Bolsa fecha em queda de 0,35% com melhora em Nova York; dólar sobe

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São Paulo- A Bolsa fechou em queda 0,35% acompanhando a recuperação dos índices em Nova York e com o rendimento dos títulos do Tesouro norte-americano de 10 anos em baixa. Apesar da melhora no final dos negócios, a primeira metade do pregão foi de forte aversão ao risco com os investidores temorosos com o avanço da covid na China e o reflexo nas commodities, menor crescimento global e preocupação com aperto monetário nos Estados Unidos.
O principal índice da B3 caiu 0,35%, aos 110.684,95 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho perdeu 0,39%, aos 112.430 pontos. O giro financeiro foi de R$ 25,9 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.
Os papéis da mineradora Vale (VALE3) e CSN (CSNA3) caíram forte ao longo da sessão, mas fecharam com recuo de 1,70% e 2,63% respectivamente. As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) também melhoram e desvalorizavam 0,68% e 1,47% com a redução da baixa do petróleo.
Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, comentou que a melhora aqui é a correlação altíssima com os Estados Unidos. “Como foram três dias de quedas fortíssimas, é natural ter esses repiques. O rendimento dos títulos de 10 anos norte-americanos veio de 2,90% para 2,83%”.
Mais cedo, Charo Alves, especialista da Valor Investimentos, disse que o lockdown na China, o Federal Reserve sinalizando um aumento nos juros na próxima reunião-de 0,50 porcentual (pp)- corroboram para a queda do Ibovespa. “A fala do Fed foi clara dizendo que a inflação saiu do controle e isso vai ser corrigido via juros mais elevados, o que significa que o mundo vai entrar em um crescimento com freio de mão puxado”.
Em relação às commodities, em um primeiro momento elas foram favorecidas pela guerra entre Ucrânia e Rússia, mas “para seguir no embalo dependia de a China acelerar o crescimento e não vimos isso por conta do lockdown, que está durando mais tempo que o previsto”. Os dados chineses também têm mostrado que a economia está morna. Recentemente o índice de serviço (PMI, sigla em inglês) foi a 42,0 em março mostrando o arrefecimento da economia.
Alves comentou que como o Brasil começou a subir juros antes dos Estados Unidos, e dessa forma “podemos assumir uma posição de destaque assim que as coisas acalmarem e o investidor olha para nós como um País que está barato”.
O dólar comercial fechou em alta de 1,49%, cotado a R$ 4,8780. A moeda norte-americana refletiu, durante toda a sessão, o movimento de forte aversão global ao risco potencializado pelas dúvidas sobre a retomada econômica chinesa e um ciclo de aperto monetário mais agressivo nos Estados Unidos.
Segundo o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, “o dólar acaba sendo favorecido, com os investidores buscando títulos americanos que são um porto seguro, evitando os títulos emergentes”.
Rosa acredita que o aspecto fiscal, por ora, não é um problema, mas faz ressalvas: “Bondades salariais poderiam trazer um aumento não esperado dos gastos públicos e novamente estourar o teto”, pontua.
De acordo com o head de análise macroeconômica da GreenBay Investimentos, Flávio Serrano, “existe aversão ao risco devido à desaceleração econômica global, o que afeta o preço das commodities. Em especial o minério de ferro, que representa quase 20% das exportações brasileiras”.
Este movimento, explica Serrano, tem a China como protagonista: “Os juros seguem ajudando real, mas a forte influência chinesa e o temor com os juros nos Estados Unidos geram um movimento de apreensão no mercado”, analisa.
Para o diretor de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, “os investidores estão preocupados com o aumento de juros mais agressivo nos Estados Unidos e com o retorno das preocupações com a Covid-19, após novos surtos do coronavírus na China”.
Além de destacar que o dólar opera em modo vencedor nos mercados globais, Rugik é enfático falar sobre a situação doméstica: “Parece que os participantes do mercado acordaram para os nossos riscos fiscais, em um ano de eleições com o ambiente eleitoral polarizado”, ressalta.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, em sessão bastante volátil, acompanhando o preço das commodities lá fora e com mercado ainda repercutindo discurso da diretora da diretora do Banco Central, Fernanda Guardado, em evento do FMI nesta semana.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,945% de 13,040% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,570%, de 12,700%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,990%, de 12,140% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,815% de 11,980%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo positivo, após se recuperarem da queda no início da manhã, puxadas sobretudo pela queda nos juros dos Treasuries norte-americanos, que estimulou os investidores a recorrerem às ações de tecnologia e empresas de alto crescimento que estavam vindo de baixas consecutivas.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,70%, 34.049,46 pontos
Nasdaq 100: +1,29%, 13.004,9 pontos
S&P 500: +0,56%, 4.296,12 pontos