferro, e Petrobras, compensados pelo bom desempenho positivo dos bancos”.

Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital, disse que o Ibovespa opera estável e reflete uma combinação de fatores.

“O IPCA-15 acima das expectativas colocou os investidores em alerta, sugerindo que a inflação ainda é uma preocupação para o Banco Central, que, por sua vez, mostrou na ata do Copom uma postura de cautela e flexibilidade em suas futuras decisões de política monetária; a queda no preço do minério de ferro impactou negativamente nas ações de empresas importantes, como a Vale, e pesando sobre o índice”.

Segundo Almeida, a queda da Minerva (BEEF3) de 8,72% pode ser atribuída em grande parte ao impacto negativo dos ajustes contábeis na Argentina, devido ao reconhecimento de receitas negativas em reais.

“Este ajuste contábil, resultante da aplicação do IAS29 em resposta à hiperinflação argentina provocou um impacto direto na receita líquida da empresa, reduzindo-a em R$1,5 bilhão. Essa situação complicou ainda mais o cenário para a Minerva, aumentando a incerteza em relação à sua performance financeira. Junto a isso, o processo de integração com a Marfrig adiciona complexidade operacional e desafios regulatórios, tornando as perspectivas futuras da empresa mais incertas e influenciando negativamente a percepção do mercado sobre o valor das suas ações”.

O Grupo Casas Bahia (BHIA3) caiu 7,12% e ficou entre as maiores quedas do índice.

“A empresa teve um balanço no 4T23 preocupante e segue enfrentando o desafio de equilibrar um plano de reestruturação ambicioso com uma estrutura de capital complicada e conseguir crescer”.

A São Martinho (SMTO3) se destacou entre as maiores altas do índice, subiu 4,12%.

“A empresa anunciou a emissão de debêntures visando levantar até R$ 1,25 bilhão, e foi aprovado programa de recompra de até 14,2 milhões de ações. Esse tipo de movimento sinaliza ao mercado que a própria empresa vê suas ações subvalorizadas, o que geralmente é um bom indicativo de valor para os investidores. Além disso, o Morgan Stanley manteve o preço-alvo de R$ 35 por ação e vê perspectivas do etanol se tornando mais positivas na visão deles”.

Yan Vasconcelos, sócio da One Investimentos, disse que a Bolsa está lateralizada com o mercado cauteloso diante do cenário doméstico.

“O mercado está esperando uma sinalização positiva e clara para tomar uma direção. Apesar de uma agenda reformista, o fiscal ainda está nebuloso. Todos os setores da Bolsa estão sofrendo, os grandes nomes [Petrobras, Vale, bancos] estão lateralizados; a Vale cai em função dos dados da China. Na comparação global, a nossa Bolsa é a única que fica a desejar. No mês ela perde 1,66% e no ano 5%”.

Em relação à ata que foi divulgada mais cedo, o sócio da One Investimentos, disse que a ata foi mais rígida e reforçou que o ponto importante esbarra na política monetária externa.

“Para atingirmos uma política monetária mais frouxa aqui, dependemos principalmente dos Estados Unidos e uma desaceleração da inflação. O IPCA-15 veio levemente acima do esperado, mas a alta do petróleo com a escalada do conflito no Oriente Médio preocupa porque pode gerar inflação”.

O dólar fechou em alta de 0,18%, cotado a R$ 4,9829. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a resiliência da economia norte-americana e a queda das commodities, em especial o minério de ferro.

Segundo o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, “o câmbio está de lado, o dólar até que está comportado”. Brigato entende que o índice de preços para os gastos pessoais (PCE), que será divulgado nesta sexta nos Estados Unidos, pode mudar a percepção sobre o rumo dos juros nos Estados Unidos.

Para o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, o movimento de hoje tem influência dos sinais de que a economia estadunidense segue fortalecida, além da desvalorização das commodities.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) abrem em alta, pressionadas pela ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que mostrou posicionamento mais duro. Pouco depois, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)-15 divulgado – a prévia da inflação brasileira – veio acima do esperado pelos agentes de mercado, consolidando alta das taxas.

O DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 9,930%, de 9,890% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,885% de 9,815%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,130%, de 10,050%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,415% de 10,355% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, firmando o fim do rali de alta recente em Wall Street, com o fim do primeiro trimestre se aproximando do fim.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,08%, 39.282,33 pontos
Nasdaq 100: -0,42%, 16.315,7 pontos
S&P 500: -0,27%, 5.203,58 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA