Bolsa fecha em queda com foco no exterior e encerra 3º mês do ano em alta; dólar sobe

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São Paulo- A Bolsa fechou em leve queda de 0,57% no último pregão de maio com os investidores focados no exterior, atentos à votação da proposta de lei para elevar o teto da dívida dos Estados Unidos, que acontece no plenário da Câmara dos Representantes. O Ibovespa encerrou o terceiro mês do ano em alta de 3,73%.

Mais cedo, índice de gerentes de compra (PMI, sigla em inglês) de manufatura caiu para 48,8 pontos em maio, ficando abaixo da expectativa dos analistas refletiu na queda das commodities como minério de ferro e petróleo, provocando a queda das ações de peso na Bolsa. A vale (VALE3) chegou a subir um pouco, mas fechou em queda de 0,73%. A Petrobras (PETR3 e PETR4) recuou 1,21% e 1,02%.

No último dia do mês tem ajuste de carteira e comenta-se no mercado que o Morgan Stanley MSCI vai diminuir alocação em Vale (VALE3) B3 (B3SA3) e Telefônica Brasil (VIVIT3) e CCR(CCRO3) e vai aumentar em Raia Drogasil (RADL3), Suzano (SUZB3) e Petrorio (PRIO3). No call de fechamento foram negociadas 70 milhões de ações da Vale e o papel fechou em queda.

Mais cedo foi divulgado o Livro Bege, relatório do Fed sobre as condições de 12 regiões do país, em que trouxe que a atividade na maior economia do mundo não teve muita alteração em abril e abril.

Por aqui, foram divulgados dados de emprego. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que a taxa de desemprego ficou em 8,5% em abril, a menor desde 2015. “Essa taxa surpreendeu os analistas devido à resiliência do mercado de trabalho, apesar da queda no contingente de pessoas em busca de emprego, o que afeta o indicador”, disse Antonio Sanches, analista da Rico.

Por aqui também o Ministério de Trabalho por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrou que foram criados180 mil empregos formais em abril.

O principal índice da B3 caiu 0,57%, aos 108.335,07 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho recuou 0,43%, aos 109.825 pontos. O giro financeiro era de R$ 34,2 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

Apolo Duarte, CFP, sócio e head da mesa de renda variável da AVG Capital, disse que a Bolsa tem leve queda, perto da estabilidade, “Tanto o petróleo como o minério de fero em dia de baixa com o dado da economia chinesa abaixo do esperado, o que fez dragagem nas cotações das commodities”.

As ações da Locaweb (LWSA3) e Assai (ASAI3) caíram 2,54% e 4,18% em um movimento de realização de lucros, disse Duarte. Na ponta positiva os destaques ficam para as ações da BRF(BRFS3) e da Marfrig (MRFG3), subiram 11,82% e 6,24% após o fato relevante de que a empresa saudita Salic e a Marfrig fariam um investimento de R$ 4,5 bilhões na companhia.

Rodrigo Ferreira, líder de alocação da Manchester Investimentos, disse que Bolsa recua em linha com o mercado internacional. “Hoje o foco é o exterior com os dados da China mais fracos-índice de gerentes de compra (PMI, sigla em inglês) de manufatura caiu para 48,8 pontos em maio- pressionando as commodities e refletindo na nossa Bolsa e a votação do teto da dívida dos Estados Unidos; o mercado aposta na aprovação hoje no plenário da Câmara”.

O líder de alocação da Manchester comentou que o mês de maio foi positivo para a Bolsa, que caminha para fechar em alta de quase 4%, até o momento. “Com o fechamento na curva de juros futuros, os setores beneficiados foram de consumo (+12%), imobiliário (16%) e o índice Small Caps (+12)”.

Ubirajara da Silva, gestor de renda variável, disse que o destaque é o PMI de manufatura da China que veio abaixo do esperado “mostra uma desaceleração maior que o mercado estava esperando na economia e está sendo responsável pela queda das commodities como petróleo e minério de ferro, a queda impacta as moedas de países exportadores e a Bolsa brasileira; hoje é a votação nos Estados Unidos sobre o teto da dívida e com a aprovação faz com que o tesouro emita mais dívida e, com isso, vemos o fechamento dos juros lá fora; por aqui é importante acompanhar o desgaste político do governo”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,63%, cotado a R$ 5,0740. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a queda global das commodities e a falta de definições sobre o teto de gastos nos Estados Unidos. No mês, a moeda norte-americana teve valorização de 1,72%.

Segundo a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, os altos e baixos da economia chinesa apontam para uma desvalorização das commodities, o que afeta diretamente moedas ligadas a elas, como o real.

Abdelmalack entende que a dura negociação sobre o teto de gastos nos Estados Unidos corrobora a ideia que os juros estadunidenses permaneçam elevados, o que, com o corte da Selic (taxa básica de juros) previsto para começar em agosto, tende a diluir o diferencial de juros brasileiros.

De acordo com o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “tem a dúvida quanto à aprovação do teto de gastos dos Estados Unidos. A ideia é que seja aprovado até o dia 5 de junho, que é a data limite”.

Weigt observa que a queda das commodities faz com que o real se desvalorize, e opere em linha com seus pares.

Para a economista do Banco Ourinvest Cristiane Quartaroli, “o cenário externo está com mais aversão ao risco hoje, com alguns indicadores econômicos de países europeus que vieram abaixo do esperado e preocupações sobre o desfecho do teto da dívida nos Estados Unidos”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam mistas, ainda repercutindo segurança fiscal e deflação mostrada pelo IGP-M, além disso, dados sobre emprego nos Estados Unidos divulgados hoje mostram que a economia está aquecida e pode abrir espaço para uma nova alta de juros por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Ainda pesam sobre as taxas o recuo das commodities, especialmente do petróleo.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,215 % de 13,205 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 14,480 % de 11,465%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,880 %, de 10,900%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,915 % de 10,970 % na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda, apesar do Nasdaq registrar alta de 6% no mês, com Wall Street aguardando a votação do teto da dívida em Washington. Ao mesmo tempo, o relatório de empregos na sexta-feira e a desaceleração da economia da China também pressionam os mercados globais.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,41%, 32.908,27 pontos
Nasdaq 100: -0,63%, 12.935,3 pontos
S&P 500: -0,61%, 4.179,83 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA