Bolsa fecha em alta puxada por balanços e exterior; dolár cai

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Foto: Svilen Milev / freeimages.com

São Paulo- A Bolsa fechou em alta de mais de 1% em um dia de recuperação puxada por balanços corporativos, com destaque para o resultado do Bradesco, os dados positivos de emprego nos Estados Unidos, notícias específicas de ações ajudaram e um ambiente político mais tranquilo.

O principal índice da B3 subiu 1,36%, aos 104.824,23 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro avançou 1,33%, aos 105.460 pontos. O giro financeiro foi de R$ 31,2 bilhões. Na semana, o índice registra queda de 0,68%. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Cristiane Fensterseifer, analista da Empiricus, afirmou que o bom humor no mercado acionário está atrelado aos resultados positivos de empresas e algumas ações do índice favorecem o otimismo na sessão de hoje.

“O balanço do Bradesco apresentando o índice de cobertura acima de seus pares e sinalizações mais positivas por parte do presidente do banco que do Itaú; as ações do Magazine Luiza (MGLU3) recebendo recomendações de compra por parte algumas casas de análises e bancos de investimentos e a Petrorio (PRIO3) sendo a vencedora para negociar junto à Petrobras a aquisição dos campos de Albacoroa e Albacoroa Leste, na Bacia de Campos impulsionaram o Ibovespa”. Esse ambiente se une ao bom humor no exterior.

Os papéis de Magazine Luiza (MGLU3) subiram 12,27% e Petrorio (PRIO3) avançavam 17,87%.

Flávio Aragão, sócio da 051 Capital, comentou que o mercado está se recuperando das perdas da véspera, os balanços corporativos positivos e payroll acima do esperado favorecem o bom humor. “O mercado está em uma ressaca positiva após o estresse de ontem, sem ruídos políticos vindos de Brasília e um exterior confortável também contribuem para a alta de hoje”.

O analista reforçou que a “falta de notícia ruim faz o mercado subir” e não está avançando mais por conta dos papéis da Vale (VALE3), que têm forte peso no índice, e caíam 2,96% por conta do minério de ferro- fechou em baixa de quase 3%.

Em relação aos balanços, o sócio da 051 Capital afirmou que o mercado gostou do resultado do Bradesco-lucro líquido cresceu 58,5% no terceiro trimestre para R$ 6,65 bilhões- e veio parecido com o do Itaú. “A alta nas ações do Bradesco não é muito em função do resultado, mas devido à recuperação das perdas de ontem”. Na véspera, as ações dos bancos despencaram e na sessão de hoje têm alta expressiva.

O dólar comercial fechou em R$ 5,5220, com queda de 1,53%. Embora ainda existam especulações quanto à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, o mercado se mostrou mais confiante na manobra fiscal do governo e o real teve um movimento de recuperação.

Para o sócio da Levante, Enrico Cozzolino, “ao olhar para o fundamento da moeda, é uma correção na depreciação do real. No curto prazo, podemos ver uma valorização do real, principalmente com a perspectiva de aquecimento dos serviços neste final de ano”.
Cozzolino acredita que, caso não surjam novos ruídos, o pior já passou: “O mercado já precificou a tensão política e fiscal, e mesmo a questão da PEC parece encaminhada, mesmo em um governo que não sabe fazer política”.

“Estamos entendendo quais são os riscos, e estes riscos já estão nos preços. Estamos mais perto dos R$ 5,40 do que R$ 5,80, e ainda temos a perspectiva da entrada de capital estrangeiro”, projeta Cozzolino.

Segundo o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, “não houve nenhuma mudança estrutural no cenário, e as perspectivas para o Senado não são tão boas. O mercado está um show de horrores, pois a incerteza não termina”. O economista diz, ainda, que é melhor um “cenário terrível, do que um cenário que nunca termina”.

Em um ambiente menos turbulento, os dados positivos nos Estados Unidos surtiriam efeito contrário no câmbio: “Tecnicamente, o payroll deveria bater no real, mas isso não está acontecendo. O dólar se valoriza no mundo todo, mas no Brasil ocorre uma recuperação técnica da queda de ontem”, analisa Ortiz.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda devido a um repique técnico das últimas semanas, que foram bastante estressantes para o mercado.

Assim como o dólar, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 8,400% de 8,388% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 12,040%, de 12,095%; o DI para janeiro de 2025 ia a 12,120%, de 12,170% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,090% de 12,190%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo depois de dados melhores do que o esperado para o mercado de trabalho norte-americano.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,56%, 36.327,95 pontos
Nasdaq Composto: +0,20%, 15.971,6 pontos
S&P 500: +0,37%, 4.697,53 pontos