Bolsa fecha em queda com Vale e cautela externa, mas na semana acumula ganhos; dólar encerra a R$ 4,871

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São Paulo- A Bolsa fechou em queda pela primeira vez na semana, com movimento mais moderado que as bolsas em Nova York, refletindo a cautela dos investidores com a decisão de política monetária nos Estados Unidos na semana que vem (19 e 20). Apesar de o mercado trabalhar com a manutenção da taxa de juros, a atenção fica para o que pode vir no comunicado. Os papéis de peso no índice, como Vale (VALE3) ajudaram na perda em dia de vencimento de opções sobre as ações. Na semana, o Ibovespa registra ganho de 2,98%.

As ações da Vale (VALE3) caíram 0,82%. Petrobras (PETR 3 e PETR4) fecharam mistas- as ordinárias baixaram 1,46% e as preferenciais subiram 0,05%. Os papéis da antiga Via (VIIA3), atual Casas Bahia, lideraram as perdas em 15,55%.

O principal índice da B3 caiu 0,53%, aos 118.757,53 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro recuou 0,50%, aos 119.790 pontos. O giro financeiro foi de R$ 29,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no negativo.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que a queda do Ibovespa e lá fora está relacionada com a decisão do Fed na semana que vem. “Por mais que o mercado imagine que não terá alta de juros nos Estados Unidos, o comunicado pode ser mais complicado, com chances de subir, e se for movimentar a taxa de juros será para cima e não para baixo. Tudo isso deixa o investidor mais receoso. O Brasil vai na esteira do sentimento mais negativo. Agosto foi bem ruim e o investidor tem receio de tomar risco depois de uma alta nesses 15 dias do mês.”

Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, disse que em dia de vencimento de opções, a Bolsa tem leve queda “puxada por Petrobras e Vale e os investidores, os institucionais, ficam cautelosos com a reunião de política monetária do Banco Central, semana que vem [19 e 20], apesar de ser expectativa de uma queda na taxa de juros”.

Richetti também ressaltou os destaques de alta e queda no índice. “Copel e a Equatorial do segmento elétrico são muito perenes, as pessoas se protegem um pouco mais com essas ações por serem boas pagadoras de dividendos. As empresas de celulose, tanto a Suzano quanto a Klabin, que se favorecem um pouco em virtude dessas taxas do DI estarem um pouco mais altas. VIA, que agora se chama Casas Bahia, lidera as baixas. A oferta subsequente não foi boa, teve rebaixamento de rating, a empresa está muito alavancada, então continua com uma queda forte”. Suzano (SUZB3) subiu 2,53% e Klabin (KLBN11) avançou 1,31%. Energisa (ENGI11) acelerou 4,90%.

As ações do Pão de Açúcar (PCAR3) e Carrefour (CRFB3) caíram 3,27% e 7,03% “em virtude de um corte de recomendação do JP Morgan. Além disso, o varejo como um todo está tendo um desempenho ruim devido à abertura da curva de juros”, completou.

Vinicius Steniski, analista de ações do TC, disse que o pregão pesado em Nova York “auxilia para o dia mais negativo na Bolsa, as ações de Suzano e Klabin estão subindo; as empresas de utilities [energia] como Equatorial, Energisa e Copel; Via [Casas Bahia] cai após o follow-on, empresas que têm relação com juros ou estão muito alavancadas caem”.

Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester, disse que em dia de exercício de opções o mercado fica mais travado e a China ainda requer atenção. “A Bolsa está lateralizada e com o vencimento de opções não costuma tomar direção, nem de alta e nem de baixa. Apesar de dados positivos na China, com a produção industrial retomando, as informações são conflitantes, o que fica a dúvida de um movimento sustentável. A gente vê que a demanda por minério de ferro não subiu tanto e tem uma produção grande de aço, mas ainda é para estoque e não tanto para o uso final. O preço do minério subiu bastante, mas gente não vê toda a cadeia sendo alimentada por essa alta. A Vale bateu hoje os R$ 70 e deu travada, não está conseguindo buscar R$ 80; outro ponto é a Petrobras que tem tendência de alta, mas estacionou. No mercado fala-se que precisa passar por uma correção; o mercado perdeu o medo de ingerência do governo porque a política de preços foi mantida”.

O operador de renda variável da Manchester Investimentos ressaltou que o mercado não deve fazer nenhum grande movimento de alta ou realização até a decisão de política monetária nos Estados Unidos, na próxima semana [19 e 20]. ” A Bolsa pode testar os 120 mil pontos, uma região emblemática, no decorrer da próxima semana pode testar os 120 mil- região emblemática. Não vejo driver hoje para subir mais no curto prazo, talvez um comunicado mais dovish do Fed, a gente vê a Bolsa subir e fazer máximas”.

O dólar comercial fechou em leve queda de 0,01%, cotado a R$ 4,871. Ao longo do dia a moeda operou de forma lateralizada em meio aos sinais mais positivos da China, expectativa com a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na próxima semana, e dados melhores nos Estados Unidos. Na semana, a moeda norte-americana recuou 2,24%.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que o dólar comercial “sofreu influências divergentes com os dados melhores que as expectativas na China, favorecendo as moedas de países exportadores como o real, enquanto os indicadores nos Estados Unidos acima das projeções foram favoráveis à moeda norte-americana”.

Para o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, “lá fora tem apreensão com a pressão inflacionária, que ainda é grande, além do tempo de recuperação do mercado”.

“O mercado entende que o governo e o Fed poderiam ser mais ousados, e fazer algo além de aumentar os juros, como apertar as contas e fazer mecanismos para que o Congresso não precise aprovar o orçamento a toda hora”, opina Nagem.

A produção industrial chinesa, em agosto, aumentou 4,5% ante consenso de +3,9% e as vendas no varejo subiram, no mesmo período, 4,6%, acima das projeções de 3,0%. Ambas as comparações são interanuais.

Nos Estados Unidos, a produção industrial subiu 0,4% em agosto na comparação com julho.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) seguem em alta no último pregão da semana, seguindo as Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) que são pressionadas por dados fortes dos Estados Unidos e da China divulgados pela manhã.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda, encerrando uma semana volátil antes da reunião de política do Federal Reserve (Fed, o banco central americano.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,83%, 34.618,24 pontos
Nasdaq 100: -1,56%, 13.708,3 pontos
S&P 500: -1,21%, 4.450,32 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA