Bolsa fecha em queda de 1,97% com fala de dirigentes do Fed; dólar sobe

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São Paulo- Em dia de forte aversão ao risco, a Bolsa fechou em queda de 1,97% perdeu mais de 2,5 mil pontos com as falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) sobre aperto monetário mais duro que a expectativa do mercado. Amanhã será divulgada a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, sigla em inglês).
A diretora do Fed, Lael Brainard, afirmou que o banco deve reduzir o balanço patrimonial em maio e subir os juros de forma metódica. O gerente-geral do banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), Agustín Carstens, afirmou que o mundo pode enfrentar uma pressão inflacionária.
Com as declarações, os juros por aqui foram pressionados e refletiram nas ações das varejistas e do setor de tecnologia. Os bancos também caíram em bloco. A Vale (VALE3) chegou a perder mais de 3% e encerrou em queda de 2,88% em um movimento contrário aos seus pares em Londres.
O principal índice da B3 caiu 1,97%, aos 118.885,15 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril perdeu 2,02%, aos 119.055 pontos. O giro financeiro foi de R$ 28,3 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no negativo.
Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos disse que a sessão de hoje é de aversão ao risco em que “os papéis de crescimento estão apanhando com a alta na curva de juros futuros e os bancos caem mostrando que a economia não está sustentando esse aumento de juros”.
Komura afirmou que o investidor doméstico está com “receio de um IPCA [Indice de Preços ao Consumidor Amplo] mais alto e os juros poderão ser reprecificados”. Na sexta-feira será divulgação a inflação oficial do País. Em fevereiro o IPCA subiu 1,01%.
O analista da Ouro Preto Investimentos disse que a alta de juros nos Estados Unidos também preocupa o mercado porque todos os dirigentes têm indicado que vai ter um aperto monetário mais intenso que o previsto. “Para a reunião de maio a elevação será de 0,50 ponto porcentual (pp); será que continuará a mesma magnitude para os outros encontros”.
As ações de Magazine Luiza (MGLU3), Americanas SA (AMER3) e Lojas Renner (LREN3) perderam 3,89%, 6,25% e 4,63%. Os papéis do Itaú (ITUB4), Bradesco (BBCD3 e BBDC4) recuaram 2,01%; 2,65% e 2,78%. O Banco Inter (BIDI11) caiu 8,89% e Santander (SANB11) desvalorizou 2,26%.
José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, comentou que o mercado está fraco “com baixa liquidez e falta de notícias aqui e lá fora; a expectativa por aqui está na indicação do presidente da Petrobras”. Gonçalves afirmou que os bancos “pressionam o índice e as varejistas caem com a alta dos juros futuros”.
Nelson Malacrida, assessor de renda variável da SVN Investimentos, comentou que os investidores “estão aguardando os novos passos para ver quem vai assumir a presidência da Petrobras”. Ontem, a desistência de Rodolfo Landim para o Conselho de Administração da companhia e o recuo de Adriano Pires para a presidência mexeram com as ações da empresa.
O dólar comercial fechou em alta de 1,12%, cotado a R$ 4,6610. A moeda norte-americana chegou a quebrar a barreira dos R$ 4,60, mas foi ganhando força ao longo da sessão, embalada pelas expectativas com a ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que será divulgada amanhã, e pelos ruídos na Petrobras.
De acordo com head de câmbio e sócio da Ethimos Investimentos, Lucas Brigato, “alguns diretores do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deram a entender que o aumento das taxas de juros na reunião de maio será de 0,5%, e isso vai ganhando força no mercado. À medida que isso acontece, aumenta a atratividade dos Estados Unidos”.
Brigato, contudo, ainda não vê um movimento de queda do real, ressaltando que o fluxo estrangeiro continua intenso e que ainda deve ocorrer mais um aumento de 1% na Selic (taxa básica de juros), em maio.
Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “hoje é um movimento de correção, com os investidores esperando a ata do Fomc, que será divulgada amanhã. O cenário de novos dos juros, em maio, não pode ser esquecido”.
Abdelmalack, contudo, não acredita em surpresas vindas dos Estados Unidos, e ainda vê o fluxo estrangeiro e o preço das commodities com força para fortalecer o real.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) operam em alta acompanhando temor do mercado em quebra na rede de fornecimento após lockdown na China.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,715% de 12,620% % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,000%, de 11,825%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,335%, de 11,095% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,085% de 10,855%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em queda, após a diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Lael Brainard, afirmar que o banco central deve adotar uma abordagem mais dura na política monetária, com aumento de juros e redução de balanços, visando o combate à inflação.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,80%, 34.641,18 pontos
Nasdaq 100: -2,25%, 14.204,2 pontos
S&P 500: -1,25%, 4.525,12 pontos