Bolsa fecha em alta no embalo da Petrobras e expectativa com Copom; dólar cai

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta, acima dos 120 mil pontos, no embalo das ações da Petrobras após as recomendações de grandes bancos de investimentos e com o mercado no aguardo par a decisão de política monetária do Banco Central (BC). O Ibovespa descolou do mercado externo.

É praticamente unânime no mercado que o colegiado decida em manter a taxa básica de juros (Selic) nos atuais 13,75% ao ano(aa), mas as atenções se voltam o comunicado, se vai ter alguma indicação de queda nos juros para as próximas reuniões.

No cenário doméstico, os investidores acompanharam a aprovação do arcabouço fiscal na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, sofreu alterações. Agora vai ao plenário da Casa.

Mais cedo, os investidores acompanharam a participação do presidente do Fed, Jerome, na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, em que confirmou que praticamente todos os integrantes do Fed acreditam em mais aumentos de juros até o fim do ano

Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 3,99% e 4,18% e refletem a recomendação do banco norte-americano Goldman Sachs pela compra das ações. As ações da Vale (VALE3) e siderúrgicas caíram em mais uma sessão. Vale (VALE3) recuou de 1,00%.

O principal índice da B3 subiu 0,66%, aos 120.420,75 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 0,54%, aos 122.660 pontos. O giro financeiro era de R$ 27,6 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed, disse que o Ibovespa sobe impulsionado “por papéis de forte peso como Petrobras devido às recomendações recentes de grandes bancos de investimentos, Goldman Sachs e JP Morgan para a compra dos papéis”.

Petrobras comentou que a queda da Embraer (EMBR3), de 7,37%, “ainda segue o movimento da véspera reagindo ao relatório do Citi de ontem”.

Em relação ao Copom, Roberto Simioni, economista-chefe da Blue3Investimetnos, disse que é consenso para esta reunião que não haja alteração na taxa de juro, ” uma vez que na semana que vem ocorrerá uma reunião muito mais estratégica, que é a do CMN, cuja pauta é a definição da meta de inflação para 2026, com a possibilidade de também se rever para cima as metas de inflação já fixadas em anos anteriores, para a meta inflacionária de 2024 e 2025, além da possibilidade de ser discutida a proposta de alteração do atual modelo de ano-calendário para um modelo de meta constante no tempo”.

Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a Bolsa opera com instabilidade em dia de Copom, refletindo um pouco as falas mais dura do Jerome Powell e questão técnica.

“Temos uma incerteza geral com o mercado aguardando uma sinalização, juntamos uma questão fundamentalista com a técnica, o Ibovespa vem de nove semanas de alta e três dias batendo um patamar e voltando, com sinalização que tem um topo de 120 mil pontos, talvez a Bolsa esteja procurando um ponto para corrigir e ganhar fôlego e daí ganhar tração”.

O operador de renda variável da Manchester Investimentos disse que as atenções ficam para o Copom.

“É amplamente aguardado a manutenção, mas espera a mudança do tom do comunicado preparando uma possível queda; o mercado aguarda sinalizações mais leve de Campos Neto, que recentemente têm sido mais duras, mas é uma incógnita. O arcabouço foi aprovado no CAE, vamos ver se vai ser necessário voltar à Câmara”.

Em relação às ações, o operador de renda variável da Manchester Investimentos afirmou que ” o setor financeiro tem tentado segurar o Ibovespa próximo da estabilidade; materiais básicos pressionado pela mineração e siderurgia; proteínas e consumo têm queda”.

Gabriel Meira, economista da Valor Investimentos, disse que as falas do Powell estão “afetando principalmente lá fora, ele reforçou que os dirigentes [do Fed] consideram elevar os juros, mais uma ou duas altas até m fim do ano, a taxa deve encerrar em torno de 5,50%, meta de inflação aumentando, isso vai impactar o globo como um todo”.

O dólar comercial fechou a R$ 4,768 para venda, com desvalorização de 0,60%. Às 17h05min, o dólar futuro para julho tinha baixa de 0,53% a R$ 4.774,000. Esperando a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), a partir das 18h30, o mercado reagiu ao discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, mas a aprovação do arcabouço fiscal na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e o fluxo forte de estrangeiro asseguraram a pressão sobre a moeda americana.

Em relação ao futuro da Selic, a expectativa é de manutenção do patamar de 13,75% ao ano. Os investidores ficam na expectativa de um tom mais brando por parte da autoridade monetária, com sinalização de queda dos juros em agosto.

Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest, disse que o dólar começou a manhã em alta por conta de falas de dirigentes do Fed “afirmando a necessidade de novas altas de juros nos EUA, depois da pausa feita em junho. Depois reverteu possivelmente com a aprovação do arcabouço fiscal no Senado. Apesar que voltará para discussão na Câmara, a sinalização é positiva. Por fim há um clima de cautela à espera do Copom”.

Para Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, “o fluxo de investimento estrangeiro no Ibovespa acaba favorecendo esse movimento do dólar”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham mistas, como passaram a operar na segunda metade do pregão. No território positivo, as taxas longas refletem o otimismo do mercado brasileiro com o arcabouço fiscal no Senado e alta probabilidade de que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha a Selic no mesmo patamar, iniciando, então, um ciclo de cortes. Por outro lado, as taxas mais curtas mostram a cautela que o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, inspirou no mercado quando disse, hoje, que deve haver aumento de juros nos Estados Unidos ainda esse ano.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,010% de 13,000 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,115 % de 11,095%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,530 %, de 10,525 %, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,530 % de 10,555 % na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda, enquanto Wall Street avalia os últimos comentários do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, sobre a inflação.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,30%, 33.951,52 pontos
Nasdaq Composto: -1,21%, 13.502,2 pontos
S&P 500: -0,52%, 4.365,69 pontos

 

Com Dylan Della Pasqua e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA