Bolsa fecha em queda pelo 12º pregão seguido e dólar encerra a R$ 4,986 com ata hawkish do Fed

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São Paulo -A Bolsa tentou, mas não conseguiu encerrar no positivo. O Ibovespa fechou em queda pela 12 sessão consecutiva e no patamar dos 115 mil pontos, visto a última vez em junho, seguindo o exterior após a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de julho vir mais hawkish [dura] que o mercado esperava.

No documento, os membros disseram que estão preocupados com a inflação e indicam que os juros podem aumentar, mas ficam as incertezas que isso pode trazer para a economia do país.

O Ibovespa passou praticamente todo o pregão em alta sustentado pelas ações da Petrobras (PETR 3 e PETR4) e na reta final dos negócios passou a cair. Os papéis da Petrobras (PETR 3 PETR4) subiram 2,92% e 2,20%.

O principal índice da B3 caiu 0,49%, aos 115.591,52 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 0,48%, aos 116.355 pontos. O giro financeiro foi de R$ 40 bilhões. Na máxima do interdiário, o índice atingiu 117.337,65 pontos. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que a ata do Fed veio com um “tom bem hawkish, com vários membros pontuando que o risco de inflação ainda é eminente e sinalizam que isso pode requerer novos aumentos de juros, o impacto foi direto no mercado com as treasuries subindo e derrubando as bolsas aqui e lá fora”.

Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos, ressaltou alguns pontos importantes da ata divulgada mais cedo. “Alguns dirigentes consideram a inflação mais alta e disseram que é necessárias mais evidências para acreditar que os preços estão perdendo força, a maioria diz que os riscos de inflação podem pedir eventuais aumentos de juros, a desaceleração gradual da atividade parece estar acontecendo e o mercado de trabalhado segue apertado apesar de sugerir melhor equilíbrio da demanda, os próximos dados econômicos serão fundamentais para decidir os próximos passos do Fed”.

Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, disse que a ata do Fed trouxe detalhes em relação ao cenário econômico dos Estados Unidos. “Os diretores seguem preocupados com o cenário inflacionário, apesar de considerarem a desaceleração da inflação corrente; eles citam a possibilidade de um aperto adicional para garantir essa convergência da inflação e que isso representaria uma queda adicional para a atividade econômica; o mercado fez uma leitura de mais um aperto monetário neste semestre com as taxas para um patamar entre 5,50% -5,75%; mais o mercado reduziu um pouco essa probabilidade. Os dirigentes ainda vão acompanhar os dados de inflação e mercado de trabalho”.

Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, disse que as ações de peso puxam o Ibovespa, mas a China segue no radar. “O teto de Bolsa é entre 116 mil e 117 mil pontos e tem um ajuste com leitura de preços mais justos para Petrobras, Vale e bancos e ajudam o Ibovespa; o mercado está precificando o desentendimento entre Lira e Haddad e compromete o arcabouço fiscal devemos ficar de olho na China porque influencia muito no Brasil [China é maior parceiro comercial do Brasil], os investidores estão perdendo confiança no país em meio aos dados ruins de sua economia”.

Velloni disse que a ata do Fed não deve mexer com o mercado. “O Fed vai deixar em aberto sobre os números, mas deve sinalizar pausa nos juros”. O dólar comercial fechou estável, cotado a R$ 4,9869. O movimento reflete a cautela do mercado quanto aos próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Segundo o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, a ata reforçou o cenário de incertezas se o aumento dos juros já foi suficiente ou futuros ajustes serão necessários: “Os dirigentes do Fed têm dúvida sobre a dosagem do aperto”, avalia.

Serrano acredita que, no cenário atual, é pouco provável que o Fed promova um novo um novo aumento dos juros na próxima reunião, em setembro, e que talvez o ciclo contracionista já tenha chegado ao fim.

O economista entende que o patamar “justo” do dólar fique na faixa entre R$ 4,80 e 4,90, e que o início dos cortes na Selic (taxa básica de juros) e manutenção dos juros nos Estados Unidos tendem a fazer com que a moeda estadunidense chegue ao término de 2023 na casa dos R$ 5,00.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em leve alta, bem perto da estabilidade, após divulgação da ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) considerada mais hawkish (em tom mais duro) pelo mercado.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,450 % de 12,460% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,510 % de 10,500 %, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,065 %, de 10,025 %, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,255 % de 10,200 % na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda, enquanto os investidores tentaram assimilar um resumo da reunião de julho do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que indicou a possibilidade de taxas de juros mais altas.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,52%, 34.765,74 pontos
Nasdaq 100: -1,15%, 13.475 pontos
S&P 500: -0,75%, 4.404,33 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA