Bolsa fecha em leve queda com Vale e à espera de decisão de juros; dólar sobe

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São Paulo- A Bolsa fechou em leve queda com a Vale (VALE3) segurando o índice e em dia de exterior negativo. No ambiente interno, os investidores aguardam para amanhã (21) a decisão da taxa básica de juros (Selic) e a maior do mercado expectativa fica para o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) mais brando com sinalização de queda de juros em agosto.

Ainda no âmbito doméstico, foi adiada a votação do arcabouço fiscal na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

Mas, o Ibovespa chegou a cair mais forte pela manhã com o peso das commodities impactadas pelo corte nas taxas de juros de um e de cinco anos na China, ambas em 0,1 ponto percentual (pp) e decepcionou o mercado, que esperava redução maior. A taxa de juros de um ano passou para 3,55% e a de longo prazo, de cinco anos, ficou em 4,20%.

Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) chegaram a cair bem na parte da manhã e depois recuperaram, fecharam respectivamente em alta de 0,26% e 0,49%. Os bancos também tiveram queda, mas fecharam mistos.

As ações da Vale (VALE3) caíram 2,57%. Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3) recuaram de 1,46% e 2,23%. Os destaques de alta ficaram para as ações de frigoríficos. BRF(BRFS3) subiu 4,86%. JBS (JBSS3) avançou de 4,14% refletindo a aprovação da distribuição de dividendos no valor de R$ 2, 2 bilhões anunciado na véspera e Marfrig (MRFG3) ganhou 3,47%.

O principal índice da B3 caiu 0,19%, aos 119.622,40 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em perdeu 0,40%, aos 121.940 pontos. O giro financeiro foi de R$ 25,3 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

Arlindo Souza, analista de ações da casa de análises do TC, disse que o Ibovespa deve fechar em leve queda “com peso da Vale puxada pelo minério de ferro, o setor bancário teve um desempenho ruim, mas o que contribuiu para contrabalancear foi a performance da Petrobras que permaneceu no positivo e a JBS sobe com o anúncio de ontem sobre os dividendos”.

Lucas Mastronomonico, operador de renda variável da B.Side Investimentos, disse que a Bolsa está repercutindo a economia da China, que está com crescimento fraco. “A Vale e a Petrobras são as que mais estão tirando pontos do índice, ações de mais peso, e também amanhã é decisão do Copom, pauta relevante. O mercado em si está muito alto, de um mês para cá subiu muito e é normal um pouco de realização de lucros. Petrobras está atingindo as máximas históricas; não há notícias relevantes hoje. É só Copom e China”.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que o Ibovespa está pressionado por China. “Está corrigindo os ganhos recentes e o mercado tem analisado as decisões de política monetária da China, cautela com o país asiático após o corte de juros, o exterior negativo também ajuda”.

O dólar comercial fechou a R$ 4,797 para venda, com valorização de 0,43%. Às 17h05min, o dólar futuro para julho tinha alta de 0,2% a R$ 4.800,000. A alta seguiu a sinalização externa, com o mercado reagindo à decisão de política monetária na China e a novos dados sobre a economia americana. Internamente, os investidores aguardam a decisão de amanhã sobre o futuro da taxa Selic.

O mercado espera a manutenção da taxa básica em 13,75% ao ano. As atenções se voltam ao comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) e as sinalizações de quando vai iniciar o ciclo de corte na Selic.

Na China, a taxa de juros de um ano passou para 3,55% e a de longo prazo, de cinco anos, ficou em 4,20%. A decisão foi tomada ontem à noite pelo Banco Popular da China (BPoC). Na semana passada, o banco central chinês já tinha reduzido as taxas de curto prazo para estimular a economia e surpreendeu o mercado.

Apesar da alta de hoje, o movimento é positivo de fortalecimento do real. Ontem, o banco norte-americano Goldman Sachs revisou as expectativas para o câmbio e estimou o dólar em R$ 4,40 no final do ano.

Josian Teixeira, diretor e gestor de recursos da Lifetime Asset Management, disse que o dólar foi influenciado pelas commodities, após o corte de juros na China. “Como o Brasil é um país exportador de commodities, quando existe realização nos preços das commodities por sua vez tem a desvalorização do real; o dado da China decepcionou, puxou as commodities e o real desvalorizou. Os dados de novas moradias nos EUA saíram mais fortes-subiram 21,7% em maio ante abril e o mercado previa queda de 0,8%- e também fortalece a moeda; no cenário doméstico, é dia de ajustes de preços e mercado aguarda o Copom”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham majoritariamente em queda depois de realizado o leilão de títulos do Tesouro. Após abrirem já em leve retração, as taxas seguiram caindo, precificando a manutenção dos juros ao fim da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de amanhã, e indicando cortes em agosto e setembro.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,000% de 13,030 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,085 % de 11,135%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,505%, de 10,520%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,540% de 10,515% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda, enquanto os investidores aguardavam o depoimento do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, e olhavam para potenciais ventos contrários ao recente rali, incluindo preocupações com a economia da China.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,72%, 34.053,87 pontos
Nasdaq Composto: -0,16%, 13.667,3 pontos
S&P 500: -0,47%, 4.388,71 pontos

Com Dylan Della Pasqua, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA