Bolsa fecha em alta puxada por commodities metálicas e bancos; dólar recua mais de 1%

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São Paulo- Após quatro sessões seguidas de baixa, a Bolsa fechou em alta, oscilou entre a mínima de 115.315,94 pontos e máxima de 117.130,81 pontos em um dia de bom humor externo com notícias favoráveis da China em relação ao crédito e inflação, minério de ferro avançou puxando as ações de empresas ligadas às commodities.

Somado a isso, o setor bancário subiu em bloco e ajudou na performance do índice, além da B3 (B3SA3).

As empresas ligadas à economia doméstica também avançavam refletindo a queda dos juros futuros, com destaque para o setor de construção. A Eztec (EZTEC) foi destaque de alta de 5,84%.

Mas, a inflação aqui, que será divulgada amanhã (12), e nos Estados Unidos na quarta-feira (13) ficam no radar dos investidores, além da decisão de juros pelo banco central europeu (BCE), na quinta-feira (14).

As ações da Vale (VALE3) subiram 1,43%. Gerdau (GGBR4) teve ganho de 0,94% e Metalúrgica Gerdau (GOAU4) avançou 2,07%, Suzano (SUZB3) aumentou 2,39%. B3 (B3SA3) acelerou 2,95%.

Em relação às instituições financeiras, Itaú (ITUB4) acelerou 2,54%, Bradesco (BBDC3 e BBDC4) registrou alta de 1,40% e 1,87% e Santander Brasil (SANB11) subiu 1,77%.

“Os bancos foram beneficiados pela avaliação de que o setor é resiliente e atrativo para investidores em termos de pagamento de dividendos, principalmente com a retirada do regime de urgência do projeto que extingue os JCPs [Juros sobre Capital Próprio]”, disse Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.

A Petrobras (PETR3 e PETR4) teve um dia mais fraco, com queda de 0,68% e 0,08%.

O principal índice da B3 subiu 1,36%, aos 116.883,34 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançou 1,56%, aos 118.400 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,4 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.

Gabriel Meira, economista e sócio da Valor Investimentos, comentou que o Ibovespa avança bem no pregão de hoje “com o efeito China com dados de crédito e inflação-subiu 0,1% em agosto em base anual- vieram melhores e o mercado acredita que pode haver uma recuperação mais rápida da economia; o Boletim Focus veio com inflação mais elevada, mas impacta marginalmente”.

Leandro Petrokas, sócio da Quantzed, disse que a Bolsa sobe refletindo as notícias positivas vindo da China em relação à inflação e crédito. “Isso animou os mercados aqui e mundo afora com os investidores dando um voto de confiança na retomada do crescimento da economia chinesa; o minério subiu em Dalian, puxando setores de mineração e siderurgia por aqui”.

Petrokas ressaltou que a alta do Pão de Açúcar (PCAR3), subiu 5,22%, “ainda reflete a notícia de que o grupo Casino quer comprar a fatia detida pelo GPA na CNova, empresa de comércio eletrônico. Isso seria positivo para o Pão de Açucar, desde que houvesse uma destinação dos recursos para a expansão das operações do grupo”.

A Braskem (BRKM5) foi destaque de queda, de 3,18%, após subir quatro pregões consecutivos. ” A corretora XP iniciou cobertura da ação, em relatório divulgado ontem (10) com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 27. A Braskem é um case empresarial complexo, sendo que por diversas vezes surgem propostas de compra de parte do controle, mas que até o momento, nunca se concretizaram. Isso prejudica a imagem da empresa perante os investidores”, disse Petrokas.

João Piccioni, analista da Empiricus Research, disse que o mercado está mais otimista depois da semana passada com dois feriados-aqui e nos Estados Unidos- em que a liquidez ficou restrita.

“O mercado está voltando a respirar, sempre as questões envolvendo China acabam provocando preço com Vale, Gerdau e Suzano subindo e, em Londres, as empresas ligadas às commodities também estão andando bem; a notícia mais importante do final de semana foi o acordo entre a Europa, India, Estados Unidos e os países árabes, deslocando um pouco a preocupação dos investidores com China e olhando a possibilidade de a India passar a ser um grande player nos mercados,

Piccioni afirmou que a percepção do mercado é de que o Brasil tenha um desempenho um pouco melhor que se esperava no começo do ano.

“O agro surpreendeu sob ótica de balança comercial e outro ponto relevante é que o Brasil ultrapassou os Estados Unidos na produção de soja, milho e tem possibilidade de passar em algodão, isso traz um pouco mais de ânimo; em relação aos juros nos EUA, os investidores estão tentando tatear para onde o Fed vai caminhar em relação às taxas, o mercado de títulos está estressado e a probabilidade é de que na reunião de novembro possa ter uma alta”.

O dólar comercial fechou em queda de 1,04%, cotado a R$ 4,9306. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a expectativa de que a China enfim retome o crescimento econômico.

Para o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, “o movimento de hoje é positivo, muito pautado nos dados de China, com o sentimento de que o governo pode vir com novos estímulos. Isso fez com que as commodities subissem”.

Serrano entende que o cenário doméstico segue favorável: “Não tivemos muitas novidades. Poucas notícias sobre a dinâmica fiscal ou ausência de indicadores relevantes acabaram deixando o mercado de câmbio focado mais no ambiente internacional”, avalia.

De acordo com a Ajax Research, “lá fora, dólar recua após vários dias de altas consecutivas, após autoridades econômicas japonesas cogitarem a possibilidade de encerramento da era de juros negativos. Commodities e ações se valorizam com a melhora dos indicadores econômicos na China. Por aqui, ativos devem acompanhar exterior”.

O índice de preço ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) na China, em agosto, avançou 0,1% (em linha com as projeções), enquanto o índice de preços ao produtor recuou 3,0% ante consenso de -2,9%.

“O Banco do Japão (BoJ) comentou sobre eventual mudança em sua política monetária, sinalizando acabar com as taxas de juros negativas ainda presentes no país, caso os preços e salários continuem subindo de forma sustentável”, explicou a Ajax.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI)seguem em queda, seguindo exterior com mais apetite ao risco.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,3325% de 12,335% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,485% de 10,560%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,155%, de 10,270%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,380% de 10,508% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta para iniciar uma grande semana de dados de inflação, enquanto os investidores compraram ações de tecnologia na esteira da queda recente.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,25%, 34.663,72 pontos
Nasdaq 100: +1,14%, 13.917,9 pontos
S&P 500: +0,67%, 4.487,46 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA