Bolsa fecha em alta impulsionada por commodities e descola do exterior; dólar cai

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Foto: Wagner Magni / freeimages.com

São Paulo- A Bolsa fechou em alta de 2,13% em um dia de recuperação, após dois pregões em queda, e o tom positivo foi dado pelas empresas ligadas às commodities-setores de siderurgia e mineração e o petróleo.

O Ibovespa descolou das bolsas em Wall Street. As ações da Americanas SA (AMER3) foram novamente destaque de alta, subiram 15,91%.

O petróleo subiu após o ministro de Energia da Arábia Saudita dizer que pode ter redução na produção da commodity para corrigir a queda recente dos preços e o minério subiu no mercado internacional em meio a incentivos a pequenas empresas dos setores tecnológicos, de energia verde e setor imobiliário.

Outro ponto favorável é o capital estrangeiro ingressando na B3 e se posicionando em ações como Petrobras (PETR3 e PETR4) e Vale (VALE3) -subiram respectivamente 3,76% e 3,17%; 6,41%

O principal índice da B3 subiu 2,13%, aos 112.857,10 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançava 2,06%, aos 114.695 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23,1 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.

Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital Investimentos, disse que a valorização da Bolsa é atribuída às commodities. “Chama atenção hoje o petróleo fechando em alta devido ao risco de cair a oferta com a declaração do ministro de Energia da Arábia Saudita e acabou puxando o índice pra cima”.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da BRA, afirmou o Ibovespa retomou o sinal positivo beneficiado pelo avanço das commodities. “As ações ligadas à mineração e siderurgia ganharam força com a alta do minério de ferro e os papéis da Petrobras subiram com a elevação do petróleo, influenciado pela fala do ministro da Arábia Saudita”.

Mauricio Machado, head de renda variável da Speed Invest, disse que as commodities dão o tom positivo à Bolsa.

“O petróleo subiu bastante hoje com a notícia de uma diminuição na produção da commodity, o que gera uma certa escassez e preço sobe mais refletindo na Petrobras-as ações têm puxado muito o mês inteiro; as mineradoras tinham caído recentemente e hoje deu um alívio com a valorização do minério”.

O head de renda variável da Speed Invest, disse que o juro nos Estados Unidos é assunto há alguns meses e apesar dos investidores ficarem com as atenções voltadas para a fala de Powell, ele já deixou claro que se precisar subir juros para conter a inflação vai fazer, mas “a gente segue com aumento de 0,50 ponto porcentual para a próxima reunião, a não ser que saia um dado muito acima do esperado”.

Machado comentou que o que está gerando um pouco de ruído é a notícia sobre a morte da filha do guru de Vladimir Putin, Darya Dugina, no fim de semana, e como esta semana vai ter o evento de comemoração da independência da Ucrânia “muitos têm medo de que possa ter um atentado por lá como retaliação por conta da morte da russa, apesar de não ter sido provado a participação da Ucrânia. Se isso acontecer pode ter uma escalada na guerra e ficar mais complicada a situação”.

O dólar fechou em queda de 1,25%, cotado a R$ 5,0990 para venda. em meio a recuperação das commodities. Ontem, o príncipe Abdulaziz bin Salman, ministro da Energia da Arábia Saudita, disse que, caso os preços do petróleo continuem a cair, o país irá negociar novos cortes de produção entre os países da Opep+ para atingir um preço correto e apropriado.

Segundo Rafael Passos, economista da Ajax Capital, é justamente isso que tem fortalecido a moeda brasileira: “Os comentários sugerem que a Arábia Saudita está descontente com a última queda nos preços do petróleo, o que manteve recuperação das commodities no mercado futuro”, disse.

Segundo a Laatus, em relatório, os dados de PMI nos EUA mostram desaceleração na economia americana. “Importante que dados ruins podem sugerir que o FOMC pode ser um pouco mais “tranquilo”, afirmou a casa. O PMI que mede apenas a produção do setor industrial regrediu para 49,3 pontos em agosto, de 49,5 pontos em julho. Números acima de 50 pontos sugerem expansão da atividade, enquanto valores menores sugerem contração.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em forte queda, após PMI nos Estados Unidos.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,720% de 13,730% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,080%, de 13,155%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,890%, de 12,090% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,605% de 11,835%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo negativo, com o Dow Jones e o S&P caindo pelo terceiro dia consecutivo, seguindo uma leva de dados econômicos negativos e os investidores atentos aos próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,47%, 32.909,59 pontos
Nasdaq 100: -0,002%, 12.381,3 pontos
S&P 500: -0,22%, 4.128,73 pontos

 

Com Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA