Bolsa fecha em alta em dia de alívio e carta de Lula se comprometendo com o fiscal anima mercado; dólar cai

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta em dia de alívio, após três dias de quedas, com foco nas eleições. Uma carta divulgada ao mercado pelo ex-presidente Luiz Inácio da Lula, a três dias do pleito, e minutos antes do fechamento, causou euforia entre os investidores. No documento, Lula se compromete com responsabilidade fiscal e social.

Os papéis do setor de educação avançaram fortemente refletindo uma possível vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a volta do Fies. Yduqs (YDUQ3) liderou a alta no índice a 11,13%, a R$ 14,87. As ações do setor bancário se recuperaram das perdas da véspera e as estatais tiveram melhor desempenho.

A Vale (VALE3), ação de maior peso no índice, caiu 3,56%, a R$ 70,99 O recuo dessas ações é atrelado aos efeitos do terceiro mandato de Xi Jinping e a contração do minério de ferro. Os investidores esperam pela divulgação do resultado da mineradora após o fechamento do mercado.

O principal índice da B3 subiu 1,66%, aos 114.640,76 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro avançou 0,26%, aos 115.565 pontos. O giro financeiro foi de R$ 31,9 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Idean Alves, sócio e chefe de mesa de operações da Ação Brasil, disse que a Bolsa busca novamente o patamar dos 114 mil pontos “puxada pelas ações Petrobras e Banco do Brasil, que surfam retomada das empresas estatais”.

Alves comentou que o setor varejista “tem um rali de alta com a recuperação da véspera e expectativa de corte da Selic muito em breve”. Magazine Luiza (MGLU) subia 7,92%, a R$ 4,22.

Felipe Moura, sócio e gestor da Finacap, disse que as eleições continuam fazendo preço, a melhora da Petrobras é um movimento errático e os bancos se recuperam após a derrocada da véspera com o balanço do Santander.

“O mercado está muito sensível a qualquer desdobramento em relação às eleições e está totalmente aberto tanto para alta como baixa. De hoje até amanhã, teria de acontecer alguma coisa grande para mudar o humor, por exemplo, se o Lula anunciasse o ministro da Fazenda para um eventual governo seu, que acho improvável; isso seria uma variável que pesaria muito, principalmente se o nome fosse alinhado ao mercado”.

Moura também disse que as pesquisas de intenção de voto também continuam no foco dos investidores e o mercado não vai dar muito peso para a agenda microeconômica nesses dias que antecedem o pleito.

Nicolas Farto, especialista de renda variável da Renova Invest, disse que a Bolsa está sendo favorecida por Petrobras e bancos, apesar da queda Vale.

“Algumas estatais ficaram bem baratas após fortes quedas e, com a reação do petróleo no mercado internacional, ajuda o investidor a comprar Petrobras; além disso o alívio com as quedas em cima dos bancos e desvalorização do Banco do Brasil com a pauta eleitoral, que fica em um nível de preço que chama atenção para quem quer comprar, também beneficia o Ibovespa; a expectativa é de um balanço bom para o BB”.

Farto acrescentou que o ambiente lá fora também é favorável. “O PIB americano acima do esperado- subiu 2,6% no 3T22 na taxa anualizada-tira um pouco da expectativa de recessão, mas em alguma medida deve pressionar a curva de juros; o investidor lá fora fica mais focado na temporada de balanços”.

O dólar comercial fechou em queda de 1,48%, cotado a R$ 5,3020. O real operou em movimento de correção, após sucessivas quedas, e foi beneficiado pelo discurso mais brando da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, em meio ao turbulento clima eleitoral brasileiro.

“É um movimento de ajustes, os últimos dias foram muito pesados. Outras emergentes, porém, também estão se beneficiando, já que o discurso da Lagarde pode ser considerado dovish (suave), mesmo com o aumento dos juros em 0,75 ponto percentual (pp)”, diz o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, que entende que os investidores estão adotando uma posição defensiva à espera do pleito eleitoral.

Para o sócio da Nexgen Capital Felipe Izac, “hoje não existe nenhuma justificativa para o real subir. É mais um movimento de realização, correção, com o mercado se acomodando, que está de olho na situação política. A volatilidade deve ser forte entre hoje amanhã”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda nesta quinta-feira (27), em dia de ajuste de posição após as altas dos últimos dias.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,672% de 13,682% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,960%, de 12,985%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,835%, de 11,920% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,665% de 11,805%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, depois que novos dados mostraram que o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre cresceu mais rápido do que o esperado e sinaliza uma queda da inflação, incentivando os investidores a comprar ações ligadas à saúde da economia.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,61%, 32.033,28 pontos
Nasdaq Composto: -1,63%, 10.793 pontos
S&P 500: -0,60%, 3.807,30 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA