Bolsa fecha em leve alta, mas não surfa no bom humor de NY; janeiro tem 3 semana em queda

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Gráfico de ações // Créditos: Pexels/Energipicom

São Paulo – Em dia de volatilidade, a Bolsa encerrou a sessão desta sexta-feira em leve alta e conseguiu se manter na região dos 127 mil pontos, mas não alcançou o otimismo de Nova York. As ações de peso como Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) pressionaram o índice ao longo do pregão e o fiscal ficou no radar. O Ibovespa encerra a terceira semana de janeiro em queda de 2,56%.

A Vale (ON,-1,30%. Petrobras (PN,-0,53%. Os destaques positivos ficaram apara as aéreas-Gol (PN, +6,02%) e Azul (PN, +3,88%)

O principal índice da B3 subiu 0,25%, aos 127.635,65 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro registrou ganho de 0,27%, aos 128.405 pontos. A mínima no interdiário atingiu 126.533,00 pts. O giro financeiro foi de R$ 27,3 bilhões. Em NY, as bolsas fecharam no positivo.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que em dia de volatilidade, as commodities pressionaram a Bolsa ao longo da sessão, mas no final dos negócios conseguiu se manter no positivo.

“O Ibovespa novamente teve dificuldade em aproveitar a tendência favorável das bolsas de NY, mas ao menos desta vez conseguiu salvar o dia no final da sessão, garantindo ligeira alta e a manutenção acima dos 127 mil pontos. Ainda parece um movimento corretivo da forte alta do final de 2023, intensificado pela reversão do fluxo dos estrangeiros, antes com saldo positivo na B3, mas cujo saldo líquido passou a ser negativo pelos últimos dados disponíveis. A queda das commodities ajudou a pressionar o Ibovespa, uma vez que conduziu as ações de maior peso do índice, Vale e Petrobras, para o negativo. Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que o pregão de hoje está bem volátil e com uma performance bem abaixo de Nova York, as ações com maior peso no índice caem, Petrobras acompanha o petróleo em um dia negativo e a Vale tem relação com o governo insistir em colocar o Guido Mantega na direção da empresa e a visão do mercado é negativa; o resto da Bolsa tem um bom desempenho”.

Bruno Komura, analista da Potenza investimentos, disse que a Bolsa está volátil e a atenção fica no fiscal.

“O descolamento com exterior tem girado em torno da pauta fiscal. O Pacheco [presidente do Senado, Rodrigo Pacheco] confirmou que vai voltar com a MP da desoneração aprovada pelo Congresso e o Haddad [Fernando Haddad, ministro da Fazenda] vai precisar de outras vias para aumentar a arrecadação; o dia seria melhor para as commodities, mas a Vale e Petrobras acabaram caindo. A saída de muitos estrangeiros da Bolsa se dá por meio das ações mais líquidas [Petrobras e Vale]; hoje saiu o índice de confiança da Universidade de Michigan [subiu para 78, 8 pts, contra previsão de 70,2], que mostra a economia aquecida nos EUA, mas o mercado ainda aposta no corte de juros nos EUA em março”.

Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a Bolsa opera em queda e descola do exterior refletindo o cenário interno.

“O mercado está pessimista com a atividade econômica, é o quarto mês sem crescimento econômico -o IBC-Br veio no zero a zero- , a capacidade do governo em arrecadar vai diminuir e o problema fiscal aumenta. O Ibovespa está se descolando mercado americano já alguns dias. Hoje também é dia de vencimento de opções sobre as ações e deixa o mercado travado no intraday”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,08%, cotado a R$ 4,9272. A sessão foi marcada pela baixa volatilidade da moeda e o mercado já aceitando o fato de que o Fed não irá começar os cortes dos juros na reunião de março. Na semana, a divisa estadunidense teve valorização de 1,47%.

Segundo a economista da Valor Investimentos Paloma Lopes, “o mercado já se prontificou a aceitar um Fed mais lento do que se esperava. Eu acho que os cortes começam em julho”.

Para o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, os dados mais fortes de Michigan reforça a ideia de que o corte dos juros americanos não irá começar em março.

O índice de confiança do consumidor, medido pela Universidade de Michigan, que foi a 78,8 pontos em janeiro ante projeções de 69,5 pontos.

“O mercado ainda está tentando ficar mais otimista, mas isso vai diminuindo à medida que o Fed insiste em manter a cautela. Na reunião de janeiro o Fed deve ser mais incisivo para ajustar as expectativas do mercado”, avaliou Komura.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham mistas, acompanhando os Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano). As taxas abriram em queda, mas passaram a subir após divulgação do índice de confiança do consumidor dos Estados Unidos, medido pela Universidade de Michigan e pela Thomson Reuters, que subiu para 78,8 pontos em janeiro, depois dos 69,7 pontos em dezembro, de acordo com dados preliminares.

Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,115% de 10,095% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,775% de 9,780%, o DI para janeiro de 2027 ia a 9,905%, de 9,920%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,155% de 10,175% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 4.9300 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta, com o S&P 500 registrando sua máxima histórica, à medida que os investidores voltaram a comprar ações de tecnologia com força nos últimos dias, após um início de novo ano conturbado.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,05%, 37.863,80 pontos
Nasdaq 100: +1,70%, 15.311,0 pontos
S&P 500: +1,23%, 4.839,81 pontos

Confira a variação dos índices na semana:

Dow Jones: +0,72%
Nasdaq 100: +2,26%
S&P 500: +1,17%

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA

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