Bolsa fecha em queda com pressão do exterior e incertezas da PEC da Transição; dólar cai

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Indicadores da Bolsa de Valores

São Paulo – A Bolsa fechou em queda seguindo a aversão ao risco no exterior e com as incertezas no cenário doméstico em meio à espera da resolução para a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, prevista para ser votada na Câmara, na terça-feira (20), e do julgamento do orçamento secreto no Supremo Tribunal Federal (STF), adiado para segunda-feira (19).

Em uma semana turbulência, o Ibovespa acumulou perda de 4,34% e no ano o índice está no negativo em 1,87%.

As commodities foram impactadas pela perspectiva de um crescimento menor das maiores economias. As ações da Vale (VALE3) caíram 1,70%.

As empresas ligadas ao setor de turismo e aviação, como Gol (GOLL4), Azul (AZUL4) e CVC (CVCB3), sofreram no pregão de hoje-caíram nessa ordem 5,40% e 4,16% e 7,57%- em meio à notícia de que os comissários de voo e pilotos entram em greve a partir de segunda-feira (19). E as ações do setor de varejo lideraram as perdas na Bolsa com a pressão da alta na curva de juros.

O principal índice da B3 caiu 0,85%, aos 102.855,70 pontos. O Ibovespa futuro perdeu 1,15%, aos 104.610 pontos. O giro financeiro foi de R$ 32 bilhões. Em NY, os índices fecharam no negativo.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da BRA BS, comentou que a Bolsa refletiu o mau humor externo “com a combinação de temores de uma recessão nos Estados Unidose Europa e as dúvidas no ambiente interno com a PEC da Transição. A PEC é acompanhada pelo investidor porque tem potencial para gerar aumento da dívida pública”.

Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, disse que o mercado está preocupado com o andamento da PEC da Transição ” e desde ontem temos uma forte pressão vendedora vinda do cenário externo por conta dos juros altosnos Estados Unidos e Europa”.

Apolo Duarte, CFP, sócio e head da mesa de renda variável da AVG, disse que a queda da Bolsa “está relacionada ao mercado internacional e por aqui os investidores ficam no aguardo de resoluções na parte política, principalmente em relação à PEC, que ficou na terça-feira e do julgamento no STF do orçamento secreto; se o STF julgar como inconstitucional o orçamento secreto, a PEC pode não ir para frente, o que seria positivo para o mercado, em um primeiro momento, porque o governo eleito teria de passar o orçamento via MP”.

Felipe Moura, sócio e analista de investimentos da Finacap, disse que a Bolsa recua com continuidade das incertezas no cenário doméstico e o ambiente lá fora também ajuda nesse pessimismo.

“O que está acontecendo com as ações hoje é uma continuidade do movimento dos últimos dias, os investidores não gostam de incerteza e cada dia sem definição da PEC adiciona um pouco mais de risco e os investidores começam a rebalancear os portfólios. Não acredito que notícia da votação do orçamento secreto no Congresso seja o motivo da queda do Ibovespa porque não põe um ponto final em nada”.

Moura acrescentou que o mercado está “muito disfuncional em meio a tantos ruídos que surgiram durante a semana, o novo governo ainda não achou o tom de comunicação com o mercado “.

O dólar comercial fechou em queda de 0,41%, cotado a R$ 5,2940. A moeda refletiu o otimismo do mercado a demora para a aprovação do texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, na Câmara, o que aponta para maior comedimento fiscal. Na semana, a moeda norte-americana teve valorização de 0,93%.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, “é um pouco de alívio em relação ao cenário doméstico, a falta de consenso sobre a PEC, além do julgamento do orçamento secreto no Supremo Tribunal Federal (STF)”.

“A própria Lei das Estatais deve ficar para o ano que vem. Estamos menos descolados do exterior, o que tende a continuar no curto prazo”, analisa Komura.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam mistas com PEC da Transição e Lei das Estatais travadas na Câmara.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,656% de 13,658% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,930%, de 13,905%, o DI para janeiro de 2025 ia a 13,755%, de 13,585% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 13,610% de 13,390% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 5,2970 para venda.

Os principais índices do mercado de ações fecharam a sessão em campo negativo, à medida que os investidores seguem receosos de que a política restritiva do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) possam levar a economia norte-americana a uma recessão.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,85%, 32.920,46 pontos
Nasdaq 100: -0,97%, 10.705,4 pontos
S&P 500: -1,11%, 3.852,36 pontos

Com Pedro do Val de Carvalho Gil, Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência CMA.