Bolsa fecha em leve alta e dólar em queda, mas Auxílio Brasil ainda gera incertezas

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São Paulo – Em um pregão de volatilidade, a Bolsa fechou em leve alta de 0,10% com os investidores atentos à fala do ministro da Cidadania, João Roma, sobre o Auxílio Brasil e o término do auxílio emergencial este mês. O novo Bolsa Família começa a vigorar a partir de novembro e terá um reajuste de 20% em cima do benefício. A dúvida do mercado é de onde virão os recursos para efetuar o pagamento.
Roma também disse que “está buscando dentro do governo para que o atendimento desses brasileiros siga de mãos dados com a responsabilidade fiscal”. A fala do ministro foi na mesma linha do que disse Bolsonaro mais cedo. O presidente afirmou que o Auxílio Brasil será de R$ 400 e que não irá estourar o teto de gastos.
O principal índice da B3 subiu de 0,10%, aos 110.786,43 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro caiu 0,81%, aos 111.125 pontos. O giro financeiro foi de R$ 31,1 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.
As ações do setor financeiro subiram em bloco e os papéis da Petrobras avançaram à espera do relatório sobre sua produção.
Viviane Vieira, operadora de renda variável da B.Side Investimentos, comentou que a volatilidade está prevalecendo na Bolsa, “ela tenta se recuperar, mas acaba voltando”. “Esse Auxílio Brasil foi mais para potencializar a sensação de que o Bolsonaro está operando em um modo desespero. Quando ele está caindo nas pesquisas acaba transformando um movimento social e perene em uma alavanca eleitoral temporária”. E acrescentou que “o governo não aguenta ver o mercado agitado porque acaba tendo saída de capital estrangeiro, porque prejudica bastante se a gente romper o teto de gasto mesmo que o Bolsonaro diga que não”.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, comentou que a fala do ministro da Cidadania sobre o novo Bolsa Família “foi quase um pronunciamento de campanha, uma vez que não mostrou a viabilidade da execução da pretensão”. E acrescentou que para esse reajuste de 20% é necessário mostrar “o espaço no teto, em relação ao ano de 2022 e indicar a origem dos recursos para 2021 e daí em diante”.
Enrico Cozzolino, analista da Levante Ideias Investimentos, comentou que o mercado começa a se recuperar das tensões da véspera, mas enfatizou que Bolsa está barata e estagnada entre 108 e 112 mil pontos por conta dos riscos fiscais.
“Enquanto não houver uma definição de quanto será o auxílio emergencial e como adequar dentro do teto de gastos; ademais de como pagar os precatórios sem romper a regra e ver o encaminhamento das reformas, principalmente do Imposto de Renda, vamos ver a pontuação do Ibovespa de 108, 110,112 mil pontos sem um trigger adicional”.
O dólar comercial fechou em R$ 5,5620, com queda de 0,58%. Isso foi resultado do anúncio de que o Auxílio Emergencial irá terminar neste mês de outubro, e que a partir do próximo mês deve entrar em operação o Auxílio Brasil, substituindo o Bolsa Família. O programa terá um reajuste de 20% em relação ao anterior, com o governo garantindo que o teto fiscal não será furado, porém ainda sem dar detalhes de como irá fazer isso.
Segundo fonte ouvida pela CMA, “se o governo furar o teto, o Banco Central (BC) não deve continuar a vender suas reservas de dólar, além de não descartar a hipótese que a instituição mude sua política de aumento da taxa básica da Selic (taxa básica de juros)”.
Se por um lado a fonte afirmou que o “mercado não acredita em mais nada do que o governo diz”, por outro ela também disse que o caso o teto não seja furado, o real pode se valorizar ainda mais, “já que existe espaço para isso”.
Para a equipe da Ouro Preto Investimentos, “por mais que tenha um certo alívio, as incertezas continuam nos próximos dias”. A empresa acredita que o refresco é pontual e que existe, inclusive, espaço para piorar.
Já em relação ao petróleo, a Ouro Preto acredita que ele irá continuar subindo: “A oferta irá se ajustar à demanda, mas em um ritmo mais lento”, analisam.
As taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) fecharam em alta, apesar de desacelerarem após fala do presidente Jair Bolsonaro de que respeitará o Teto de Gastos mesmo com sinalização do novo Auxílio Brasil, no valor de R$ 400 até o final de 2022.
O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 7,632%, de 7,584% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 9,900%, de 9,840%; o DI para janeiro de 2025 ia a 10,900%, de 10,890% antes e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,270%, de 11,190%, na mesma comparação.
Nos Estados Unidos, os principais índices do mercado de ações encerraram o dia em alta, com o Dow Jones renovando máxima no fechamento, embalados por resultados trimestrais das empresas e em meio a um novo recorde do bitcoin. A exceção foi o Nasdaq, que terminou a sessão perto da estabilidade, com leve variação negativa.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: +0,43%, 35.609,34 pontos
Nasdaq Composto: -0,05%, 15.121,70 pontos
S&P 500: +0,36%, 4.536,19 pontos