Bolsa fecha em queda puxada por Vale, Petrobras e bancos, oposto a NY; dólar encerra a R$ 4,80

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Imagem perspectiva mercados
Indicadores da Bolsa de Valores

São Paulo – A Bolsa fechou no campo negativo, na contramão do exterior, empurrada pelas ações de peso no índice como Vale (VALE3), Petrobras (PETR3 e PETR4) e bancos, principalmente Itaú (ITUB4), em um dia de agenda fraca aqui e com baixa liquidez.

As ações da Petrobras (PETR3 PETR4) caíram 0,85% e 0,55% impactadas por falas do presidente da estatal. Mas das petroleiras subiram como Petrorio (PRIO3) e 3RPetroleum (RRRP3), respectivamente 2,83% 2,25%.

A Petrorio refletiu a notícia de que a empresa iniciou a produção no poço ODP5, que faz parte do plano de revitalização em Campo de Frade, estabilizada em 8 mil barris de óleo por dia e acompanhou a cotação do barril de petróleo no exterior. A 3RPetrolium acompanhou a alta do petróleo.

Os papéis do Itaú (ITUB4) caíram 1,94%. Bradesco (BBDC3 e BBCD4) perdeu 0,40% e 0,18%. Santander (SANB11) registrou queda de 0,53%.

As ações da Vale (VALE3) caíram 0,63% antes da divulgação do relatório de produção relativo ao segundo trimestre deste ano, após o fechamento do mercado.

Os destaques positivos ficaram para empresas do setor de educação. Segundo André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, as ações subiram “após o ministro da Educação [Camilo Santana] falar sobre um novo projeto do Fies que procura solucionar a inadimplência”. Yduqs(YDUQ3) e Cogna (COGN3) lideraram as altas, respectivamente 7,10% e 3,76%.

Mais cedo, foram divulgadas as vendas no varejo em junho, nos Estados Unidos, que subiram 0,2% e ficaram abaixo do esperado pelos analistas (+ 0,5%) e chegaram a refletir na abertura do Ibovespa. Já a produção industrial caiu 0,5% na comparação mensal e a estimativa era de estabilidade.

O principal índice da B3 caiu 0,31%, aos 117.841,19 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto recuou 0,50%, aos 118.975 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que o Ibovespa perdeu força ao longo do dia. “O desempenho contrário ao maior otimismo visto nas bolsas norte-americanas ocorreu em meio à agenda interna esvaziada, com queda das ações da Petrobras e Vale, mesmo com a valorização das commodities no exterior”.

Arlindo Souza, analista de ações da casa de análises do TC, disse que apesar do recuo nos contratos de DIs, “o Ibovespa deve fechar em queda puxado pelo setor financeiro, Petrobras e Vale, praticamente estável ao pregão da véspera; nos últimos dias, a Bolsa está meio de lado e com uma liquidez mais baixa”

Carlos Honorato, professor da FIA Business School, disse que o Ibovespa apresentou pequena queda e ficou em “equilíbrio entre o desempenho mais fraco das ações relacionadas a commodities e o avanço dos papéis associados à economia local”.

Mais cedo, Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos, disse que o Ibovespa operava em leve alta em dia de agenda esvaziada por aqui. “Com o mercado de olho no exterior, os integrantes do Fed já estão em período de silêncio para a reunião da semana que vem [nos dias 25 e 26], e faz com que os investidores se contentem com os dados de atividades para projetar as apostas de juros para setembro; aqui os bancos operavam no positivo; destaque para mineração e siderurgia, Vale tem valorização marginal e Gerdau sobe, petróleo opera em alta após quedas firmes ontem, mas os investidores analisam mais as declarações do presidente da Petrobras sobre o plano de investimento da estatal, Petrobras cai enquanto as petroleiras avançam”.

Segundo um gestor de investimentos um grande banco, a Bolsa opera de lado. “O volume está muito baixo, por aqui fica de olho na reforma tributária e lá fora à espera da decisão do Fed”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,02%, cotado a R$ 4,8080. A moeda refletiu, após a divulgação de alguns indicadores norte-americanos, a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) afrouxe o ciclo contracionista.

Para o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, na próxima irá ocorrer uma alta nos juros, mas pode mudar a perspectiva para elevações posteriores:

“O medo de recessão nos Estados Unidos está crescendo, e começa a ter o movimento de valorização na busca por proteção”, opina Komura.

Para o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, os dados do varejo norte-americano podem fazer com que o Fed não suba as taxas básicas de juros, mas falar sobre queda “ainda é cedo”.

O varejo subiu 0,2% no varejo dos Estados Unidos, em junho, abaixo das expectativas de +0,5%. Já a produção industrial teve queda de 0,5% no sexto mês do ano ante projeção de estabilidade.

Brigato entende que isso indica que o Fed possa ter uma política mais dovish (suave, menos propensa ao aumento dos juros), o que faz com que o dólar perca força.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI)fecham em queda. Alguns analistas consideram que as DIS seguem exterior, enquanto outros dizem que as taxas refletem o otimismo de investidores, que aumentam as apostas em um corte mais agressivo por parte do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima reunião.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,760 % de 12,860% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,735 % de 10,850%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,135 %, de 10,225%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,150 % de 10,265% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta, com o Dow Jones subindo acima de 1%, com os investidores absorvendo os fortes balanços do segundo trimestre do Bank of America e do Morgan Stanley.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,06%, 34.951,93 pontos
Nasdaq 100: +0,76%, 14.354,0 pontos
S&P 500: +0,71%, 4.554,98 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA