Bolsa fecha em alta puxada por commodities e payroll e acumula ganhos na 6ª semana seguida de 1,49%

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São Paulo- A Bolsa fechou o segundo dia consecutivo em forte alta puxada pelas commodities, com valorização do minério de ferro e do petróleo, e com um otimismo externo que começou com a aprovação do teto da dívida dos Estados Unidos e estendeu após o payroll forte. Aqui, ainda refletiu o resultado positivo do PIB do primeiro trimestre divulgado ontem-cresceu 1,9%. O Ibovespa acumula ganhos na 6 semana seguida de 1,49%

As ações da Vale (VALE3) e CSN (CSNA3) subiram, respectivamente, 4,26% e 4,90%. Petrobras (PETR3 e PETR4) avançou 1,19% e 0,81%. Os bancos avançaram em bloco.

Na ponta negativa, o destaque ficou para os papéis das varejistas como Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3), caíram 4,67% e 10,35% após a divulgação de um relatório do JP Morgan em que o banco enfatizou perspectiva negativa e desafiadora para as duas empresas.

Os Estados Unidos criaram 339 mil vagas de empregos em maio, segundo o relatório de emprego (payroll, sigla em inglês) e a taxa de desemprego ficou em 3,7%. Os dados ficaram acima das expectativas do mercado.

O principal índice da B3 subiu 1,80%, aos 112.558,15 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho aumentou 1,40%, aos 113.150 pontos. O giro financeiro foi de R$ 28,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas subiram.

Vinícius Steniski, analista de ações do TC, disse que a sessão é positiva para o Ibovespa puxada pelas commodities. “Ações de mineração e siderurgia subindo forte puxadas pelo minério de ferro e também pelo petróleo impulsionando a Petrobras; a Bolsa ainda repercute o PIB bem melhor que o esperado, mas chamo a atenção que só o setor de agropecuário veio bem; e no exterior saiu o payroll acima do esperado e a taxa de desemprego aumentou, gerando expectativas para manter a taxa de juros”.

Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, explicou que o payroll, aprovação do teto da dívida dos Estados Unidos, China e ainda reflexo do PIB brasileiro impactam positivamente a Bolsa na sessão de hoje.

“O primeiro ponto é que o payroll veio acima do esperado, mas com revisão da leitura anterior revisada para cima e a discrepância entre as duas ficou menor do que se imaginava. O segundo é que a taxa de desemprego veio maior que o esperado e dá um alívio. Esse é o principal motivo que faz o mercado acreditar na manutenção de taxa de juros na reunião do Fed nos dias 13 e 14 e faz a Bolsa responder bem; reflexo da aprovação do teto de gastos, e notícias da China de que o governo estuda estimular o mercado imobiliário, além do PIB de ontem com muitas as casas fazendo revisões de expectativas para este ano mantém o bom humor por aqui”.

Lucas Mastronomonico, operador de renda variável da B. Side Investimentos, a sessão é de alta por aqui seguindo o exterior com as commodities. “O mercado está subindo bem com commodities, a Vale está subindo quase 4% e Petrobras também com o petróleo em alta, o que puxa o Ibovespa ontem saiu o PIB segurado pelo agronegócio e foi benéfico para o mercado, o payroll veio bem acima do esperado e no início assustou; na realidade o dado veio misto e o mercado reagiu bem, ou seja, o número de vagas subiu e o desemprego aumentou, salários caíram, isso é bom”.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que o payroll e a aprovação do teto da dívida dos Estados Unidos impulsionam o bom humor na Bolsa. “Os dados do payroll vieram mistos e forte; a criação de empregos acima do esperado, mas a taxa de desemprego deu uma contrabalanceada. Apesar a participação estar forte, a quantidade de dinheiro de moeda em circulação diminuiu, então é um dado positivo. O payroll de manufatura veio em menos 2K e a previsão era de 10K, estamos com menos dinheiro na economia e não terá pressão na inflação, ou seja, pessoas estão voltando a trabalhar, mas sem excesso de dinheiro e a Bolsa reagiu de forma positiva; em tempos de processo de expansão, isso seria negativo, mas em um início de recessão, isso é positivo”.

Um gestor de investimentos de uma grande corretora disse que “são aqueles dados bons, porém ruins, ou seja, é o pleno emprego que vai impactar na inflação. A expectativa do mercado era de que o Fed pausaria o ciclo de alta na próxima reunião [13 e 14], agora não sei como vão fazer. O mercado vai digerir aos poucos”.

O dólar comercial fechou em queda de 1,03%, cotado a R$ 4,9540. Isso refletiu a sessão marcada pelo apetite ao risco global, impulsionado pela expectativa de o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) cessar o aumento das taxas básicas de juros. Na semana, a moeda teve desvalorização de 0,68%.

De acordo com o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, o dólar tem potencial para chegar em R$ 4,70 nas próximas semanas, surfando na onda otimista que tomou o mercado desde ontem, após a aprovação do teto da dívida pública estadunidense.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, “existem menos chances do Fed subi os juros, mas ele deve manter a taxa por mais tempo. Dado este cenário, câmbio e bolsa devem ser beneficiados”.

“O payroll veio forte, mas a taxa de desemprego contrabalanceou a criação de vagas. Os salários vieram levemente diferentes. Isso abre o caminho para o Fed parar de subir os juros”, diz Komura.

Foram criadas 339 mil vagas em maio nos Estados Unidos (projeções eram de 190 mil), desemprego de 3,7% (projeção de 3,5%) e +4,3% no salário médio por hora ante projeções de 4,4%.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam mistas, em dia de grande volatilidade. Dados de relatório de emprego (payroll, sigla em inglês) bem acima do esperado nos Estados Unidos mostram economia resiliente e geram expectativas quanto às próximas decisões do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Em ambiente doméstico, uma trajetória de melhores dados de inflação, aprovação do marco fiscal e PIB acima do esperado deixam os agentes de mercado com as atenções voltadas para as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,195% de 13,195 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11, 460% de 11,470%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,790 %, de 10,915%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,770 % de 10,945% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta, com o Nasdaq no positivo pelo sétimo pregão consecutivo, à medida que os investidores digerem o forte relatório de empregos para maio e ainda repercutem a aprovação do limite do teto da dívida norte-americana.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +2,12%, 33.762,76 pontos
Nasdaq Composto: +1,07%, 13.241 pontos
S&P 500: +1,45%, 4.282,37 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA