Bolsa fecha em queda pelo 2º dia com alta nos juros futuros e descola de NY; dólar sobe

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São Paulo -A Bolsa fechou pelo segundo dia no negativo, descolada de Nova York, pressionada pelos juros futuros, após o dado de vendas no varejo mostrar avanço contra projeção de queda. Os papéis das elétricas tiveram mal desempenho puxada pelo recuo nos preços de energia de longo prazo.

As ações Eletrobras (ELET3 e ELET6) caíram 4,61% e 4,40%. Copel (CPLE6) registrou queda de 3,75%. Petrobras (PETR3 e PETR4) baixou 0,90% e 0,73%.

O principal índice da B3 recuou 0,51%, aos 127.396,35 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril caiu 0,63%, aos 127,485 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,4 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que o Ibovespa sentiu o peso da alta dos juros futuros, descolado das bolsas de Nova York.

“As vendas no varejo em fevereiro reforçaram a força da atividade econômica e, mesmo após o IPCA mais fraco revelado ontem, ajudou na reprecificação já em curso nos contratos futuros de juros, que embutem uma maior chance de desaceleração do ritmo ou até mesmo uma pausa na queda da Selic próximo do patamar de 10%”.

Gabriel Meira, economista da Valor Investimentos, disse que o avanço na curva de juros pressiona o Ibovespa.

“O crescimento de vendas no varejo de 1% contra uma estimativa de recuo de 1,2% impactou nos juros futuros. O dado mostra que a economia está pujante e com isso o Copom deve pausar ou até encurtar o ciclo de afrouxamento monetário”.

Marcelo Boragini, sócio e especialista em renda variável da Davos Investimentos, disse que a inflação dos Estados Unidos ainda reflete no mercado.

“O Ibovespa segue em terreno negativo [com o mercado] ainda digerindo o CPI de ontem nos Estados Unidos. O PPI de hoje surpreendeu positivamente. A Eletrobras cai puxada pela queda nos preços de energia no longo prazo-recuo de 6,6% na semana e 10,4% no mês”.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse que o mau humor segue na Bolsa ainda refletindo o CPI de ontem.

“Apesar de um PPI mais fraco [subiu 0,2% ante previsão de +0,3%], a inflação ao consumidor de ontem não mudou o pessimismo de ontem e o mercado aposta em um corte em julho ou setembro. Somado a isso, aqui, mesmo o IPCA [Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo] de março cheio ter vindo bom ontem [subiu 0,16% e a projeção era de 0,25%], os serviços subjacentes ainda estão em patamar alto e as vendas no varejo forte deixam o trabalho do Banco Central complicado. Outro ponto são as commodities que não ajudam-petróleo cai”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,23%, cotado a R$ 5,0899. A moeda refletiu, ao longo da sessão, as incertezas sobre a política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), e como isso deve retardar o início do corte de juros nos Estados Unidos.

Para o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, os resultados recentes da economia norte-americana podem fazer com que o Comitê de Política Monetária (Copom) diminua o ritmo dos cortes da Selic (taxa básica de juros), com a intenção de frear a saída de fluxo estrangeiro, que tem prejudicado o real.

De acordo com o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, “hoje vemos volatilidade, e a moeda ligada ao mercado internacional, tentando encontrar um novo patamar. Do ponto de vista estrutural, não vemos mudança na moeda. Deve acontecer uma correção nas próximas semanas”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta. As taxas estão tensionadas desde ontem por conta de dados de inflação acima da previsão. hoje, divulgação dos preços ao produtor (PPI, sigla em inglês) mostrou dados mais fracos – subiu 0,2% e a projeção era de +0,3%.

Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,075%, de 10,020% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 10,225 de 10,175%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,540%, de 10,510%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,840% de 10,840% na mesma comparação. No mercado futuro de câmbio, o dólar comercial operava de lado, cotado a R$

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, com as ações das big techs liderando uma recuperação após uma venda acentuada provocada pelo aumento surpresa do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) ontem.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,01%, 38.459,08 pontos
Nasdaq 100: +1,68%, 16.442,2 pontos
S&P 500: +0,74%, 5.199,06 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News