Bolsa fecha em alta e dólar registra queda no aguardo da inflação norte-americana

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São Paulo -A Bolsa fechou em alta, acima dos 113 mil pontos, mas no interdiário chegou a atingir a marca dos 114 mil pontos, em um dia de apetite ao risco global com os investidores na expectativa de que a inflação no Estados Unidos (CPI, sigla em inglês) desacelere, a uma semana da decisão de política monetária norte-americana.

As ações de Magazine Luiza (MGLU3) foram destaque de alta, ativo sensível a juros, mas apesar dos contratos futuros apontarem ganho, os papéis avançaram 9,13%. “É natural a recuperação com o arrefecimento das pressões inflacionárias e comportamento da curva de juros recente; o papel chegou a cair do topo do ano passado para a mínima deste ano 93%”, disse Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed.

Petrokas disse que o dia está positivo para os ativos de risco aqui e no exterior e para as commodities metálicas, agrícolas e petróleo. “O mercado aguarda o CPI para amanhã e os destaques na Bolsa ficam para as ações de tecnologia e consumo cíclico- ainda que hoje os juros não estejam trabalhando em queda”.

O principal índice da B3 subiu 0,98%, aos 113.406,55 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançou 0,95%, aos 114.650 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22,4bilhões. Em NY, as bolsas subiram.

Romero Oliveira, head de renda variável da Valor Investimentos, disse que a agenda econômica está vazia e o foco do mercado daqui para frente “é para a questão eleitoral com ajuste de posição dos investidores. Fica difícil de projetar um cenário, mas existe uma aproximação de Lula [ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva] com Bolsonaro [presidente Jair Bolsonaro] e segundo turno está dando vitória para Lula”.

O head de renda variável da Valor Investimentos comentou que um estudo da XP Investimentos sobre a relação eleições e Ibovespa de 2022 para cá identificou que no período de três, seis e 12 meses antes do sufrágio, a Bolsa tendia a ficar de lado, “mas depois do resultado o mercado tende caminhar independente de quem ganhe as eleições. Pelo patamar de valuation de Bolsa, com o PL [Preço/Lucro] baixo, tem espaço para essa Bolsa andar bem.”

Oliveira também destacou que o banco Itaú BBA soltou um relatório importante revendo todas as projeções para este ano. “Estimativa de crescimento do PIB para 2,5% e redução de perspectiva de inflação em torno de 6% e desemprego em torno de 9%”. Hoje também o Boletim Focus também veio melhor.

O head de renda variável da Valor Investimentos afirmou que o mercado está à espera dos dados de inflação amanhã nos Estados Unidos “para ver como os diretores do banco central norte-americano vão ajustar o discurso daqui para a frente”.

O dólar fechou em queda de 0,97%, cotado a R$ 5,0970. A moeda norte-americana foi impactada pelas expectativas com a inflação dos Estados Unidos, que será divulgada nesta terça, o que reforçou o clima de maior apetite global ao risco.

Para o sócio fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “a expectativa é que o dólar, amanhã, caia ainda mais, chegando no patamar de R$ 5,05”.

De acordo com o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “o câmbio está dando sequência ao final da semana passada, com o real em linhas com os emergentes, em um movimento de correção. O cenário continua sendo de dólar acima dos R$ 5,00, até o final do ano”.

“O CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) pode confirmar que a inflação nos Estados Unidos já atingiu o pico, mas também mostrar certa resiliência do núcleo, para convergir à meta de inflação”, explica Rostagno.

Nagem entende que “o mercado dos Estados Unidos deu uma clareada, existe expectativa de menor pressão na inflação. Também há a chance que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) aumente os juros em 0,5 ponto percentual (pp), e isso deve acelerar ainda mais a queda do dólar”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta. O clima de menor aversão global ao risco foi potencializado pela expectativa com a divulgação da inflação nos Estados Unidos, que ocorre amanhã.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,740% de 13,725% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,995%, de 12,935%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,725%, de 11,935% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,320% de 11,295%, na mesma comparação.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam em alta no pregão, à medida que Wall Street ficou mais otimista de que a inflação possa ter atingido seu pico antes da divulgação do índices de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) amanhã cedo. Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices futuros de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,71%, 32.381,34 pontos
Nasdaq 100: +1,27%, 12.266,4 pontos
S&P 500: +1,05%, 4.110,41 pontos

 

Com Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência CMA