Bolsa fecha em leve alta, com indicadores dos EUA e avanço de Petrobras, limitada pela Vale

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Gráficos de ações // Créditos: Pexels/Tima Miroshnichenko

São Paulo – Em dia de agenda local esvaziada e feriado municipal prolongado na capital financeira do País – a cidade de São Paulo comemora 470 anos-, os investidores ficaram de olho no exterior, marcado pela decisão sobre juros na Europa e pela divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano referente ao quarto trimestre. No entanto, os dados não tiveram grande impacto na Bolsa brasileira, que operou normalmente no feriado, mas teve baixo volume negociado. O destaque negativo ficou para a ação da Vale (VALE3), impactada por notícias negativas e pelo aniversário de 5 anos do rompimento da barragem em Brumadinho (MG).

O principal índice da B3 subiu 0,27%, aos 128.168,73 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou 0,28%, aos 128.670 pontos. O giro financeiro foi de R$ 15,6 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.

Na manhã desta quinta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou sua decisão de manter inalteradas as principais taxas de juros, ao final do segundo dia de sua reunião de política monetária. A taxa de juros nas operações principais de refinanciamento foi mantida em 4,50%, a taxa de empréstimos marginais em 4,75% e a taxa da facilidade de depósito em 4,00%. A manutenção das taxas referenciais ficou dentro da expectativa consensual dos analistas.

Nos Estados Unidos, ganham peso os dados de atividade, com crescimento de 3,3% do PIB no quarto trimestre em relação ao trimestre anterior, em base anualizada, uma redução ante o terceiro trimestre, quando houve expansão de 4,9%, segundo dados da primeira leitura divulgada pelo Departamento de Comércio do país. O mercado esperava um crescimento de 2,0% em relação ao 3T23 anualizado, ante 4,9% no trimestre anterior.

Também saíram os pedidos semanais de seguro-desemprego nos Estados Unidos, que mostraram aumento em 25 mil, para 214 mil na semana encerrada em 20 de janeiro, após ter alcançado 189 mil na semana anterior (dado revisado), segundo estatísticas do Departamento do Trabalho ajustadas por fatores sazonais. Os analistas previam 199 mil pedidos.

Outros indicador divulgado na manhã desta quinta-feira foi o Indice de Atividade Nacional medido pela unidade de Chicago do Federal Reserve, o banco central do país, caiu para -0,15 ponto em dezembro, após registrar 0,1 ponto em novembro (dado revisado).

Completaram a agenda de indicadores norte-americanos de hoje os dados sobre vendas de casas novas e de encomendas de bens duráveis em dezembro.

No âmbito local, a agenda de dados segue sem maiores destaques, na medida em que os investidores permanecem em compasso de espera pela divulgação do IPCA-15 de janeiro, amanhã (26).

A ação da Vale (VALE3), que representa 14% do índice, fechou em que queda de 2,20%, a R$ 68,36, em dia conturbado para o ativo. Desde ontem, ganharam força novos boatos em relação à pressão do presidente Luís Inácio Lula da Silva para ter Guido Mantega na presidência da Vale. A imprensa divulgou que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, teria ligado para interlocutores na mineradora com esse pedido do presidente. Na próxima quarta-feira (31), o conselho de administração da Vale se reunirá para decidir se Eduardo Bartolomeo seguirá no cargo de CEO.

Somado a isso, pouco antes do fechamento do pregão, saiu a notícia de que a Justiça Federal condenou a empresa e suas sócias BHP e Samarco a pagar R$ 47,6 bilhões como indenização pelos danos morais coletivos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015. O valor deverá ser corrigido monetariamente desde a data da decisão, assinada nesta quinta-feira (25), e com juros de mora desde a data da tragédia, ocorrida em 5 de novembro de 2015. A companhia disse que não foi notificada da decisão e que cabe recurso.

Por fim, hoje o desastre provocado pela barragem da mineradora em Brumadinho (MG) completou 5 anos.

Outras ações de peso do índice, as da Petrobras (PETR3; PETR4), por sua vez, fecharam em forte alta, de 4,63% e 3,69%; Itaú Unibanco (ITUB4) caiu 0,21%; Bradesco (BBDC3 +-0,21%; BBDC4 +0,26%) fecharam mistas e Eletrobras (ELET3; ELET6) avançaram 0,14 e 0,26%.

Os destaques de alta foram Magazine Luiza (MGLU3:+7,81%), Azul (AZUL4:+6,02%), Asai (ASAI3: +4,86%) e Petrobras. A alta de Azul foi atribuída ao anúncio de um plano do governo federal para criar um fundo, com recursos de R$ 4 a R$ 6 bilhões, para conceder empréstimos a companhias aéreas brasileiras e baratear passagens, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A Gol (GOLL4) chegou a ficar entre as maiores altas, mas fechou a sessão entre as maiores quedas, em baixa de 3,15%, após anuncio de que iniciou sua reestruturação financeira na Justiça americana.

As maiores quedas do Ibovespa foram de Yduqs (YDUQ3: -4,40%), seguida por Gol, Pão de Açúcar (PCAR3: -2,61%), Vale e Hypera (HYPE3: -1,92%).

Em relação ao PIB dos Estados Unidos, o editor de Opinião e Análise da plataforma Investing.com, Thomas Monteiro, avalia que o resultado acima do esperado pode ameaçar início de corte dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em maio. “Embora já esperássemos uma economia resiliente no 4o trimestre, com base em números como vendas no varejo e emprego, o avanço anualizado de 3,3% foi uma grande surpresa positiva, acima do consenso de 2% do mercado. Na verdade, o resultado positivo precisa ser visto da perspectiva de que estamos partindo de uma base forte, no 4o trimestre de 2023, o que torna esta leitura ainda mais sólida”, comentou.

Na visão do analista, apesar de o PIB ser um indicador atrasado, os números de hoje reforçam a narrativa de um pouso suave, pois não deixam dúvidas de que ainda estamos muito longe de algo que se assemelhe a uma recessão. “Além disso, do ponto de vista de mercado, isso basicamente encerra a possibilidade de cortes de taxa de juros em março nos EUA. Não há absolutamente nenhuma necessidade de o Federal Reserve apressar os cortes de juros agora. Não ficaria surpreso se o mercado começar a questionar a necessidade de cortes de taxa em maio também.

Mais cedo, o time de analistas da Levante mencionou que o movimento positivo da Bolsa pode ser explicado por que os investidores estão à caça de ações descontadas, mas previam que o dia poderia ser muito volátil dependendo do número do PIB dos Estados Unidos.

O dólar comercial fechou em queda de 0,19%, cotado a R$ 4,9223. A moeda norte-americana refletiu, ao longo da sessão, a baixa liquidez no mercado devido ao feriado na cidade de São Paulo e certa empolgação com os resultados da economia estadunidense, divulgados na manhã de hoje.

O PIB do 4º trimestre teve alta de 3,3% ante projeções de 2%. Já o pedidos de seguro-desemprego foram a 214 mil na semana encerrada no último dia 20,abaxo das estimativas (199 mil).

Segundo o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, o movimento de hoje está alinhado ao exterior, além da redução de liquidez gerada pela efeméride paulistana.

Para o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, os resultados de hoje, em especial o seguro-desemprego, reforçam as apostas de que os cortes dos juros nos Estados Unidos irão começar em março.

Mesmo o PIB acima das projeções, explica Komura, mostra viés de desaceleração, já que no 3º trimestre de 2023 a alta foi de 4,9%.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda, acompanhando o movimento dos Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano), após divulgação do PIB dos Estados Unidos, que cresceu 3,3% no quarto trimestre em relação ao trimestre anterior, em base anual.

Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,025% de 10,045% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,690% de 9,760%, o DI para janeiro de 2027 ia a 9,845%, de 9,925%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,110% de 10,165% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar comercial operava em queda, cotado a R$ 4.9218 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo positivo, apesar dos resultados negativos da Tesla manterem os índices mistos ao longo do dia, com a leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos mais forte do que o esperado.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,64%, 38.049,13 pontos
Nasdaq 100: +0,18%, 15.510,5 pontos
S&P 500: +0,52%, 4.894,16 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA

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