Bolsa fecha em queda de mais de 2% com susto da Ômicron; dólar vai a R$ 5,7410

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São Paulo – A Bolsa encerrou os negócios desta segunda-feira em forte queda de mais de 2% seguindo o pessimismo no exterior com os investidores preocupados com o avanço da variante Ômicron e as consequência na economia global. A liquidez ficou reduzida pela proximidade das festas de fim de ano. 

Por aqui, os investidores também repercutiram a notícia sobre o aumento do valor o Auxílio Brasil e o adiamento, para amanhã (22), da votação do Orçamento de 2002. 

O principal índice da B3 caiu 2,03%, aos 105.015,04 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro perdeu 1,87%, aos 106.450 pontos. O giro financeiro foi de R$ 25 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda de mais de 1%. 

As ações das empresas ligadas às commodities tiveram expressiva perda. Com o recuo do petróleo, os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) fecharam em baixa de 1,91% e 2,86%, nessa ordem. As ações da Vale (VALE 3), Usiminas (USIM5) e da CSN (CSNA3) encerraram em queda de 1,12%, 5,59% e 6,91%, respectivamente, apesar do minério de ferro ter ligeira alta em Dalian. 

Os papéis da CVC (CVCB3) foram destaque de queda no índice- 8,75%- com a suspensão temporária da Itapemirim (ITA). 

Para Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, a Bolsa está acompanhando o mau humor no exterior por conta da variante Ômicron e “o mercado já está vendo que vai ter mais desafios fiscais e políticos”. E acrescentou que “a notícia de que o Auxílio Brasil pode aumentar por causa da baixa popularidade de Bolsonaro também mexe com o mercado”. 

Davi Lelis, economista da Valor Investimentos, comentou que os investidores se preocupam com a disseminação da variante Ômicron, que têm causado novos lockdowns em vários países e “puxam para baixo o Ibovespa e as bolsas ao redor do mundo no pregão de hoje. Com as novas restrições, os mercados ficam mais receosos de qual vai ser a trajetória em 2022”. 

Para a equipe de analistas da Terra Investimentos, o Ibovespa segue as perdas nas bolsas globais “diante da turbulência na política dos Estados Unidos e aumento das preocupações com a nova onda da covid-19”. O senador democrata, Joe Manchin, afirmou que não apoiará o pacote de US$ 2 trilhões do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, indicando um revés na política econômica do país. 

O dólar comercial fechou em R$ 5,7410, com alta de 1,00%. A moeda norte-americana refletiu os efeitos das tensão global com a variante Ômicron e, em segundo plano, as incertezas sobre o orçamento de 2022, que reacende o alerta fiscal. 

De acordo com a economista e estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, “ainda existe muita incerteza e cautela com a avanço da Ômicron, e isso pode ter impacto na retomada econômica”. 

Quartaroli acredita que, além da aversão ao risco global, os problemas domésticos persistem: “O mercado teme os gastos exacerbados do governo às vésperas das eleições. Este pano de fundo ajuda a enfraquecer o real”, ressalta. 

Segundo o sócio da Top Gain, Leonardo Santana, “o dólar está desvalorizado, mas aqui está estável. Enquanto estiver assim, tudo bem”. Ele analisa, contudo, que a sessão pode apresentar volatilidade. 

Os problemas econômicos que a Ômicron poderia causar acende o sinal amarelo: “Isso faz o mercado pensar que os Estados Unidos poderiam manter o incentivos à economia, já que o risco de um novo lockdown é real”, opina. 

Para o analista de risco da Ajax Capital, Rafael Passos, “existe stress com a Ômicron, voltando um passo na reabertura, além do risco crescente de um novo lockdown”. 

Passos também acredita que a situação nos Estados Unidos é delicada, com o risco do pacote de US$ 2 trilhões não ser aprovado: “Ontem, em entrevista na Fox News, o senador Joe Manchin disse que não deverá apoiar o Build Back Better Act, encerrando os planos dos democratas de votar a agenda econômica neste ano”, comenta. Além da maioria no congresso, para ser aprovado o projeto necessita de 100% de apoio do Partido Democrata. 

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) abriram em alta, mas já operam em forte queda, com o mercado se readequando aos preços das commodities, principalmente petróleo. 

O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 9,154%de 9,148% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 11,540%, de 11,790%, o DI para janeiro de 2025 ia a 10,505%, de 10,755% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,460% de 10,620%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar com vencimento para janeiro operava em alta, cotado a R$ 5,74 para venda. 

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, com quedas acima de 1%, à medida que os investidores seguem preocupados com o aumento da disseminação da variante Ômicron, o que pode restringir o crescimento econômico e pressionar a inflação. 

Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento: 

Dow Jones: -1,23%, 34.932,16 pontos

Nasdaq Composto: -1,24%, 14.980,9 pontos

S&P 500:  -1,13%, 4.568,02 pontos