Bolsa fecha em queda pelo segundo dia pautada pelo exterior; dólar tem leve alta

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Mercado Gráfico Percentual
Foto: Svilen Milev / freeimages.com

São Paulo – A Bolsa fechou em queda pelo segundo dia consecutivo, na região dos 128 mil pontos. O pregão foi marcado pelo mau humor externo com dados das maiores economia maiores do mundo.

Na China, o resultado do PIB abaixo do esperado mostra uma recuperação lenta da economia do país, e nos Estados Unidos acende a dúvida sobre o início do ciclo de corte de juros, após os dados fortes de vendas no varejo e falas de diretores do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). As ações da Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 e PETR4) tiveram mais um pregão no negativo

Mais cedo foram divulgadas as informações do Livro Bege-relatório do Fed sobre as condições econômicas das 12 principais regiões dos EUA-que reportou que a maioria dos distritos vê perspectiva de queda na inflação em 2024.

A Vale (VALE3) caiu 1,65%. Petrobras (PETR 3 e PETR4) perdeu 0,83% e 0,57% em uma sessão negativa para o petróleo.

As vendas no varejo nos Estados Unidos subiram 0,6% em dezembro na comparação mensal enquanto a estimativa era de queda de 0,6%

Na China, o Produto Interno Bruto (PIB) do 4T23 veio levemente abaixo das expectativas na comparação anual-subiu 5,2% e a previsão era de 5,6%, no quarto trimestre cresceu 1%.

O principal índice da B3 caiu 0,59%, aos 128.523,83 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro perdeu 0,59%, aos 129.300 pontos. O giro financeiro foi de R$ 33,8 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em baixa.

Elcio Cardozo, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital, disse que o Ibovespa recua influenciado pelos mercados internacionais, após dados fracos da economia chinesa e de indicadores nos Estados Unidos.

“O dado de vendas no varejo nos Estados Unidos acima do esperado acendeu o alerta sobre uma possível resistência do movimento baixista inflacionário, o que pode adiar o início do ciclo de baixa de juros por lá, que alguns analistas mais otimistas preveem começar em março. A tensão no Mar Vermelho pode impactar na inflação e nos juros globais e isso tem feito preço nas últimas sessões; as ações de empresas atreladas às commodities [Petrobras e Vale] e com peso no índice pesam no desempenho do Ibovespa”.

Cardozo destacou a ação de SLC Agricola (SLCE3), que liderou os ganhos no índice (+3,86%), e ontem foi o único papel que fechou em alta no pregão de ontem.

“O movimento altista é reflexo de um intenso fluxo comprador no papel. Hoje, a companhia divulgou que um grupo de acionistas passou a deter 5,36% das ações da companhia”.

Outro destaque positivo é a Natura (NTCO3), subiu 2,63%. A tendência de alta do ativo se dá desde outubro, após um período de lateralização nos preços.

Entre as ações em baixa, os destaques ficam para as petroleiras devido ao recuo da cotação do petróleo no mercado internacional.

Bruna Sene, analista da Nova Futura Investimentos, disse que os dados da China piores e dos Estados Unidos mais fortes mexem com os ativos de risco, no curto prazo. Os investidores seguem calibrando as expectativas sobre as taxas de juros na maior economia do mundo.

“O PIB ruim da China afeta as [commodities] metálicas na nossa bolsa e as vendas no varejo mais forte que o esperado nos EUA acabam ampliando o efeito Waller [membro do Fed, Christopher, disse que ainda é cedo para reduzir as taxas] de ontem. Isso frusta as expectativas [mercado] de que o corte de juros já comece agora em março. O mercado deve acompanhar as falas de dirigentes do Fed pra colher pistas [sobre os juros] e o Livro Bege”.

A analista da Nova Futura Investimentos ressaltou que as ações do Ibovespa que sobem são as defensivas-algumas ações de energia elétrica, saneamento, comunicação, bancos perto da estabilidade.

“Os papéis de BBSeguridade avançam mais porque tem um perfil mais defensivo; Klabin e Suzano estão pra cima favorecidas pela alta do dólar; já Petrobras, Vale e cíclicas estão sofrendo um pouco mais”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,10%, cotado a R$ 4,9295. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o temor de que os juros nos Estados Unidos permaneçam altos por mais tempo.

Para o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, o mercado “caiu na real”: “Janeiro jogou um balde de água fria na expectativa do corte dos juros em março”, avalia.

O head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, acredita que o ciclo de corte irá começar apenas no segundo semestre, o que reflete na valorização das Treasuries curtas e longas.

As taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) de curto prazo fecharam a quarta-feira com leves baixas no Brasil, enquanto as de longo prazo subiram, em meio a movimentos técnicos e a novas altas dos rendimentos dos Treasuries no exterior, após a divulgação de dados positivos do varejo e da indústria dos Estados Unidos e de novos comentários do Federal Reserve sobre a economia norte-americana. As informações são da “Reuters”.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,115%, ante 10,131% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,785%, ante 9,796% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 estava em 9,955%, ante 9,95%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,205%, ante 10,193%. Os contrato para janeiro de 2031 marcava 10,6%, ante 10,581%.

Perto do fechamento a curva a termo precificava 99% de chances de o corte da taxa básica Selic no fim de janeiro ser de 0,50 ponto percentual. Atualmente a Selic está em 11,75% ao ano.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo negativo, indicando que não há alívio em janeiro, já que o otimismo dos investidores em relação aos cortes nas taxas de juros recebeu uma dose de realidade após novos dados econômicos e as preocupações sobre a economia da China aumentaram.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,25%, 37.266,67 pontos
Nasdaq 100: -0,59%, 14.855,6 pontos
S&P 500: -0,56%, 4.739,21 pontos

Com Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência CMA

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