Bolsa fecha em queda de 1,66% com peso da inflação e commodities; na semana caiu 3,09%; Dólar sobe

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São Paulo – A Bolsa fechou em queda de 1,66% em dia de aversão ao risco global com a percepção dos investidores de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) siga com os juros altos por um período mais longo após os dados de hoje da inflação PCE norte-americana acima do consenso do mercado-subiu 0,6% em janeiro em base mensal, enquanto o mercado previa +0,5%; na comparação anual avançou 4,7% e a estimativa dos analistas era de+ 4,4%.

Na semana, o Ibovespa acumulou queda de 3,09%.

Atrelado a isso, os preços por aqui também preocupam. O Indice de Preços ao Consumidor 15 (IPCA-15), a prévia da inflação, subiu 0,76% em fevereiro e em 12 meses acumula alta de 5,63%.

E as ações ligadas às commodities também pesaram no Ibovespa. O destaque ficou para a Vale (VALE3), com participação de mais de 15% no índice, perdeu 2,19% acompanhando seus pares em Londres devido à queda do minério. A Petrobras (PETR3 e PETR4) teve queda de 1,49% e 2,18%. Os bancos caíram em bloco.

O principal índice da B3 caiu 1,66%, aos 105.798,43 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril perdeu 1,64%, aos 107.380 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,9 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.

André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, disse que o Ibovespa está refletindo o cenário de aversão ao risco no exterior, além do IPCA-15 por aqui.

“O PCE pior que o esperado leva o mercado a reprecificar os ativos de risco, fugindo deles e migrando para os mais seguros; com o indicador de hoje, a leitura é que a inflação está persistente nos EUA e o Fed deve continuar subindo os juros por lá e elevando a taxa básica acima do que o mercado esperava”.

Fernandes disse que há poucos destaques positivos no pregão de hoje, como por exemplo, as ações da Azul (AZUL4), que subiam 4,95% e “acreditamos que seja um movimento técnico”.

Os papéis de Magazine Luiza (MGLU3) também avançavam 1,40% “essa alta se deve ao balanço do Mercado Livre divulgado ontem e que apresentou ótimo resultado, ademais de uma elevação na recomendação do Citi para as ações da varejista”. Magazine Luiza divulga seu balanço no dia 9.

Bruna Sene, analista de investimentos da Nova Futura Investimentos, disse que o Ibovespa recua “derrubado pelo núcleo do PCE acima do esperado-subiu 0,6% em janeiro e o consenso era 0,5%- e como o índice é o mais analisado pelo Fed e o número veio mais elevado faz o mercado se ajustar e acreditar em um banco central mais conservador na condução da política monetária”.

A analista de investimentos da Nova Futura Investimentos acrescentou que a queda das commodities e a inflação por aqui também pesam no Ibovespa.

“O minério de ferro caiu mais de 2% em Singapura e está impactando na Vale (VALE3), que tem um peso importante no índice, e o petróleo virou para a queda e está refletindo na Petrobras (PETR3 e PETR4) e no setor todo; e aqui um banco central mais duro também pesa com o dado do IPCA-15; o setor cíclico caindo, à exceção de Magazine Luiza “.

O dólar fechou em alta de 1,16%, cotado a R$ 5,1980. O movimento refletiu o temor que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) alongue o ciclo contracionista nos Estados Unidos. Na semana, a moeda teve valorização de 0,66%.

Segundo a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “a gente vê uma correção do mercado acionário e um fortalecimento do dólar, já que temos a expectativa dos juros subirem mais e ficar em patamares elevados por mais tempo”.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, “O PCE foi negativo, acima das expectativas. Isso mostra que a inflação continua alta e frustra as expectativas do mercado, mas corrobora a visão mais dura do Fed”.

O índice de preços para gastos pessoais (PCE, na sigla em inglês) subiu 0,6% em janeiro ante dezembro, acima das projeções de 0,5%.

Komura acredita que esta inflação persistente irá forçar uma correção da euforia observada no começo do ano, e reforça a ideia de mais três aumentos de 0,25 ponto percentual (pp) na taxa de juros dos Estados Unidos.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta, puxadas pela alta expressiva do IPCA-15 de fevereiro ante janeiro (+0,76%). O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,465% de 13,390% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,780%, 12,615%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,885%, de 12,700%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 13,065% de 12,880% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 5,2050 para venda.

Os principais índices futuros do mercado de ações dos Estados Unidos devem fechar a sessão em queda, à medida que a medida de inflação mais observada do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) veio mais forte do que o esperado, em outro sinal de que as pressões de preços persistem em 2023.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos por volta de 17h14 (de Brasília):

Dow Jones: -0,87%, 32.863,97 pontos
Nasdaq 100: -1,70%, 11.392,8 pontos
S&P 500: -1,01%, 3.971,42 pontos

Com Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência CMA.

Nota do editor: A matéria foi atualizada em 27/02/23, às às 13h10 para corrigir o crédito da reportagem.