Bolsa fecha em queda com tombo de Petrobras; na semana acumula perda de 1,63%

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São Paulo – A Bolsa fechou em queda de mais de 1%, na região dos 126 mil pontos, derrubada pelas ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) devido à decisão da empresa em não distribuir dividendos extraordinários aos acionistas, frustrando o mercado. As ações chegaram a cair mais de 12% e a perder mais de R$ 50 bilhões do valor de mercado. As petroleiras se beneficiaram com o movimento de rotação e subiram. Na semana, o Ibovespa caiu 1,63%.

A Petrobras chegou a ficar em leilão na abertura da bolsa e começou a operar após às 10h16. A Petrobras (PETR3) caiu 10,37% e a (PETR4) perdeu 10,57%. PetroRecôncavo (ON, +3,13%); Petrorio (ON, +3,11%) e 3RPetroleum (ON, +4,28%). Vale (ON, -0,76%) e Branco do Brasil (ON, -0,97%).

A companhia vai pagar apenas os dividendos ordinários de R$ 14,2 bilhões, conforme a fórmula que estabelece o corresponde a 45% do fluxo de caixa. Na quarta-feira (28/02), o presidente da empresa Jean Paul Prates já tinha declarado que era preciso ter “cautela” com a remuneração de dividendos extraordinários.

Hoje foi divulgado nos Estados Unidos o relatório de empregos (payroll, sigla em inglês) -criou 375 mil vagas contra 207,5 mil, e a taxa de desemprego subiu para 3,9% de 3,7%-, mas não chegou a fazer preço.

O principal índice da B3 caiu 0,98%, aos 127.070,79 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento de abril perdeu 1,06%, aos 128.285 pontos. O giro financeiro foi de R$ 32,7 bilhões.

Caio Henrique Soares Rodrigues, sócio da Atika Investimentos, o Ibovespa cai carregado pelo preço de Petrobras devido aos acontecimentos envolvendo a empresa e com o peso da ação no índice

“O resultado tinha vindo abaixo da expectativa e o mercado até já tinha colocado no preço, mas não era esperado que os dividendos extraordinários não fossem ser pagos uma vez já que nos últimos encontros entre conselheiros e investidores deixaram transparecer que ela [Petrobras] continuaria a ser boa pagadora de dividendos”.

O sócio da Atika Investimentos disse que o temor do investidor é que haja uma mudança na estrutura corporativa da empresa, principalmente com essa política de gastos maiores.

“O mercado vai monitorar o quanto o governo vai passar a interferir na governança corporativa da empresa e isso vai depender para uma recuperação lenta e gradual do papel. Hoje a Petrobras perdeu mais de R$ 50 bilhões de seu valor de mercado; os investidores estão saindo da ação para comprar outras petroleiras, como Petrorio”.

Carlos André Marinho Viera, analista Chefe do TC, disse que a queda do Ibovespa se dá, principalmente pelas ações da Petrobras.

“O resultado veio em linha com o anterior, mas o mercado se decepcionou porque esperava que a empresa distribuísse os dividendos extraordinários. A empresa disse que vai manter esse valor em uma reserva para futura distribuição, isso decepcionou o mercado que tinha expectativa de receber em um período mais breve; as estatais caíram”.

Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, disse que a Petrobras pauta o pregão de hoje, descolando do exterior.

“A notícia dos dividendos pegou todo mundo de surpresa. Ontem à noite os ADRs já estavam caindo fortes lá fora. Agora o mercado vai tentar se ajustar nessa expectativa porque a empresa tinha histórico dividendos. Todo mundo vai ter que repensar essas posições e alguns bancos já fizeram revisões. Tem muita gente rotacionado, saindo de Petro para ir para Petrorecôncavo, Petrtorio. Há outros componentes que podem causar ruídos na Petrobras, a decisão do Carf que manteve uma multa contra a empresa. Ainda é cedo pra falar o que vai acontecer com a Petro, pode ser que o Prates [Jean Paul Prates, presidente da empresa] ou o governo comente algo. A diferença é grande entre o fechamento de ontem e a abertura de hoje”.

Em relação ao payroll, que não fez preço, segundo Farto, o saldo geral foi positivo. O desemprego aumentou e número de horas trabalhadas caiu, é um softlanding.

Segundo Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, a Petrobras reportou resultados operacionais resilientes mais uma vez, mas a decepção ficou com o anúncio de dividendos muito abaixo das expectativas.

“A companhia anunciou R$ 14,2 bilhões em dividendos, que apesar de estar em linha com a política de distribuir 45% do Fluxo de Caixa Livre, decepcionou boa parte do mercado que esperava dividendos extraordinários, e abre margem para que a reserva de lucros seja usada em investimentos com baixo (ou nenhum) retorno aos acionistas, como já aconteceu no passado, e que explicam a reação muito negativa dos papéis. Por esses motivos, e por entender que o valuation atual deixa pouca margem para notícias negativas como essa, seguimos neutros no papel, mas acompanhando de perto essa história caso apareça alguma oportunidade”.

Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, disse que o balanço do 4T2023 da Petrobras veio abaixo do esperado, com queda no lucro líquido mesmo com uma baixa variação do petróleo brent no período, que caiu apenas 5%, recuo do Ebitda e da receita na ordem de 15%.

“Mas apesar desses números, as grandes empresas do setor no mundo, também vem apresentando quedas nessas mesmas linhas de receita, o que crédito ao processo de transição energética. Acredito que o foco e maior peso nos ativos da estatal está relacionado à distribuição de dividendos. A estatal não vai fazer distribuição extraordinária de dividendos, como vem fazendo nos últimos dois e três anos, será distribuído apenas os dividendos que ela distribui normalmente, mas ainda assim um número menor”.

O head de renda variável e sócio da A7 Capital disse que a questão dos dividendos extraordinários “acende a luz vermelha para os investidores, que devem colocar no preço das ações da estatal de que não haverá mais essa distribuição extraordinária de dividendos daqui pra frente, notícia negativa para os papéis da estatal”.

O dólar fechou em alta de 0,96%, cotado a R$ 4,9811. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a decisão da Petrobras de que não irá pagar os dividendos extraordinários referentes ao 4º trimestre de 2023. Na semana, a moeda teve valorização de 0,55%.

De acordo com o analista da Potenza Investimentos Bruno, “a Petrobras bate em juros e câmbio, e isso deve deteriorar nosso fiscal, o que afeta a curva de juros”.

“Existe a preocupação em relação ao fiscal, principalmente com a potencial queda de arrecadação vinda destas estatais. Entendemos que pode ter um movimento de saída dos estrangeiros da Bolsa, exercendo pressão sobre o dólar”.

Komura ainda pontua que o mercado foi misto quanto ao payroll, e procurou focar na taxa de desemprego, vendo isso como algo positivo, e que as apostas para o início do corte nos juros se concentram para a reunião de junho: “Talvez fique apenas para a primeira reunião do 2º semestre”, avalia.

Foram criadas nos Estados Unidos, em fevereiro, 275 mil vagas ante projeção de 207,5 mil. Já a taxa de desemprego foi de 3,9%, acima das projeções (3,8%).

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta. Isso refletiu o balanço da Petrobras, que apresentou resultado considerado mais fraco, além da decisão da estatal de não pagar aos acionistas dividendos extraordinários.

Por volta das 16h34 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 9,885%, de 9,755% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,745% de 9,705%, o DI para janeiro de 2027 ia a 9,975%, de 9,905%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,245% de 10,165% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar comercial operava em alta, cotado a R$ 4,9801 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, à medida que os investidores recuaram após o relatório de empregos de fevereiro e a gigante do mercado Nvidia teve um dia atípico.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,18%, 38.722,69 pontos
Nasdaq 100: -1,16%, 16.085,1 pontos
S&P 500: -0,65%, 5.123,69 pontos

Confira abaixo a variação dos índices de ações na semana:

Dow Jones: -0,93%
Nasdaq 100: -1,16%
S&P 500: -0,26%

Com Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência CMA

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