Bolsa fecha em queda refletindo fala de Haddad e desvalorização dos bancos; commodities sobem; Dólar cai

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São Paulo – A Bolsa fechou em queda, descolada de Nova York, com o mercado reagindo às falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em coletiva à imprensa, na Argentina, sobre a integração econômica entre o Brasil e o país vizinho.

Somado a isso, a queda do setor financeiro ainda refletindo o caso Americanas. O Banco do Brasil (BBAS3) que subiu durante todo o pregão, passou a cair no final. As ações do banco estatal caíram 1,09%.

Os papéis do Bradesco (BBDC3 e BBDC4) foram destaque de queda do índice, respectivamente 3,18% e 4,22%. Itaú (ITUB4) perdeu 3,06% e Santander (SANB11) cedeu 4,08%.

As commodities ajudaram o Ibovespa praticamente durante todo o pregão, tiveram alta expressiva apesar de o feriado na China. As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 2,31% e 1,59%.

O principal índice da B3 caiu 0,27%, aos 111.7378,28 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro perdeu 0,51%, aos 112.390 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23,6 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que o mau humor no final dos negócios se deve à fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em visita à Argentina, na coletiva de imprensa com o ministro de Economia do país vizinho, Sergio Massa, em que falou sobre “financiar dívida de parceiros estratégicos como Argentina, Uruguai e Chile”.

O head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que a China fechada por conta do feriado lunar atrapalha um pouco o Brasil, mas as commodities sobem “na expectativa de um crescimento global com uma possível melhora por parte da OCDE e em meio à alta das varejistas e os frigoríficos, mas os bancos privados pesam negativamente por conta do impacto da dívida da Americanas”.

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que de em dia de agenda de indicadores esvaziada, o mercado está animado com as commodities “principalmente o petróleo, mesmo com o feriado prolongado na China, os bancos devem sentir parte das incertezas em relação ao fiscal e o caso da Americanas ainda pesa”.

O Banco do Brasil (BBAS3) destoa do setor. As ações estão subindo desde sexta-feira, (+0,32%). “A indicação do CFO [Marco Geovanne da Silva] foi bem recebida porque parece indicar continuidade do que temos hoje”, ressaltou.

Komura afirmou que a viagem do Lula está no radar dos investidores, mas “não acho que existe algum impacto relevante em relação a uma moeda para utilizar no comércio entre Brasil e Argentina; precisamos monitorar se terá algum anúncio que pode impactar negativamente a situação fiscal aqui”.

Komura também acrescentou que o fluxo estrangeiro deve continuar no curto prazo, o que favorece o mercado operar no positivo.

Rafael Augusto, sócio da Chess Capital, disse que a Bolsa opera no positivo puxado por commodities “com Petrobras acompanhando o petróleo e os bancos privados seguem sofrendo um pouco; o exterior também ajuda o mercado doméstico, apesar das cortinas de fumaça política”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,11%, cotado a R$ 5,2010. A moeda teve pouca oscilação durante a sessão de hoje, refletindo a baixa liquidez gerada pelo feriado na China.

Segundo o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato,”a recuperação da China traz um otimismo para cá, e ajudam na valorização das commodities”.

Para o sócio fundador da Pronto! Invest Vanei Nagem, “existe pouca liquidez pois quase todos os mercados asiáticos estão fechados hoje”.

Nagem também diz que o mercado precifica um aumento de 0,25 ponto percentual (pp) na taxa básica de juros dos Estados Unidos, na reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) que acontece na próxima semana, o que pode desacelerar o ritmo de queda do dólar.

De acordo com o boletim da Ajax Asset, “lá fora, ativos oscilam próximo da estabilidade, em dia de fraca agenda nos Estados Unidos. Por aqui, as atenções se voltam à viagem de Lula para a Argentina, quando poderá ser tratada a proposta de se criar o sur”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam de lado, mas em campo positivo, em dia de agenda esvaziada nos EUA e feriado na China.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,565% de 13,500% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,845%, de 12,740%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,830%, de 12,720%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,910% de 12,780% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 5,1990 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, com o Nasdaq subindo mais de 2%, com mais uma sessão de destaque para o setor de tecnologia enquanto os investidores pesam que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) continue a desacelerar o ritmo de subida de juros na próxima reunião de politica monetária.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,76%, 33.629,56 pontos
Nasdaq 100: +2,01%, 11.364,4 pontos
S&P 500: +1,18%, 4.019,81 pontos

Pedro do Val de Carvalho Gil / Paulo Holland / Darlan de Azevedo