Bolsa fecha em queda pressionada por commodities e no aguardo de dados de inflação; dólar cai

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Mercado Gráfico Percentual
Foto: Svilen Milev / freeimages.com

São Paulo- A Bolsa fechou em queda pelo segundo dia consecutivo, na região dos 130 mil pontos, oposto ao exterior, pressionada pelas ações ligadas ao minério de ferro e petróleo, que têm peso relevante no índice. O mercado fica no aguardo dos indicadores de inflação ao consumidor aqui e nos Estados Unidos.

A Vale (VALE3) caiu 1,51% acompanhando a queda do minério de ferro na China e o Itaú BBA atualizou projeções para a mineradora. A recomendação outperform (compra) foi mantida, mas ajustou o preço-alvo para US$18 por ADR, contra US$ 19 anteriormente.

A Petrobras (PETR 3 PETR4) recuou 0,98% e 0,91% em linha com a queda do petróleo no mercado internacional. As ações da Petrorio (PRIO3) ficaram entre as maiores baixas do índice, com 4,17%

O principal índice da B3 caiu 0,46%, aos 130.841,09 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro recuou 0,42%, aos 132.000 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,5 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.

Bruna Sene, analista da Nova Futura investimentos, disse que as commodities em queda e a expectativa para a divulgação de amanhã derrubam a Bolsa.

“O minério e o petróleo em queda pesam no Ibovespa. O novo ataque no Mar Vermelho fez o petróleo subir no período da manhã, depois caiu com a divulgação do estoque de petróleo nos EUA [subiu em 1,3 mi de barris para 432,4 mi, previsão era queda de 600 mil]; o mercado espera para amanhã os dados de inflação CPI, um balizador para calibrar as expectativas e as apostas esfriaram para o corte de juros em março. Em relação ao IPCA de dezembro, a nossa expectativa é de variação de 0,46%”.

Bruna disse que em relação às ações, o setor cíclico está mais volátil e os papéis de Alpargatas (ALPA4) caíram 3,04%, após a previsão de queda no volume de vendas no 4T23 aqui e no exterior pelo Citi. No entanto, elevaram o preço-alvo da ação de R$ 8,70 para R$ 9,70.

Já os destaques positivos ficaram para as ações de Eletrobras (ELET3 e ELET6), subiram 2,59% e 3,03% com o mercado trabalhando com a possibilidade de derrota do governo na ação direta de inconstitucionalidade em relação ao modelo de privatização da companhia, disse Bruna.

Os papéis da Embraer (EMBR3) fecharam em alta de 3,65%, após anúncio de que operadora OnFlight, em Ohio, recebeu aprovação para atuar como autorizada da fabricante de jatos comerciais

Lucca Ramos, sócio da One Investimentos, disse que a Bolsa está volátil em dia de queda do setor de siderurgia e mineração e, os investidores, estão na expectativa dos dados de inflação aqui e nos Estados Unidos.

“O principal drive do mercado são os dados de inflação que saem amanhã (11), IPCA no Brasil e CPI lá fora; o mercado está apreensivo com o índice de preços ao consumidor americano, depois de um payroll forte e a preocupação é se vier acima do esperado; para maio a probabilidade é de 60% de corte nas taxas de juros [EUA], uma precificação bem relevante; aqui, depois de um IPCA-15 de dezembro desafiador [subiu 0,40% contra a expectativa de 0,27%], a expectativa é grande para o resultado do IPCA. O fiscal segue no radar”.

Mais cedo, Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que o mercado está em modo de espera para a inflação aqui -IPCA- e nos EUA -CPI-.

“O mercado está bem próximo do zero em dia de commodities mistas, com queda do minério que impacta negativamente na bolsa e o petróleo em alta. A Vale, com peso relevante no índice, tem sofrido nos últimos dias e o mercado. O Brasil está aproveitando o movimento de dólar fraco e os investidores acompanham de perto a reoneração da folha de pagamento no Congresso. Fora o fiscal doméstico, amanhã promete dia importante para o mercado com os dados de inflação aqui e nos EUA a volatilidade do petróleo continua alta-dias de forte alta e outro de queda, acompanhar o ativo para o rumo do mercado”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,30%, cotado a R$ 4,8915. Na falta de um driver específico, além das agendas esvaziadas tanto aqui quanto lá fora, o mercado refletiu a espera pelo índice de preços ao consumidor (CPI) de dezembro, nos Estados Unidos, que será divulgado amanhã.

“Os investidores continuam aguardando os dados de inflação tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. O dólar atenuou um pouco a queda que observada na abertura, mas o volume continua um pouco abaixo da média, corroborando esta tese. Os dados de estoque de petróleo tiveram impacto no mercado, mas acabou afetando mais as commotidies e o mercado de ações”, avalia o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta seguindo os Treasuries, que refletemja se posicionando para um relatório do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de dezembro que deve ser divulgado amanhã. A expectativa é de uma tendência de desaceleração, o que deve aproximar o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) do fim do seu ciclo de aperto.

O DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,140% de 10,125% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,800% de 9,775%, o DI para janeiro de 2027 ia a 9,896%, de 9,805%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,130% de 10,130% na mesma comparação.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo positivo, com os investidores aguardando a divulgação de novos dados de inflação nos Estados Unidos e o início da temporada de balanços corporativos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,45%, 37.695,73 pontos
Nasdaq 100: +0,75%, 14.969,6 pontos
S&P 500: +0,56%, 4.783,45 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA