Bolsa fecha em queda apesar da valorização de Petrobras e Nova York positivo; dólar tem leve alta

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Foto: energepic.com / Pexels

São Paulo-A Bolsa fechou em queda descolada dos índices em Nova York em um dia de vencimento de opções sobre o Ibovespa por aqui, que trouxe volatilidade na segunda metade do pregão, e em meio inflação nos Estados Unidos pior que o esperado e valorização forte da Petrobras (PETR3 e PETR4) com a alta do petróleo no mercado internacional.

As ações da Petrobras (PETR3 PETR4) avançaram 3,13% e 2,84% e os papéis da Braskem tiveram mais um pregão em alta de 11,97% , liderando os ganhos no Ibovespa ainda em meio à notícia que saiu na terça-feira (11) de que o fundo norte-americano Apollo teria interesse na companhia. A Petrobras é uma das acionistas da petroquímica.

Os papeis das varejistas foram destaque de queda. Vale (VALE3), com peso no índice também recuou.

Mais cedo, o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos divulgou o índice de preços ao consumidor (CPI, sigla em inglês) subiu 0,4% em base mensal e o mercado esperava alta de 0,3%.

Em base anual, os preços avançaram 8,2%, acima do estimativas de (+8,1%). Os núcleos também vieram piores que as previsões-alta de 0,6% na comparação mensal e 6,6% em base anual.

O resultado assustou o mercado com o temor de juros mais altos e qual deverá ser comunicado do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) para a próxima reunião.

O principal índice da B3 caiu 0,45%, aos 114.300,09 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançou 0,23%, aos 114.915 pontos. O giro financeiro foi de R$ 31 bilhões. Em Nova York, as bolsas subiram.

Um analista de uma grande gestora de investimentos que não quis se identificar comentou que a volatilidade na Bolsa “é atribuída ao vencimento de opções sobre o índice e está descolada de Nova York”.

Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil, comentou que as ações da Petrobras ajudam na “melhora da Bolsa, assim como na freada do dólar, acompanhando a valorização do petróleo e aumento da produção, favorecendo a entrada de capital estrangeiros no Brasil; a alta da Braskem também tira a pressão dos mercados”.

Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest, disse que a inflação acima do esperado nos Estados Unidos impacta o mercado doméstico. “Começam a aumentar as apostas para uma alta de 0,75pp para a próxima reunião e começam a pipocar elevações mais fortes que 0,75pp, mas acho pouco provável porque o mercado questionaria as comunicações e até que ponto seriam implementáveis”.

Farto acrescentou que acredita em um aumento para o próximo encontro de 0,75pp, “o que fica em aberto é o comunicado pós-reunião, se vai ser mais suave ou agressivo”.

Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital, afirmou que o mau humor na Bolsa reflete os dados do CPI nos EUA. “Tanto o número quanto o core (núcleo) vieram piores. O dado mais forte de inflação por lá gera uma preocupação maior para o Fed que está lutando para combater a inflação e, provavelmente, vai ter de subir mais juros que o mercado gostaria.”

Silva ressaltou que a sessão deve ser tumultuada por aqui. “Hoje também tem vencimento de índice, o que deve trazer volatilidade adicional para o mercado”.

De acordo com um analista do mercado que não quis se identificar, “o Fed vai ter de aumentar mais os juros para conter essa escalada”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,05%, cotado a R$ 5,2740. A moeda oscilou durante toda a sessão, puxada pelo descontrole inflacionário e a melhora do humor global no período da tarde.

Segundo o sócio da Top Gain Leonardo Santana, “estamos acompanhando o macro. O dólar sempre volta na faixa dos R$ 5,25, R$ 5,30, e vamos ficar assim até as eleições”.

“Estou otimista com a nossa moeda após o período eleitoral, especialmente se os Estados Unidos conseguirem segurar a inflação – o que deve ocorrer até o final de janeiro – e a China voltar a crescer”, diz Santana.

Já o analista da Ouro Preto Bruno Komura, entende que a alta da inflação nos Estados Unidos já estava precificada, e que os resultados não foram “catastróficos”: “O movimento é puramente técnico, descolado dos fundamentos”, opina Komura.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros fecharam mistas. Após a manhã tensa com a divulgação da persistente inflação nos Estados Unidos, o mercado global teve melhora no período da tarde.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,680% de 13,682% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,800%, de 12,815%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,710%, de 11,660% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,550% de 11,540%, na mesma comparação.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo positivo, com o Dow Jones subindo quase 3%, puxados pelo ímpeto das ações dos grandes bancos e de empresas do setor de energia. Os setores foram impulsionados pelas altas nos juros e nos preços do petróleo, respectivamente.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +2,83%, 30.038,72 pontos
Nasdaq 100: +2,23%, 10.649,2 pontos
S&P 500: +2,59%, 3.669,91 pontos

 

Com Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência CMA