Bolsa sobe e dólar recua com arrefecimento do mercado de trabalho nos Estados Unidos

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Foto: Wagner Magni / freeimages.com

São Paulo- A Bolsa fechou em alta pelo segundo dia seguido impulsionada por um arrefecimento do mercado de trabalho nos Estados Unidos (payroll, sigla em inglês), o que abre espaço para um corte nos juros americanos esse ano, em setembro. Com esse bom humor, as empresas da economia doméstica saltaram.

Mas, o desempenho de Petrobras (PETR3 e PETR4) e Vale (VALE3) pesaram e impediram que o índice avançasse mais. Entre as blue chips, só Itaú (ITUB4) subiu. O Ibovespa acumulou ganhos de 1,67%, a melhor semana do ano.

Mais cedo foi divulgado o relatório de emprego nos Estados Unidos de abril. O país criou 175 mil vagas contra a projeção de 240 mil. A taxa desemprego aumentou para 3,9% enquanto a estimativa era de 3,8% e o salário médio por hora trabalhada subiu 0,2% em base mensal contra previsão de 0,3%.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) perderam 1,56% e 1,33%. Azul (AZUL4) e Magazine Luiza (MGLU3) avançaram, respectivamente, de 7,77% e 7,53%. Eztec (EZTC3) e Cyrela (CYRE3) fecharam em alta de 6,01% e 5,92%. Itaú (ITUB4) subiu 1,25%.

O principal índice da B3 subiu 1,09%, aos 128.508,67 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho avançou 1,37%, aos 130.060 pontos. O giro financeiro foi de R$ 27,6 bilhões. As bolsas norte-americanos fecharam no positivo.

De acordo com os analistas da Ativa Investimentos, a boa performance da Bolsa está atrelada “ao exterior, após os dados do payroll abaixo do esperado; A azul sobe forte com notícias sobre possível programa do governo para empresas aéreas e Eztec após balanço”.

Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, disse que “com um payroll mais fraco, o mercado volta a apostar em uma Selic entre 9 e 9,5% [ao ano], puxando assim as cotações do setor de consumo principalmente, como Magalu, e as construtoras EzTec e Cyrela”.

Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos, disse que a Bolsa sobe com o resultado do payroll e não avança mais por conta do peso de Petrobras e Vale.

“Com esse o payroll abaixo do esperado mostrando que o mercado de trabalho não está tão forte ajuda a inflação futura a ceder um pouco e corrobora com a probabilidade de corte em setembro. Em julho [na reunião do Fed, dias30 e 31] continua a maior probabilidade de não ter corte. Mas ainda tem vários indicadores para sair. O PCE vem mostrando arrefecimento e não tem conversado muito com CPI [inflação ao consumidor], que aponta uma inflação persistente. Com esse payroll, a tendência é ver o CPI mais controlado e confirma corte em setembro. Hoje A Bolsa não sobe mais porque Petrobras e Vale estão ancorando o Indice, já o Indice Small Caps-que representa as ações da economia doméstica- avançam mais”.

Em relação ao Comitê de Política Monetária (Copom), Alvarenga disse que com esse dado do payroll “não só aumentou a probabilidade de corte [de juros] nessa reunião [dias 7 e 8] como de ter mais redução da Selic”.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, disse que o resultado de hoje ajuda a Bolsa. “Ainda teremos muitos indicadores em 2024, imagino que a melhora da inflação aparecerá. O Fomc pode demorar para cortar juros, mas essa chance [de cortar] não vejo como tão grande. O dado de hoje deixa o Copom mais tranquilo [na decisão de juros na semana que vem -dia 8]’.

Um gestor de gestor de investimento de um banco disse que o dado do mercado de trabalho de hoje e “veio mais fraco e acende a esperança de duas reduções [de corte de juros]. Era o único dado que pode dar o norte [para o corte]”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,83%, cotado a R$ 5,0697. A moeda refletiu, ao longo da sexta, o otimismo do mercado após a divulgação do payroll, um dos principais termômetros do emprego nos Estados Unidos, no começo da sessão. Na semana, a divisa estadunidense recuou 0,90%.

Foram criadas 175 mil vagas em abril ante projeções de 240 mil e o desemprego foi de 3,9% (estimativas de 3,8%). As vagas criadas em março foram revisadas de 270 mil para 236 mil.

O analista da Potenza Capital Bruno Komura observa que a divulgação da economia estadunidense, o clima deve permanecer otimista.

Para o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, “parece razoável projetar o corte de juros para setembro. Na próxima reunião não deve ter alteração nenhuma. Temos potencial para um processo de flexibilização no corte das taxas de juros”.

Serrano contextualiza que nesta sexta o dólar perde contra boa parte das moedas, e que o objetivo do real é se consolidar na faixa entre R$ 5,00 e R$ 5,10: “Os fundamentos continuam muito bons”, avalia.

“Quase todos os dados vieram positivos, como a taxa de desemprego e criação de vagas”, explica Komura

“Podemos ter uma perspectiva de cortes mais agressivos nos Estados Unidos, e isso pode fazer com o que o Brasil continue cortando os juros”, opina Komura.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em queda, a exemplo dos Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano), que caem repercutindo dados do Payroll abaixo do esperado.

Por volta das 16h35 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,140%, de 10,150% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 10,325% de 10,465%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,625%, de 10,595%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,925 de 11,100% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar comercial operava em queda, cotado a R$ 5.0702 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em forte alta, consolidando ganhos semanais com resultados otimistas da Apple elevando os ânimos e um relatório de empregos mais fraco do que o esperado revivendo as apostas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) poderia cortar as taxas de juros mais cedo do que o previsto.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,18%, 38.681,75 pontos
Nasdaq 100: +1,99%, 16.156,33 pontos
S&P 500: +1,26%, 5.127,77 pontos

 

Com Paulo Holland, e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News