Bolsa fecha estável com ajuda da Petrobras em meio ao recuo da Vale; dólar sobe

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São Paulo -A Bolsa fechou em leve queda, perto da estabilidade, em meio a um recuo forte da Vale (VALE3) em razão do balanço do 1T24 e alta expressiva da Petrobras (PETR3 e PETR4) com a aprovação de distribuição de dividendos extras, ações de peso no índice.

O PIB americano chegou a impactar o Ibovespa, mas perdeu força- subiu 1,6%, abaixo das previsões de 2,5% e núcleo PCE teve alta de 3,7%, maior que os 2% da leitura anterior-. Os investidores ficam à espera da inflação PCE de março amanhã (26).

A Vale (VALE3) caiu 2,10%, cotada a R$ 62,22 refletindo o resultado mais fraco no 1T24. O lucro líquido foi menor no primeiro trimestre, de 8,6% para US$ 1,68 bilhão e a receita líquida cresceu 0,3%, para US$ 8,46 bilhões.

A Petrobras (PETR3 e PETR4) subiu 2,26% e 2,40%.

O principal índice da B3 caiu 0,07%, aos 124.645,58 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho perdeu 0,15%, aos 126.025 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,2 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

Rodrigo Cohen, analista CNPI, embaixador da XP Investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, disse o dado americano impactou no Ibovespa, mas Petrobras amenizou a queda.

“O Ibovespa cai com peso dos dados divulgados nos EUA, mas diminui a queda com a alta de Petrobras, após o anúncio de pagamento de R$ 94,35 bilhões em dividendos, sendo cerca de R$ 22 bilhões em formato de dividendos extraordinários, notícia que agradou o mercado e que faz os papéis subirem”.

Cohen disse que com o dado de hoje, fica cada vez mais difícil de prever “o que vai acontecer daqui para frente e de quando teremos uma queda de juros nos EUA. Amanhã, os dados do PCE podem ajudar a termos uma visão um pouco melhor”.

Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que a melhora na Bolsa se deve aos dividendos da Petrobras.

“O ministério da Fazenda espera que a segunda parte dos dividendos [seja paga] no segundo semestre”.

Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester, disse que a primeira leitura do PIB americano-cresceu 1,6% no 1T24 e o núcleo PCE subiu 3,7%, maior que os 2% da leitura anterior-, os pedidos seguro-desemprego nos Estados Unidos-caíram para 207 mil e a estimativa era de 214 mil- e Vale trouxe mau humor ao mercado, mas o Ibovespa tenta reverter com queda após a coletiva de imprensa de Bernard Abby, secretário extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda.

“O dado mostrou que a economia está esfriando, mas a inflação subindo e isso vai colocar mais pressão no Fed e para o governo americano. O bc deve começar a discutir sobre o corte de juros por lá ficar mais adiante. O mercado vai querer explicações do Fed sobre os números. O mercado está fazendo contas e sesse cauteloso. A Vale reflete o balanço [do 1T24 um pouco abaixo do esperado] e como o maior papel do Ibovespa também impacta, apesar de muitos investidores também comprar na baixa em um patamar de R$ 60. O fiscal doméstico continua no radar”.

O operador de renda variável da Manchester disse que aparentemente a entrevista do Bernard Abby, secretário extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda ajudou o mercado dar uma respirada.

“Ele trouxe alguns detalhes sobre a reforma, clareza sobre a potencial simplificação e redução da tributação total”.

Ariane Benedito, economista e especialista em mercado de capitais, disse a prévia do PIB mexeu com a Bolsa, mas a pauta fiscal e política doméstica pesa mais.

“A Bolsa está bem suscetível ao mercado americano, do impacto do câmbio e dos DIs, mas os eventos que estamos tendo como a coletiva sobre a reforma tributária e falas de Campos Neto estão fazendo com que a gente tenha uma aversão a risco na desancoragem das expectativas”.

A economista e especialista em mercado de capitais disse que essa leitura do PIB “não corroborou para dissipação na questão dos juros americanos e a probabilidade é de manutenção da mediana de mercado de que o Fed não altere até julho dos juros. Foi a prévia da inflação PCE que veio forte em um dia que antecede a divulgação oficial do dado e que vai ditar a trajetória que o Fed vai tomar em relação aos juros”.

Em relação à Vale, Ariane disse que apesar de o balanço da Vale refletir na ação, “eu já tinha previsto isso na queda de Usiminas [essa semana] e não muda nada. Devido à alta do minério de ferro deve ter uma dissipação da queda da mineradora ao longo do dia”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,29%, cotado a R$ 5,1640 para venda pelo segundo dia consecutivo.

No pregão desta quinta-feira, a moeda estrangeira foi impactada pela primeira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) americano referente ao 1T24.

O dado mostrou que a economia do país está em desaceleração, mas a prévia da inflação PCE veio forte e os investidores mantiveram cautela às vésperas da divulgação da inflação oficial PCE de março amanhã (26).

A primeira leitura do PIB cresceu 1,6% no 1T24. O mercado previa alta de 2,5%. O núcleo do índice de preços para os gastos pessoais (PCE), que exclui do cálculo preços de alimentos e energia, teve alta de 3,7%, maior que os 2% da leitura anterior.

Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que o fato de o conselho de administração da Petrobras ter aprovado a distribuição de 50% dos dividendos extraordinários deveria ter mexido com dólar “porque bate nos juros daqui”.

Komura acrescentou que essa alta do dólar ainda reflete “o sentimento pessimista com relação ao PIB que saiu hoje. Se não fosse esta notícia, o cenário estaria mais positivo, o dólar poderia cair”.

Fábio Murad, sócio da Ipê Avaliações, disse que os dados do PIB dos Estados Unidos mostraram que a economia americana cresceu no primeiro trimestre de 2024 em ritmo mais lento em quase dois anos, “o que pode ter contribuído para o fortalecimento do dólar”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros mudaram a direção e passam a operar em queda depois que da notícia de que o conselho de administração da Petrobras aprovou a distribuição de 50% do total de dividendos extraordinários da estatal, o que alivia a preocupação fiscal do mercado.

Por volta das 15h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,350%, de 10,380% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 10,635% de 10,730%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,950%, de 10,065%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,240% de 11,350% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar comercial operava em alta cotado a R$ 5.1635 para a venda.

Os principais índices de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda, após uma leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos para o primeiro trimestre vir muito abaixo do esperado, o que aumenta as questões sobre a saúde da economia norte-americana diante das taxas de juros altas.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,98%, 38,085.80 pontos
Nasdaq 100: -0,64%, 15,611.76 pontos
S&P 500: -0,46%, 5,048.42 pontos

Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News