Bolsa fecha em alta puxada por commodities e bancos e descola do exterior; dólar sobe

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A Bolsa fechou em alta, descolada dos índices em Nova York, sustentada pelas ações de commodities e pela recuperação do setor financeiro em dia de inflação alta nos Estados Unidos. Na véspera, os bancos sofreram bastante com o balanço do Bradesco aquém das expectativas do mercado. Hoje, após o fechamento será divulgado o resultado do Itaú.
As ações do Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC3 e BBDC4) subiram respectivamente 1,91%; 0,81% e 1,44%.
Mais cedo, o resultado forte de inflação em janeiro nos Estados Unidos-subiu 0,6% na comparação mensal e 7,5% em base anual, maior alta em 40 anos- teve um impacto negativo após a divulgação, mas posteriormente a Bolsa começou a se recuperar.
O principal índice da B3 subiu 0,80%, aos 113.367,77 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro aumentou 0,88%, aos 113.440 pontos. O giro financeiro foi de R$ 32,2 bilhões. Em Nova York, as bolsas tiveram forte perda.
Leonardo de Santana, analista da Top Gain, ressaltou que apesar do cenário externo mais desanimador, a Bolsa avança puxada pelas commodities, principalmente a Vale e o setor financeiro. “A China parou de boicotar o minério de ferro e deixou a commodity subir, mas em termos de preços, a partir do momento em que a Vale não conseguia trabalhar na faixa importante de preços entre R$ 82 e R$ 84, o caminho era só de elevação”. A Vale (VALE3) subia 2,69%, cotada a R$ 93,87.
Em rem relação à Petrobras, com o Ibovespa em alta e o dólar depreciado, o movimento positivo das ações da perolífera é resultado de fluxo de estrangeiros. Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) avançaram 1,71% e 1,53%, nessa ordem.
Para o setor de varejo, Santana disse que “começa a ver uma recuperação, apesar de um cenário de aumento da taxa de juros”. Os papéis de Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) subiam 5,15% e 7,42%, respectivamente.
O analista da Top Gain comentou que a nossa Bolsa está segurando a alta apesar da fala do James Bullard, presidente do Fed de St Loius, que afirmou que o próximo aumento na taxa de juros deve ser de 0,50 ponto porcentual (pp) e na reunião de julho 1 pp”. “O mercado está apostando 0,50 pp para março após o resultado da inflação forte de hoje”.
Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos, comentou que a Bolsa avança sustentada pelas ações das commodities e recuperação das instituições financeiras. “O setor financeiro está passando por um ajuste de preços com a movimentação recente e com a alta da Selic [taxa básica de juros], os bancos ficam mais atrativos”.
Após o balanço do Bradesco, a economista-chefe da Reag Investimentos disse as perspectivas para o resultado Itaú no quarto trimestre de 2021, que será divulgado quando o mercado estiver fechado, são positivas. Ela prevê um lucro líquido de 6,3 bilhões no 4T21, avanço de 11% na comparação anual e visualiza crescimento na carteira de crédito. “O Itaú é um banco que se beneficia com o ciclo de alta d juros”.
Em relação à inflação nos Estados Unidos, Simone pontuou que o índice veio forte, mas “não enxerga mudança na conduta de política monetária do Fed”. Para a reunião de março, ela mantém o aumento de juros em 0,25 ponto porcentual (pp).
Dan Kawa, sócio da Tag Investimentos, disse em seu twitter que o núcleo da inflação ficou acima do esperado e mostra uma inflação alta, “disseminada e persistente. A situação é complicada para o Fed, que enfrenta um cenário desafiador à frente”.
O dólar comercial fechou em R$ 5,2400, com alta de 0,26%. A moeda oscilou durante toda a sessão, mas o aumento das apostas de que os juros nos Estados Unidos irão subir 0,5%, e não 0,25% como ainda projeta a maior parte dos analistas, deu força para a moeda norte-americana no final da sessão.
Segundo o chefe da mesa de câmbio do Terra Investimentos, Vanei Nagem, “com a divulgação do CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês), as apostas que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) aumente em 0,5% os juros reunião de março aumentaram”. O CPI subiu 0,6% em janeiro ante dezembro e teve alta de 7,5%, acima das expectativas do mercado de 0,4% e 7,2%, respectivamente.
“Estamos em um nível de dólar que daqui a pouco vai chegar no valor limite, que é por volta de R$ 5,00, pré-Covid. Todo este capital que está entrando é especulativo, e pode sair a qualquer momento”, alerta Nagem.
Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “o resultado veio bem acima do esperado. O mercado começa a apostar num ritmo de alta inicial mais forte ou um ciclo mais longo. Creio que o aumento será de 0,25%”. A próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) será em março.
Abdelmalack, no entanto, não acredita que o real vá sofrer neste primeiro momento: “Por mais que isso afete os emergentes, nosso patamar de juros já nos deixa preparados para este solavanco. Já está precificado no câmbio”, explica.
“O mercado busca entender como uma postura mais hawkish (agressiva, propensa ao aumento dos juros) pode afetar o fluxo estrangeiro no Brasil. A questão é: Até quando?”, questiona Abdelmalack, referindo-se ao intenso fluxo que tem ocorrido no país desde o começo do ano e sustentando o câmbio.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta após dados de inflação norte-americano e com a PEC dos Combustíveis em tramitação.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,350% de 12,245% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 11,840%, de 11,705%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,325%, de 10,540% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,300% de 10,390%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em forte queda, com o Nasdaq recuando 2,10%, após a divulgação do índice de preços ao consumidor do país (CPI, na sigla em inglês) registrar uma inflação acima das estimativas para janeiro, o que pressiona o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a agir na taxa de juros mais agressivamente.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices futuros de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -1,47%, 35.241,59 pontos
Nasdaq 100: -2,10%, 14.185,6 pontos
S&P 500: -1,81%, 4.504,08 pontos