Bolsa fecha em leve alta, com dados positivos da China, à espera da Super Quarta; dólar sobe

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Gráfico de ações // Créditos: Pexels/Tima Miroshnichenko

São Paulo – A Bolsa fechou em leve alta, perto da estabilidade, em dia volátil, com investidores em compasso de espera de importantes decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos. Nesta segunda-feira, os operadores do mercado também acompanharam a divulgação do IBC-Br, a prévia do Produto Interno Bruto (PIB), um pouco acima das expectativas do mercado, o balanço de um ano do governo federal, novos rumores sobre intervenções do governo em empresas como Petrobras e Eletrobras e notícias mais favoráveis da China, que impulsionaram os papéis da Vale, papel com forte peso no Ibovespa, e outras ações de empresas de commodities metálicas.

O Indice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central subiu 0,60% em janeiro em relação a dezembro, indo a 148,50 pontos. Nos dados sem ajuste sazonal, o IBC-Br atingiu 140,51 pontos, ganho de 3,45% na comparação com o mesmo mês de 2023. O Termômetro CMA apostava em alta de 1,01% em janeiro ante dezembro. Já na comparação com novembro de 2023, o aumento esperado era de 4,10%.

O principal índice da B3 subiu 0,16%, aos 126.954,18 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril avançou 0,27%, aos 127.940 pontos. O giro financeiro foi de R$ 17 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Entre as ações mais negociadas do índice, Vale (VALE3) fechou em alta de 1,90% e Petrobras (PETR3;PETR4) subiram 0,84% e 0,05%. As ações do setor financeiro fecharam mistas.

As maiores altas do dia foram de Magazine Luiza (MGLU3 +7,14%), Cogna (COGN3 +4,43%), Rede D’Or (RDOR3 +3,44%), Bradespar (BRAP4 +3,33%) e Gerdau (GGBR4 +3,12%).

Já as maiores quedas do índice foram de MRV (MRVE3 -5,70%), Gol (GOLL4 -4,49%), Yduqs (YDUQ3 -3,81%), Eletrobras (ELET3 -3,60%; ELET6 -3,11%) e Totvs (TOTS3 -2,96%).

João Vitor Freitas, analista da Toro Investimentos, avalia que o movimento de hoje reflete expectativas de corte de juros para junho e um receio de menos cortes lá fora. A performance do Ibovespa reflete dados de varejo e produção industrial mais fortes da China, que animaram o mercado e impulsionaram os papéis de mineração e Vale subindo mais de 2% contribuindo para mais de 300 pontos de alta do índice. Já Petrobras operou boa parte do pregão em queda, na contramão do petróleo Brent, que subiu no pregão de hoje, ainda repercutindo os últimos acontecimentos em relação aos dividendos.

Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da Eu me banco, avalia que o movimento do Ibovespa reflete um mercado financeiro em compasso de espera, em em semana de importantes decisões econômicas sobre juros tanto no Brasil como nos EUA. “Por aqui, o Banco Central deve decidir por mais uma queda de juros em 0,5 p.p, como já previsto pelo mercado. Não devemos ter novidades, já que o BC já sinalizou que o ritmo de cortes deve continuar. Enquanto isso, nos EUA, o mercado fica atento ao discurso de Jerome Powell, que pode indicar quando devemos ter um corte de juros por lá. O discurso adotado por Powell tem sido bem cauteloso e os investidores aguardam por qualquer sinalização de queda de juros que anime o mercado”, explica.

Entre os destaques de alta de hoje, o analista cita Klabin (KLBN11), que subiu +2,44%, impulsionada com a alta do dólar. Além de Vale, Gerdau, Usiminas (USIM5 +1,53%) e CSN Mineração (CMIN3 +2,75%) também subiram influenciadas pela alta do minério de ferro lá fora. Enquanto isso, as ações da Magazine Luiza foram o principal destaque de alta do dia com os investidores com altas expectativas em relação ao balanço da companhia, após o fechamento do pregão desta segunda-feira.

Mesmo com a alta do petróleo lá fora, a ação da Petrobras operou em queda durante o pregão ainda por conta do mercado estar preocupado com as interferências do governo na companhia. Já a principal queda do dia, de MRV, foi ocasionada pela revisão do guidance. “O CFO da empresa, Ricardo Paixão, afirmou que a empresa irá construir menos unidades do que o previsto e, por isso, passaram a revisar o guidance para baixo em margem bruta e lucro. Com isso, outros papeis do setor como Cyrela (CYRE3 -2,67%) e Eztec (EZTC3 -2,35%) também caem”, afirma Louzada.

A ação da Eletrobras também ficou entre as maiores quedas, depois de notícia sobre o aumento de cadeiras no conselho. “Segundo coluna do Lauro Jardim, do “O Globo”, a companhia teria cedido às pressões do governo para incluir dois indicados”, concluiu.

O dólar fechou em alta de 0,55%, cotado a R$ 5,0249. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o temor global de que os juros permaneçam altos por mais tempo, além dos ruídos políticos e fiscais domésticos.

Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “estamos em uma tempestade perfeita. Existe um processo de reprecificação global de juros, com a desmontagem da posição mais dovish (suave, menos propenso ao aumento dos juros) do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano)”.

Borsoi acredita que caso o Banco do Japão (BoJ) comece a retirar os estímulos da política monetária, a divisa estadunidense tende a ganhar força, já que a liquidez no mercado seria reduzida.

No campo doméstico, Borsoi entende que a perda de popularidade do presidente Lula fez com que o chefe do executivo aumentasse os gastos, sem uma contrapartida clara: “Isso cria uma desconfiança sobre a meta fiscal deste ano”, diz.

O Banco Central (BC), observa Borsoi, talvez esteja “atrasado” no ciclo, o que talvez faça com que a velocidade dos cortes e Selic (taxa básica de juros) terminal talvez sejam revistos, o que também respinga no dólar.

De acordo com o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, “o mercado americano segue resiliente, com alguns analistas já prevendo a queda dos juros apenas em 2025. Eu acho cedo, mas de fato está difícil para cair a inflação por lá”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta, seguindo os Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) que sobem, já que os investidores estão na expectativa da decisão sobre a política monetária por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que será divulgada nesta quarta-feira.

Por volta das 16h30(horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 9,990%, de 9,965% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,920% de 9,885%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,160%, de 10,120%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,450% de 10,420% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar comercial operava em alta cotado a R$ 4,0265 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, com as empresas do setor de tecnologia liderando os ganhos antes da reunião de dois dias do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,20%, 38.790,43 pontos
Nasdaq 100: +0,82%, 16.103,4 pontos
S&P 500: +0,63%, 5.149,42 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA

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