Bolsa fecha em queda de 2,09%, retoma faixa dos 119 mil pts, com blue chips e exterior; dólar sobe

563

São Paulo – A Bolsa fechou em forte queda de 2,09%, perdeu mais de 3 mil pontos, em um movimento de realização em dia de correção das ações da Petrobras (PETR3 e PETR4), após altas recentes e em meio à repercussão do relatório mais fraco de produção da estatal do segundo trimestre e expectativa sobre a política de preços da empresa.

O recuo de Vale (VALE3), do setor financeiro e a piora do mercado externo também contribuíram para a queda do Ibovespa.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 5,62% e 5,19% e o relatório divulgado ajudou nesse movimento. A estatal registrou, no Brasil, produção de 2,603 milhões de boed, uma queda de 0,5% se comparando com o mesmo período de 2022 e perda de 1,4% ante o primeiro trimestre deste ano. No exterior, a produção foi de 35 mil boed, baixas de 5,4% e 2,8% nas mesmas bases de comparação.

A Vale (VALE3) caiu 1,86% com o recuo do minério de ferro e expectativa para o resultado da companhia no 2T23, que será divulgado após o fechamento. Os bancos caíram mais de 2%, à exceção do Santander (SANB11) que perdeu 3,23%. Os destaques positivos ficaram para os papéis de Assai (ASAI3) e SLC Agrícola (SLCE3) com altas de 4,89% e 3,14%, nessa ordem.

O principal índice da B3 caiu 2,09%, aos 119.989,64 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto recuou 2,00%, aos 120.730 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no negativo.

Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que o Ibovespa tem um movimento de realização de lucros puxado por Petrobras e Vale, que juntas representam quase 25% da Bolsa. “A Petrobras subiu muito nos últimos dias e hoje passa por correção impulsionada pelo relatório de produção ruim; a Vale cai com o minério de ferro e com expectativa na divulgação de resultado do 2T23 da mineradora, muitos investidores posicionados na ação podem vender porque o balanço pode ser uma ‘surpresa’; os bancos também caem mais por falta de apetite de comprador”.

O analista da Ouro Preto disse que Petrobras sinalizando queda de produção “pode ser que aconteça o mesmo nas outras petroleiras, é o efeito cascata”.

Bruna Sene, analista de investimentos da Nova Futura Investimentos, disse que a Bolsa está corrigindo as altas recentes “com a realização da Petrobras após seis altas seguidas, Vale com o minério em queda e o mercado menos otimista com os estímulos na China e os bancos; o setor de consumo cíclico tem movimento misto e os destaques importantes ficam para a alta do Assai (ASAI3), com resultado acima das expectativas de acordo com as principais casas de análises, e o avanço de SLC Agrícola (SLCE3) ajudado pela alta recente das commodities agrícolas”.

A analista de investimentos da Nova Futura Investimentos vê a possibilidade de o Ibovespa retomar a alta nos próximos dias.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que Bolsa está descolada do exterior em um movimento de realização “puxada pelas empresas de commodities que tiveram forte alta ontem, o setor financeiro também está em queda. Não há nenhuma notícia específica hoje, estamos em temporada de balanços com o mercado em compasso de espera para o resultado da Vale, após o fechamento, e ontem a Petrobras divulgou a prévia de produção”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,63%, cotado a R$ 4,7580. A moeda refletiu o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, que cresceu 2,4% no segundo trimestre ante projeções de +2,0%, o que poderia fazer com que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) continue o ciclo contracionista.

Para o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, a moeda estadunidense ganha força hoje, mas a tendência permanece de queda, com a moeda podendo chegar em R$ 4,65 na próxima semana.

“O dólar vai buscar os R$ 4,70, e certamente vai romper isso. Os mercados interno e externo estão ajudando com entrada de capital e apetite ao risco. O Brasil pode ganhar grau de investimento a qualquer momento”, avalia Nagem.

De acordo com o boletim da Ajax Research, “lá fora, a expectativa de que os juros nos Estados Unidos atingiram o seu pico e os bons resultados de empresas impactam positivamente os ativos de risco. Por aqui, ativos locais devem ter um dia positivo por conta do ambiente externo favorável”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) sobem. O movimento de hoje é explicado pela alta das treasuries (títulos do Tesouro Norte-americano), que reagem a dados fortes da economia dos Estados divulgados hoje – especialmente o Produto Interno Bruto (PIB) que cresceu 2,4% no segundo trimestre ante projeções de +2,0%.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,600 % de 12,615% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,620% de 10,605%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,095%, de 10,075%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,210% de 10,155% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta quinta-feira em queda, com os investidores realizando alguns lucros em ações importantes de tecnologia, como Microsoft e Apple. O encerramento negativo ocorreu após uma sequência histórica de 13 ganhos consecutivos no Dow Jones Industrial Average, que finalmente perdeu força nas últimas horas do pregão.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,67%, 35.282,72 pontos
Nasdaq 100: -0,55%, 14.050,1 pontos
S&P 500: -0,64%, 4.537,41 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Larissa Bernardes  / Agência CMA