Bolsa fecha em queda pelo 9º pregão seguido e na semana acumula perda e 1,20%; dólar encerra a R$ 4,906

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Imagem perspectiva mercados
Indicadores da Bolsa de Valores

São Paulo- A Bolsa fechou em queda pela nova sessão seguida, em todos os pregões de agosto, empurrada pelas ações de peso no índice como Petrobras (PETR4) em meio ao lançamento do novo PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] lançado hoje pelo governo federal e recuo de Vale (VALE3) ainda sob os efeitos da China.

Os investidores ficam à espera da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na próxima quarta-feira (16). O Ibovespa fecha a segunda semana em queda de 1,20%

A ação preferencial da Petrobras (PETR4) caiu 0,22% e Vale (VALE3) perdeu 0,83%.

Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o IPCA, que subiu 0,12% e ficou acima das expectativas de alta de 0,07%. No acumulado do ano até julho, a alta foi de 3,99%. O Ibovespa chegou a subir refletindo esse dado mostrando a desaceleração dos serviços e do núcleo.

O principal índice da B3 caiu 0,24%, aos 118.065,14 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto subiu 0,06%, aos 118.185 pontos. O giro financeiro foi de R$ 24,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Celso Fonseca, head de renda variável da Venice Investimentos, disse que as commodities estão derrubando a Bolsa e o mercado fica em compasso de espera para a ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) para tomar uma direção.

“A Petrobras virou para o negativo e reflete o medo de a empresa voltar a ser a Petrobras de antes. O grande risco é a ingerência por conta da ligação com as obras do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]; as falas de Prates [Jean Paul Prates] pela manhã também mostraram um alinhamento mais firme com o governo e pode ter influenciado; a Vale estava segurando um pouco, chegou a bater a máxima de R$ 66,38, mas caiu mais de um real em meio aos dados da China mais fracos durante a semana; outro fator que gera expectativa no mercado é a do ata do Fed semana que vem e todo mundo quer saber se o bc americano vai parar de subir juros”.

Vinicius Steniski, analista de ações do TC, disse que o Ibovespa cai puxado por Petrobras e Vale. “A estatal passou a cair com o anúncio do novo PAC em que a Petrobras irá investir em torno de R$ 300 bilhões, vai sair do caixa da cia, a Vale acentuou a queda ainda por conta da China, ainda não foi concretizado o pacote de estímulos do governo; entre ontem e hoje saíram vários resultados referente ao 2T23 e o mercado vai digerindo alguns resultados; algumas ações vão mostrando volatilidade como como é o caso de Via que chegou a subir 7% e agora passou a ter alta de 1%. Os investidores que buscam posicionamento, recomenda-se ter bastante cuidado”.

Um analista de uma gestora de investimentos disse que a Bolsa virou para a queda com “a piora de Petrobras e Vale e a liquidez está baixa; sexta-feira também inibe os investidores a fazem negócios”.

Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a Bolsa reflete o IPCA e a alta da Petrobras. “Os pontos positivos do IPCA foram a desaceleração do núcleo e serviços, o geral veio acima do consenso; as ações da Petrobras sobem e ajudam a Bolsa, mas o cenário é difícil para a empresa e hoje teve fala do Lula um pouco mais forte que sugere cautela do mercado, mas apesar disso a Petrobras avança; o fato de os bancos não estarem realizando também ajudam”.

Helena Veronese, economista-chefe da B. Side Investimentos, disse que o IPCA veio mais pressionado que o mercado esperava pelo fator combustíveis, mas os núcleos ainda tiveram um bom resultado.

“É uma inflação prioritariamente por conta dos combustíveis, com a mudança da alíquota de PIS/Cofins, somente o Grupo Transportes teve impacto de 0,31% na inflação; já os grupos que contribuem para a inflação menos forte, como alimentação e habitação seguem em queda. O dado importante é que o acumulado em 12 meses voltou a acelerar e isso não acontecia desde 2022, passou de 3,16% para 3,99%, mas não é sinalização de deterioração da inflação, é saída da desoneração dos combustíveis no ano passado; o comportamento dos núcleos ainda é bom; o núcleo desacelerando para 0,18% de 0,20%; [grupo] serviços desacelerou bem, veio em 0,25%, de 0,62%; com a pressão dos combustíveis pode aumentar a discussão se a Petrobras vai reajustar os combustíveis da defasagem com os preços internacionais; a inflação não preocupa ainda e em termos de Selic não muda, acalma um pouco a visão de que o mercado pode precificar cortes maiores”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,48%, cotado a R$ 4,9061. A moeda refletiu, ao longo de toda a sessão, as dúvidas do mercado sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Na semana, a moeda teve valorização de 0,64%.

Para o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, o mercado está de lado hoje, na falta de notícias. O driver, contudo, ainda é externo.

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, observa que o movimento também mostra o aumento dos juros dos Treasuries (títulos do Tesouro dos Estados Unidos), e que o PPI exerce pressão para a moeda norte-americana ganhar força.

O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que teve alta de 0,3% em julho ante julho, acima das projeções de +0,2%.

A economista, contudo, explica que o mercado ainda precifica que o Fed não irá subir os juros na próxima reunião da instituição, em setembro, o que dá certo alívio ao real.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda, repercutindo dados positivos do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Apesar de pior headline, a abertura foi boa, especialmente por conta de uma desaceleração relevante de serviços subjacentes. A inflação de serviços resiliente é sempre citada pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, com preocupação.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,425 % de 12,430% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,325 % de 10,385 %, o DI para janeiro de 2026 ia a 9,820 %, de 9,845 %, e o 9,995% de 10,005 % na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta sexta-feira em campo misto, com o Nasdaq registrando sua segunda semana consecutiva de quedas em 2023. A liquidação de ações de semicondutores impactou negativamente o Nasdaq, enquanto investidores seguem digerindo os últimos dados de inflação.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,30%, 35.281,40 pontos
Nasdaq 100: -0,68%, 13.645 pontos
S&P 500: -0,10%, 4.464,05 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Larissa Bernardes / Agência CMA