Bolsa fecha em queda por balanços piores que o esperado, mas na semana registra ganho de 1,44%; dólar sobe

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São Paulo – A Bolsa fechou em queda expressiva de 1,17%, aos 106.344,54 pontos, mas na semana registrou alta de 1,44%. O pessimismo na sessão desta sexta-feira foi o resultado de balanços corporativos da Magazine Luiza (MGLU3) e do Grupo Natura (NTCO3), que vieram abaixo das expectativas do mercado, e os dados fracos do setor de serviços-perderam de 0,6% em setembro ante agosto também foram frutos de mau humor na B3. Esse movimento negativo antecede o feriado na segunda-feira (15) por aqui em que o Ibovespa não funcionará.

As ações do Grupo Natura (NTCO3) caíram 17,54% e Magazine Luiza (MGLU3) perderam 18,31% e foram os destaques de queda no Ibovespa. Por outro lado, a varejista Americanas (AMER3) ficou entre as maiores altas do índice-ganho de 5,82%- devido aos bons resultados.

Segundo Matheus Lima, analista da Top Gain, os balanços corporativos e os dados do setor de serviços foram os responsáveis pela baixa no índice nessa sessão de véspera de feriado. “Após a queda forte da primeira metade do pregão, o mercado provavelmente já atingiu o fundo que queria e agora pode ficar nessa faixa de preço até o fim dos negócios. Com o feriado na segunda, muitas instituições não gostam de ficar posicionadas, principalmente com exposição em Brasil devido às notícias que podem sair nesse período”.

Um outro analista do mercado financeiro que não quis se identificar disse que “Natura e Magazine Luiza são os principais destaques negativos, principalmente a primeira, com resultado abaixo do esperado, com margens ruins em todos os negócios e mudança de guidance, que foi adiado. A queda de hoje indica que possivelmente tem algum desmonte de posição”.

Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, comentou que a queda na Bolsa reflete os balanços divulgados entre ontem e hoje. “Os resultados de Magazine Luiza e Natura, que vieram piores que o esperado pelo mercado, ajudam a puxar o Ibovespa para baixo”. Gonçalvez acrescentou que os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4), que têm forte peso no Ibovespa, chegaram a contribuir para a queda do índice mais cedo, mas reverteram o movimento e fecharam com alta expressiva (1,83% e 2,04%).

O CEO da Box Asset Management ressaltou que Magazine Luiza registra forte queda “por conta do descontentamento do investidor diante à expectativa da retomada de lojas físicas. Com a retomada da vacinação, esperava-se mais vendas nas lojas físicas”. Em relação ao Grupo Natura, houve queda no seu lucro líquido-R$ 269,6 milhões no trimestre, resultado de 28,6% inferior perante o mesmo período do ano passado. “O prejuízo foi por conta de insumos, aumento da inflação e dificuldades do setor”.

Os balanços corporativos estão pesando no movimento do mercado de ações dessa sexta-feira, segundo uma fonte que não quis se identificar. “Os papéis do Grupo Natura (NTCO3) e Magazine Luiza (MGLU33), que têm peso de 0,5% e 0,8% no índice, estão fazendo estragos no pregão de hoje”, comentou. Os dois balanços foram decepcionantes, de acordo com o analista.

O dólar comercial fechou em R$ 5,4580, com alta de 0,99%. Isso se deve à véspera de feriado no Brasil, com o mercado adotando uma posição mais defensiva e evitando correr riscos. Ainda assim, a moeda norte-americana apresentou desvalorização de 1,16% nesta semana.

Segundo o head de análise macroeconômica da GreenBay Investimentos, Flávio Serrano, “após uma semana de forte correção, o mercado está adotando uma postura mais defensiva pré-feriado”. Ele também pontua que, além do fator doméstico, a sexta apresenta um movimento global de valorização do dólar.

Quanto ao aumento da Selic, Serrano não acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) irá pisar no acelerador: “Não adianta subir tanto os juros, pois quase tudo já foi feito pelo Banco Central (BC). A atividade mais fraca diminui as chances da Selic (taxa básica de juros) mais agressiva”, projeta.

Para o analista da Levante Investimentos, Enrico Cozzolino, “o viés é de um mercado não tão forte, o mercado já precificou a inflação e a quebra do teto fiscal”. O analista diz, ainda, que a não ser que haja uma piora do cenário, o dólar não deve oscilar.
Cozzolino acredita que o câmbio está sendo corrigido: “Nestas subidas, teve distorções, o mercado também exagerou, e agora o prêmio de risco foi ajustado”, opina.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam de lado, após uma abertura mista com decepção com os dados de Vendas ao Varejo locais de setembro, divulgadas ontem, setor de serviços abaixo das expectativas de mercado e incertezas acerca da inflação global.

O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 8,472% de 8,450% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 11,965%, de 11,960%; o DI para janeiro de 2025 ia a 11,740%, de 11,790% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,640% de 11,690%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo em uma tentativa de se recuperar das perdas recentes da semana após dados de inflação.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,50%, 36.100,31 pontos
Nasdaq Composto: +1,00%, 15.861,0 pontos
S&P 500: +0,72%, 4.682,85 pontos