Bolsa fecha em queda com rumores sobre lei das estatais e Mercadante; Dólar sobe

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A Bolsa fechou em queda em um dia muito estresse com rumores envolvendo o nome do ex-ministro do governo petista e atual coordenador da equipe de transição, Aloizio Mercadante, em que poderia assumir a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou Petrobras e possibilidade de que o novo governo revogaria a lei das estatais.

Com esses boatos, as estatais chegaram a cair forte, mas recuperaram um pouco as perdas. Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 2,70% e 3,23%; Banco do Brasil (BBAS3) perdeu 3,40% e Eletrobras (ELET3 e ELET4) cederam 1,59% e 1,03%.

As commodities metálicas realizaram lucros e as ações ligadas ao setor de varejo foram bastante impactadas com a abertura na curva de juros.

Em relação à lei das estatais, o mercado foi influenciado por um estudo divulgado pela consultoria de análise política Eurásia em que disse que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva pode derrubar a lei por meio de uma medida provisória (MP). Esta lei foi implementada no governo do ex-presidente Michel Temer para impedir a indicação de cargos políticos nas empresas.

O principal índice da B3 perdeu 2,02%, aos 105.343,33 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro caiu 2,44%, aos 105.050 pontos. O giro financeiro foi R$ 29,2 bilhões. Em Nova York, os índices operavam em alta.

Ubirajara Silva, gestor de Galapagos Capital, disse que os boatos referentes de alguns nomes para ocupar cargos no novo governo eleito geraram um estresse no mercado na sessão de hoje.

“Com a diplomação hoje do Lula, esse assunto vai deixar de ser boato e vamos começar a ver os nomes [dos ministros e presidentes de estatais] entre hoje à noite e amanhã e avaliar o que é bom ou ruim para ver se o mercado está com os preços corretos. Esta semana é bem tumultuada com vencimento de opções do índice e de ações, por aqui, que deve trazer volatilidade; lá fora tem CPI amanhã (13) e decisão do Fed na quarta (14)”.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, a Bolsa tem um dia de estresse provocado por um cenário de incertezas com as informações circulando no mercado em relação ao Aloizio Mercadante e lei das estatais. “O mercado tem dia negativo principalmente com a queda estatais e das ações ligadas à nossa economia com a abertura de juros depois que circulou a notícia que o Mercadante estaria cotado para BDNES ou Petrobras e de que o Lula poderia revogar a lei das estatais; Mercadante desmentiu os rumores”.

As ações de siderurgia e mineração, que vinham em altas recentes, acompanham a queda do minério de ferro e “têm movimento de realização”.

Fabricio Goncalvez, CEO da Asset Management, disse que a Bolsa recua com a possibilidade do Mercante [Aloizio Mercante, ex-ministro do governo Dilma Rouseff] ser direcionado para BNDES e a revogação da lei das estatais.

“O Mercante é um péssimo sinal para a gestão do maior instrumento de crédito que temos por adotar uma política intervencionista clássica; ele dá pistas de que pode esvaziar o planejamento, considerado estratégico para a gestão do orçamento e tudo isso favorece o que mercado temia, uma intervenção nas estatais”.

Segundo Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, a possibilidade do senador Jean Paul Prates (PT-RN) assumir a Petrobras e rumores sobre a revogação da lei das estatais derruba a Bolsa. “Está abrindo caminho para o Prates assumir a Petrobras e isso puxa as ações da empresa para baixo e a revogação da lei mostra que o governo volta a ter influência sobre as estatais; o Congresso não iria se opor a essa medida”.

O dólar comercial fechou em alta de 1,27%, cotado a R$ 5,3120. O movimento refletiu as incertezas fiscais domésticas que são protagonizadas pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição e os rumores do ex-ministro da Educação e da Casa Civil, Aloizio Mercadante, assumir a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Segundo o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, “do jeito que está a PEC, ela causa temor. O desmembramento do Ministério do Planejamento também foi mal visto pelo mercado”. O executivo, no entanto, acredita que o ponto negativo foi nome de Mercadante ser cogitado para o BNDES.

Para o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, “ainda é uma reação aos sinais emitidos pelo novo governo, agora com o BNDES”. O economista entende que o movimento de hoje é majoritariamente doméstico, e enfatizou que a PEC da Transição ainda não está pronta e que existem desafios e dúvidas no âmbito fiscal.

De acordo com a economista do Banco Ourinvest Cristiane Quartaroli “embora a gente tenha observado uma pequena desaceleração na taxa de câmbio semana passada, a cotação segue próxima dos R$ 5,20, sinalizando que aversão ao risco ainda é elevada. O futuro das contas fiscais continua sendo a grande preocupação”.

“Nesta semana tem decisão de juros nos Estados Unidos e Europa, e ainda há dúvidas sobre como o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) irá atuar na decisão desta semana. Se subir mais os juros por lá, isso pode ser ruim para a nossa taxa de câmbio. Por outro lado, a reabertura da China pode limitar uma perda mais expressiva para as moedas emergentes”, analisa Quartaroli.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta neste início de semana, com decisões de Bancos Centrais e incertezas locais no radar.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,662% de 13,656% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,975%, de 13,805%, o DI para janeiro de 2025 ia a 13,420%, de 13,080% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 13,130% de 12,860%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 5,3200 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta, subindo mais de 1% cada um, com os investidores recuperando parte das perdas da última semana enquanto aguardam o índice de preços ao consumidor (CPI na sigla em inglês) de novembro para monitorar os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,58%, 34.005,04 pontos
Nasdaq 100: +1,26%, 11.143,7 pontos
S&P 500: +1,42%, 3.990,56 pontos

Darlan de Azevedo, Paulo Holland e Pedro do Val de Carvalho Gil