Bolsa fecha em alta impulsionada por bancos, Vale e Petrobras; dólar encerra a R$ 4,874

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta, a quarta do mês, retomou os 117 mil pontos, com a notícia de que o governo pode mudar a tributação de Juros Sobre Capital Próprio (JCP) ao invés de acabar com o mecanismo, o que impulsionou a alta dos bancos.

Somado a isso, o exterior positivo, a valorização da Vale com as medidas da China de redução dos impostos para negociar as ações e Petrobras (PETR 3 e PETR4) ajudaram o índice.

Mais cedo, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse no evento da Warren, que está de olho nos preços de serviços e observa uma aceleração lenta da inflação. A Vale (VALE3) avançou 1,43%, Petrobras (PETR3 e PETR4) subiu 1,02% e 1,12%, os bancos subiam em bloco. No campo negativo, as empresas ligadas ao setor de consumo caíram, como Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), Via (VIIA3) e Meliuz (CASH3).

Segundo Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital, “o IPCA acima do projetado pelos economistas (0,28% de alta) fez com que ações do setor de varejo, sensível aos juros, realizassem expressivas quedas, tanto na sexta quanto nesta segunda. Além disso, são papéis que sentem hoje a alta dos juros futuros no dia de hoje”.

O principal índice da B3 subiu 1,10%, aos 117.120,98 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançou 1,18%, aos 119.070 pontos. O giro financeiro foi de R$ 17,4 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.

Um analista de uma grande corretora disse que a disparada da Bolsa no final dos negócios pode ser atribuída “à possibilidade de o governo mudar a forma de tributar os Juros Sobre Capital Próprio (JCP) ao invés de pôr fim nesse mecanismo, a medida favorece os bancos”.

Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, disse que as falas de Campos Neto trazem um certo “alívio” na cena doméstica, setor de bancos avançando forte e a notícia de que o governo pode mudar a tributação do JCP ajuda, mercado também acompanha o cenário externo em meio aos novos estímulos anunciados pelo governo chinês. Papéis de commodities, em especial Vale e Petro seguem firmes na alta”.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, disse que o ambiente é mais positivo para a tomada de risco com aas medidas da China e foco nos indicadores aqui e lá. “O fato de a China trazer um corte de imposto para a compra de ações, após os rumores de incentivarem os fundos a não venderem ações, acaba incentivando as exportadoras, mercado fica de olho no externo com a divulgação do payroll e segunda leitura do PIB americano esta semana, no Brasil também tem uma série de indicadores como Pnad e PIB”.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável, disse que o mercado fica atento ao exterior na semana com indicadores relevantes, reforma ministerial aqui e a China ajuda a Vale.

“A rodada de estímulos na China faz a Vale subir e está sustentando o Ibovespa, mas as commodities metálicas não avançam; por aqui o mercado está apreensivo com a reforma ministerial e vai ficar em alerta e enquanto ela não sair e pressiona os preços; vale destacar o fluxo negativo da Bolsa, até a última quinta-feira teve uma saída de quase R$ 13 bilhões e acaba justificando a performance da Bolsa no mês de agosto; lá fora temos a divulgação do deflator PCE e payroll, na quinta e sexta respectivamente, dados importantes para o Fed, principalmente após Jackson Hole em que o Powell disse que vai acompanhar os indicadores para tomar decisões”

Ricardo Leite, head de renda variável, disse que a Bolsa sobe “com o bom humor externo e após a aprovação do arcabouço fiscal aqui ajuda o Ibovespa, que teve praticamente um mês de queda”.

Um outro analista de um grande banco disse a Bolsa segue o exterior e “Vale, Petrobras e Itaú, ações que mais pesam no índice, favorecem o movimento positivo; o mercado está de olho na reforma ministerial e avanço das pautas econômicas”.

O dólar comercial fechou estável, cotado a R$ 4,8748. A moeda refletiu, ao longo da sessão, certa apreensão com os indicadores globais que serão divulgados e podem dar mais indícios de quais serão os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

O sócio da Pronto! Invest, Vanei Nagem, também mencionou fatores internos: “Aqui temos pressão política e dúvidas na reforma [ministerial] e, lá fora, os juros pesam um pouco, é o mercado com viés de risco”.

“A semana é mais nervosa, repleta de indicadores lá fora. O movimento, hoje, é de correção, na expectativa com os juros do Fed”, explicou.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham de lado, depois de operarem durante boa parte do pregão em alta, e diminuem o ritmo depois da fala do presidente do BC Roberto Campos Neto em evento à tarde, que acalmou o mercado. No exterior, os ativos operam com volatilidade, refletindo temor de recessão e aperto do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,400 % de 12,410 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,525% de 10,520%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,075 %, de 10,065%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,205% de 10,230 % na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, ganhando força na tarde de hoje, com Wall Street recuperando terreno após um agosto que ruma para perdas.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,62%, 34.559,98 pontos
Nasdaq 100: +0,84%, 13.705,1 pontos
S&P 500: +0,62%, 4.433,31 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA